O Mercado Livre firmou uma parceria com os Correios para a entrega de encomendas compradas no site e espera que o novo sistema diminua a desistência de compras devido a questões logísticas. Antes da integração, cada um dos cinco milhões de vendedores dentro do site coordenava individualmente o transporte dos produtos comprados no ambiente online. Com o serviço, consumidores que comprarem pelo site podem fazer a escolha do tipo de entrega no ato da transação e, assim, saber o valor exato do frete a partir do número do próprio CEP.
A companhia não revela o percentual de compras que deixaram de ser efetuadas pela falta de um sistema que contemplasse a logística de entrega, mas afirma que o novo serviço deve impactar positivamente no faturamento. “Um bom parâmetro que ilustra o quão problemático é o transporte está na seção perguntas e respostas do nosso site: mais da metade dos questionamentos são relacionados a frete”, exemplifica Helisson Lemos, diretor geral de Mercado Livre no Brasil.
De acordo com Stelleo Tolda, vice-presidente de operações da empresa, o crescimento do e-commerce tornou a questão uma prioridade dentro do Mercado Livre. Dados da ComScore apresentados pela empresa mostram que ela é responsável por 55% das compras online na América Latina. De origem argentina, a companhia tem operações em 13 países, incluindo Portugal, e reportou receita líquida de US$ 97,3 milhões no terceiro trimestre de 2012. “O nosso ponto de fricção era o transporte. Temos que estar prontos para o crescimento do comércio eletrônico”, diz.
Para os Correios, o novo serviço é uma forma de aproveitar o crescimento do comércio eletrônico ante a queda no envio de correspondências menores, como cartas. “Apostamos muito no e-commerce. Sempre acharam que a internet faria com que fechássemos as portas, mas o que vemos é uma alta em encomendas entregues pelos Correios devido às compras online”, afirma José Furian Filho, vice-presidente de negócios da empresa. Segundo ele, o crescimento do e-commerce a 30% ao ano afeta os negócios da companhia, que vem desenvolvendo produtos voltados para atender esse mercado.
A parceria com o Mercado Livre será uma forma de ter acesso a informações sobre o setor e poderá ser útil para a empresa desenvolver novos produtos. “Os Correios vêm se organizando para oferecer serviços que atendam a essa demanda. Não tínhamos informações sobre tal mercado, mas, com a parceria, teremos como desenhar solução que atenda o segmento diretamente”, indica. O Mercado Livre não revela quanto investiu na solução. Desde 2010, a companhia empenhou 7% da sua receita bruta em pesquisa e desenvolvimento, que resultou na implementação do novo serviço.