A receita publicitária investida pelos anunciantes do nosso mercado em 2021 no Brasil ainda não supera os patamares pré-pandemia.
Esta, felizmente, embora ainda não tenha terminado, segundo todos os dados oficiais que diariamente tomamos conhecimento através da mídia, já não mais atinge a população brasileira nas mesmas proporções do passado recente.
Fica claro, porém, de acordo com dados divulgados pelas entidades de classe da comunicação publicitária, que, ao contrário dos otimistas de plantão, ainda não alcançamos o crescimento que o mercado experimentou nos meses que antecederam o início da pandemia, ocasião em que todo o mercado publicitário brasileiro comemorava que, muito provavelmente, para a grande maioria dos seus players, 2020 seria fechado como um dos melhores anos de todos os tempos.
Alguns agentes mais otimistas e baseados no crescimento que já ocorria chegaram, não sem razão, a julgar que poderia ser inclusive o melhor ano de todos até aqui.
A pandemia, com suas consequências terríveis sobre a população brasileira, provocou uma retração geral do consumo e dos desejos de realizações dessa figura mais importante que todas as demais, que é o chamado consumidor.
Além de milhares de mortes em todo o país, a Covid-19 provocou o afastamento da vida normal de milhões de outros consumidores atingidos pela doença e impossibilitados de participar das atividades de consumo de cada cidadão brasileiro, dentro das suas possibilidades, é claro, mas sempre procurando consumir para si e para a sua família, cumprindo o desejo felizmente da grande maioria do nosso povo de sempre perseguir a melhoria das suas condições de vida, extensivas a sua família.
Além de atingir as pessoas físicas, a tragédia acabou atingindo os meios de comunicação, grandes auxiliares da divulgação publicitária e sem os quais não seria o país que atingimos ser no ranking da publicidade mundial.
Não falamos aqui apenas do montante de verba até então investida pelos anunciantes que atuam no mercado do nosso país, mas também e principalmente da qualidade criativa da nossa publicidade e do progresso alcançado pelos meios de divulgação, sofrendo este último um grande abalo, que obrigou muitas empresas do setor a refrear e/ou adiar seus investimentos na melhoria de cada meio de comunicação.
Há, inclusive, quem afirme que a mudança verificada no formato do sempre famoso Estadão deveu-se muito mais à pandemia, do que apenas o desejo dos seus dirigentes de apresentar uma significativa diferença em relação aos seus concorrentes mais diretos, além da melhoria de qualidade gráfica e informativa jornalística, sempre presente e reconhecida pelos seus leitores.
Outro gigante da nossa comunicação, que por isso mesmo sempre se transformou em presença obrigatória das grandes campanhas de lançamento ou manutenção publicitária, foi e está sendo a Rede Globo, com transformações que podem até fazerem crescer os resultados obtidos pela emissora, mas cujo objetivo principal não era este o mais importante em tempos de paz.
Como exemplo disso, citamos a desistência da Globo em transmitir a Fórmula-1, sempre uma propriedade de transmissão exclusiva da poderosa emissora.
Não podemos negar que o fato surpreendeu a população brasileira, que, até mesmo nos dias dos treinos e da própria prova, estranhou a ausência da Globo este ano no seu casamento com a famosa competição.
Neste exemplo de tantos outros em particular, a Band desempenhou de forma extremamente profissional o seu compromisso, mas para os analistas que vão além do seu gosto pela corrida automobilística restou também a sensação e, pela primeira vez nessa história, da impossibilidade de a Globo prosseguir sem quebra com essa transmissão.
Sinal dos tempos, que esperamos, como veículo de comunicação que também somos e agravados em responsabilidade pelo fato de a grande maioria dos nossos leitores pertencer de alguma forma ao imenso mercado da comunicação publicitária, estarmos voltando (todos) ao que éramos antes da amaldiçoada pandemia.
O mercado brasileiro tem uma capacidade de recuperação superior à grande maioria dos demais países e é nisso que temos de acreditar.
***
BLACK FRIDAY
Matéria de capa desta edição mostra as perspectivas do mercado para a Black Friday 2021. Mesmo diante de um clima pouco convidativo, com inflação galopante e falta de perspectiva de melhora do cenário econômico, indústria e comércio (físico e online) mantêm o otimismo para a recuperação das vendas.
Como indústria motivacional das demais indústrias, o marketing, com sua principal ferramenta estratégica, a publicidade, não vende negativismo. Ocupa seus espaços nos canais de mídia e de ações promocionais para fomentar o consumo nas datas mais convidativas. O crescimento de 2,3% no Dia das Crianças, em relação a outubro de 2020, é um indicador de que a presença nos checkouts pode ser incrementada na Brack Friday do dia 26 de novembro e ser prenúncio de um Natal mais gordo para toda a cadeia produtiva do país.
***
CANNES LIONS PRESENCIAL
Após dois anos de evento adaptado por conta da pandemia, o Festival de Cannes volta a ser presencial. O anúncio foi feito na semana passada e o evento será realizado entre os dias 20 e 24 de junho de 2022. O retorno à Riviera Francesa foi uma grata surpresa para a maioria dos publicitários brasileiros consultados pelo PROPMARK, que aprovaram a decisão da organização de optar por um modelo híbrido. A programação remota será mantida a fim de ampliar o alcance do conteúdo.
“O conteúdo disponibilizado digitalmente (nos últimos dois anos) foi da qualidade de sempre, mas falta o networking, a troca de opiniões, a vivência por todos os cinco sentidos que só a participação presencial proporciona”, afirma Alexis Thuller Pagliarini, presidente-executivo da Ampro.