Um dos jogadores mais premiados da história do futebol mundial, com mais de 40 títulos no currículo, o lateral direito Daniel Alves foi apresentado oficialmente no São Paulo F.C na última terça-feira (06), no estádio do Morumbi, sob holofotes, fogos e a presença de ídolos como Raí, Luis Fabiano e Kaká.

Em meio a uma torcida de mais de 40 mil pessoas, ele, que defendeu o PSG nos últimos dois anos, fez história majoritariamente no futebol espanhol, no Barcelona, onde passou maior parte da sua carreira (uma década). Aos 36 anos, e agora, de volta ao Brasil, há quem pudesse imaginar que o atleta seria apenas mais um caso de jogador que retorna ao seu país para encerrar a carreira, e de quebra, alavancar um pouco de visibilidade para o clube que vai recebê-lo.

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Mas o título de melhor jogador da Copa América neste ano é apenas um dos indicadores de que Alves tem muito mais a oferecer ao São Paulo e a seus patrocinadores – e não apenas dentro das quatro linhas do campo.  “Com a chegada do jogador, o nome do São Paulo está sendo falado no mundo inteiro. No Brasil, a TV Globo sabe que um atleta de peso como ele vai dar mais audiência, ou seja, é muito provável que o clube tenha mais exposição nos próximos anos, e consequentemente, mais retorno midiático para os patrocinadores, sem contar a possibilidade de novos contratos comerciais por causa disso”, avalia Rafael Plastina, CEO da consultoria de dados Sport Track.

Segundo o especialista em marketing esportivo, a contratação e toda a estratégia por trás da chegada de Daniel Alves revelam a evolução da gestão dos clubes, bem como de seus investimentos no marketing. Desde o anúncio oficial no último dia 1 de agosto, tanto clube quanto os principais patrocinadores, como Adidas e banco Inter, têm se organizado para oferecer conteúdos e ações promocionais para os torcedores.

Tanto que na noite da apresentação, a Adidas já disponibilizava pop-ups stores no estádio para a comercialização da camisa 10 de Daniel Alves. Nas redes sociais, uma promoção do banco Inter levou 100 torcedores para acompanhar de camarote a chegada do ídolo. Um dia antes, no aeroporto de Congonhas, a chegada de Daniel Alves foi registrada e compartilhada nos canais sociais do clube. Não à toa, horas antes da apresentação do atleta, a hashtag #SPFCBancoInter já era o assunto mais comentado do Twitter.

Para Plastina, a visibilidade é atrativa para o clube, principalmente, porque pode ser convertida em negócios. Patrocinador máster do time, o Banco Inter, por exemplo, repassa ao clube 50% do resultado das transações realizadas pelos clientes são paulinos no Cartão Morumbi nas funções débito e crédito. Atualmente, essa base é de 230 mil unidades do cartão, mas o número poderá crescer rapidamente nos próximos meses.

“A chegada do Daniel Alves melhora o humor do torcedor, o deixa mais receptivo para a mensagem dos patrocinadores. A marca não impacta o consumidor apenas por meio do intervalo comercial. Hoje o torcedor já entende o papel do patrocinador e o incentiva, sabe que que esse apoio traz mais qualidade técnica para seu time”, explica Plastina.

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Priscila Salles, diretora de marketing e CRM do Banco Inter, reforça a relevância do patrocínio ao clube, mas destaca que ele vai muito além da marca na camisa. “Ele é pensado para engajar a torcida, realizando ações que valorizem a sua paixão”. Com contrato com o clube até 2020, o banco deve aproveitar da popularidade de Alves para fomentar seus negócios. Em comparação com 2018, por exemplo, o número de correntistas aumentou 243%, totalizando 2,5 milhões de clientes.

Para Plastina, todos esses números devem ser monitorados pelo São Paulo. A ideia é entender quais ativações e projetos têm surtido maior efeito, e assim, ter maior poder de negociação com novos parceiros. “Na hora de decidir a renovação dos direitos de transmissão de jogos na TV, por exemplo, o clube vai ter maior atração. Quando o clube começar a fazer essa mensuração fica mais fácil também de convencer investidores, até para alocar mais jogadores desse nível. Esse movimento dos grandes clubes vai puxar a fila de uma melhor gestão do futebol e o resto vem em consequência”, finaliza.