Dos poetas Augusto dos Anjos, Cecília Meireles e Manuel Bandeira ao escritor Lima Barreto, passando pelo pintor Di Cavalcanti, foram muitos os ilustres colaboradores da Revista Souza Cruz. O título, focado em cultura e comportamento, circulou no país entre 1916 e 1935, com periodicidade inicial mensal e, depois, bimestral. Chegou a ter 70 mil assinantes.
Agora, com patrocínio da própria Souza Cruz, por meio do uso da Lei Rouanet, a Debê Produções, produtora fundada em 2004 no Rio de Janeiro por Marcio Debellian, lança uma antologia que contém quase a totalidade do acervo da revista – das 211 edições, apenas 13 não foram encontradas. A obra, organizada por Debellian, foi dividida em capítulos temáticos: poesia, publicidade, crônicas, galeria (artes visuais), literatura, mulher (com questões do universo feminino) e a edição “1”, que traz um panorama da tradição dos periódicos de cultura do país e a contribuição da Revista Souza Cruz nesse contexto.
Também foram convidados profissionais para apresentar os diversos fascículos. Em “Publicidade”, por exemplo, o texto de apresentação é de J. Roberto Whitaker Pentado, presidente da ESPM, que destaca o fato da companhia ter encarado sua missão midiática com a maior seriedade, ao abrir suas páginas para os grandes anunciantes da época, ao invés de ficar publicando uma sucessão de mensagens promocionais de seus próprios produtos.
Segundo Debellian, a ideia surgiu em 2011, quando produzia outra antologia, “Liberdade até agora”, série de contos com autores clássicos e contemporâneos. “Foi daí que me deparei com um conto do Lima Barreto onde estava a informação de que aquele texto havia sido publicado na Revista Souza Cruz. Eu, que já tenho a companhia como cliente há alguns anos, desconhecia o título e fui atrás”, diz.
Em relação aos temas, ele diz que eram os mais recorrentes e também os assuntos mais interessantes. “Não fazia sentido reproduzir os títulos na íntegra. Também porque não achamos todos e porque iria ficar maçante. Por isso a ideia de distribuir por temas e trazer o que havia de mais marcante”.
A antologia não está à venda. Foi feita uma tiragem de mil exemplares que serão distribuídos para bibliotecas, universidades, professores, jornalistas e formadores de opinião. Porém, a obra foi digitalizada e pode ser vista na íntegra no site www.revistasouzacruz.com.br.