Quinto grupo mundial de comunicação e maior agência de publicidade, com faturamento anual de US$ 3,3 bilhões, a Dentsu está descobrindo a América 110 anos depois da sua fundação no Japão. O grupo nomeou o executivo Tim Andree para comandar a Dentsu West, divisão que inclui a Europa, Estados Unidos, Canadá e América Latina.
É a primeira vez que um “gringo” ocupa posição no board da rede, sinalizador de que a busca por novos mercados e negócios está na pauta dos japoneses da Dentsu. Com forte atuação na Ásia, quer diversificação geográfica para crescer. Atualmente, Europa e Américas contribuem com cerca de 15% das receitas globais, dos quais 3% são dos países americanos.
Nesse cenário, o Brasil ocupa lugar de destaque na estratégia de expansão da Dentsu como enfatiza Akira Suzuki, há seis anos no País à frente da operação da agência que atende clientes globais como Toyota, Sony e Ajinomoto, por exemplo, mas que já exibe no portifólio marcas como Electrolux, Nec e Embraer. Em breve vai anunciar a conquista do laboratório Abbott.
Recentemente, foi uma das três agências vencedoras da polêmica licitação da Petrobras, cancelada após antecipação do resultado. A unidade brasileira é hub para América Latina da agência, em sintonia com o escritório de Buenos Aires, também presidido por Suzuki. Na Argentina, além dos negócios alinhados, atende o Banco Itaú.
Neste mês de abril, a Dentsu finalmente inicia voo solo no País. Vai deixar as instalações da DPZ, de quem foi sócia durante seis anos, para ocupar prédio com 1.500 metros quadrados de área e que está exigindo investimento de R$ 1,5 milhão, principalmente em tecnologia, tudo sob a orientação do arquiteto Sérgio Athiê.
“No final do ano passado recompramos os 49% de participação da DPZ. Agora, finalmente, podemos dizer que a Dentsu chega ao mercado brasileiro”, enfatizam Felipe Cama e Alexandre Lucas, diretores de criação.
“A Dentsu acredita no potencial do Brasil e, agora, atuando de forma independente, pretendemos investir mais em nosso expertise nas diferentes áreas de comunicação e incrementar nosso negócio. Esperamos crescer 50% este ano”, afirmou Suzuki, acrescentando que em 2009 a agência contabilizou faturamento de R$ 204 milhões.
Os objetivos da Dentsu no Brasil também envolvem o modelo brasileiro de publicidade. No Brasil e no Japão as agências são full service e Suzuki quer aproveitar essa sinergia. “Temos culturas similares e isso vai nos ajudar no desenvolvimento. Temos interesse em varejo, bancos e setor público”, resumiu Suzuki, explicando ainda que a Dentsu atua em comunicação (Fuji TV), comercialização de eventos da Fifa e Comitê Olímpico Internacional e produção de filmes.
Na área de cinema, a película “A partida” ganhou Oscar de filme estrangeiro no ano passado. “O grupo é muito diversificado e isso nos permite experiências únicas”, argumenta Cama, lembrando que o escritório de Tóquio da agência tem 44 andares e seis mil profissionais. “Eles atendem Toyota e Honda, mas as equipes são blindadas em nome da competição. Ninguém fala em conta conflitante”, disse o diretor de criação.
por Paulo Macedo