Para melhor entendermos o grau de insatisfação popular que atinge o país, basta a ausência das tradicionais bandeirolas verde-amarelas nas ruas e praças das cidades brasileiras, tão próximos estamos do início de mais uma Copa do Mundo da Fifa.

A bem da verdade, mais do que apenas insatisfação, o cenário revela tristeza e apatia, diante dos absurdos da vida política nacional, aqui incluídos os diversos escalões do governo.

Bem sabemos que quando a seleção brasileira estrear na Copa, dia 17, o quadro estará mudado e mais ainda mudará se a vitória nos sorrir.

Mas, a indiferença que a todos atinge neste momento já bem próximo do início da Copa retrata com absoluta fidelidade o que se passa com o nosso povo atualmente.

Nem podemos alegar como desculpa que a seleção está repleta de “estrangeiros”. Não é de agora que tem sido assim e, inclusive na última Copa, a maioria dos nossos atletas jogava em clubes de outros países.

Querem alguns comentaristas esportivos que esse desalento pode ser em parte debitado aos 7×1 de 2014 contra a Alemanha. Para nós, esse argumento não reflete a realidade do sentimento popular. Em 1950 perdemos a final em casa e, no entanto, em 1954, com a Copa do Mundo sendo disputada na Suíça, víamos o verde-amarelo espalhado pelas ruas e logradouros do país.

Em 1958, com a televisão já tendo grande influência na paixão dos brasileiros pela sua seleção e com Pelé ainda menino prometendo arrasar e cumprindo, o país praticamente parou durante a Copa, emoldurado por ornamentos das cores da nossa bandeira.

A primeira conquista da Jules Rimet encheu-nos de orgulho, privilegiando o país do futebol com a coroação tão sonhada de campeão do mundo.

De lá para cá, vencemos outras quatro vezes (1962, 1970, 1994 e 2002), fazendo sempre transbordar de alegria e de entusiasmo o povo brasileiro, mesmo no caso de 1970, vivendo há seis anos uma indesejável ditadura militar, até hoje lembrada como paradigma do que não mais deve se repetir.

Voltemos a 2018, com o país sufocado por uma crise de vários segmentos, duradoura como nunca em nossa História, que, também como nunca, empobreceu de tal forma a população que até hoje não sabemos quando de fato terminará.

Com eleições gerais em outubro, repleta de repetidos candidatos, muitos deles usando as mesmas palavras de campanhas anteriores, o clima não poderia ser diferente.

Com tristeza facilmente constatamos que, mais do que as nossas bandeirolas, roubaram nossas esperanças.

Custa-nos muito dizer isso, impregnados que sempre fomos por jargões positivistas, como “brasileiro profissão esperança”, mas temos de admitir que o país mudou brutalmente, talvez resultado de muitos anos de alegria inconsequente, que tapou nossos olhos para a intromissão da alta bandidagem no poder público, em todas as suas esferas.

Nossa inconsequente miopia não nos fez perceber que a conta um dia chegaria, recheada por muitos números e principalmente por figurantes que da parte de trás desse espetáculo mambembe pularam dezenas de fileiras de poltronas até alcançar a mais desejada, a primeira delas, da qual não apenas melhor se descortina os atores, como se introduz dentre eles, empurrando-os grosseiramente e tomando seus lugares no enredo.

O povo foi ficando para trás e quando percebeu – se é que percebeu – nem mesmo ocupava a última fileira de poltronas desse teatro do absurdo em que se transformou o Brasil.

A ausência das bandeirolas verde-amarelas nas ruas reflete algo pior do que conhecemos por decepção. Reflete um desencanto muito provavelmente jamais visto entre nós desde 1500.

 

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A chamada mídia do trade e muitas outras mídias aguardam com ansiedade o término do embargo que o Publicis Groupe impôs às suas agências (próprias ou coligadas) em todo o planeta, vedando investimentos publicitários das mesmas desde o Cannes Lions de 2017 e até a versão deste ano do mais famoso festival publicitário dos cinco continentes, cujo início ocorrerá no próximo fim de semana.

Antes uma prática incomum, as agências de propaganda, com destaque para as grandes corporações, tornaram-se também razoáveis e frequentes anunciantes dos próprios serviços, utilizando-se com preponderância da mídia impressa para tal fim.

 

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Ainda a categoria mais badalada do Cannes Lions, a de Film, terá a presidência do brasileiro Luiz Sanches, da AlmapBBDO, contumaz vencedor de Leões em Cannes e dos principais prêmios publicitários espalhados pelo mundo.

Diretores de criação do nosso país, diante de boa safra desde Cannes’17 até aqui, acreditam que o Brasil é um dos candidatos a Golden Lion na categoria.

 

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Publicitários ouvidos informalmente pelo PROPMARK garantem que, mais do que nunca, o horário eleitoral gratuito na mídia eletrônica decidirá os vencedores do primeiro turno das eleições de outubro para o Poder Executivo.

Mais por exclusão dos demais do que pelos próprios méritos dos finalistas.

 

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A próxima edição do PROPMARK trará os resultados completos do Colunistas Brasil 2017, em todas as categorias da mais tradicional premiação do mercado publicitário brasileiro.

Um júri formado por jornalistas especializados e profissionais da comunicação do marketing reuniu-se neste fim de semana na ESPM-SP e determinou os vencedores da famosa premiação, que completa nesta versão o seu cinquentenário.

 

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Este Editorial é em homenagem ao publicitário Emmanuel Publio Dias, criador e estimulador do projeto Young Lions em nosso país, que este ano levará a Cannes 19 jovens profissionais escolhidos por ex-Youngs com carreira já em curso na atividade.

O Young Lions Brazil é uma concessão do jornal O Estado de S.Paulo, representante oficial do Cannes Lions em nosso país, sob o patrocínio de várias empresas ligadas ao marketing e à publicidade (ver anúncio do projeto nesta edição).

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda (aferrentini@editorareferencia.com.br).