O Dia do Consumidor é uma oportunidade para as marcas celebrarem com os clientes. Em tempos de crise, quando a retração no consumo é algo esperado, estar ao lado do consumidor é essencial. “É um momento para refletir a necessidade de transformar essa relação das marcas com o consumidor. Tem a pressão do resultado a curto prazo, mas é preciso reforçar a marca a longo prazo. Não é o momento de abandonar a relação”, explicou o diretor da área de política e social da TNS Brasil, Paulo Cidade. “A comunicação precisa focar não só na venda, mas na construção da marca”, afirma Marcelo Bicudo, co-CEO da Epigram Brand Union.
Um cuidado necessário para aproveitar a data é criar uma boa experiência para o cliente. “As empresas precisam estar preparadas para não acontecer o que já houve com a Black Friday”, opinou Bicudo. Para o executivo, o varejo brasileiro é bastante dependente do calendário e as marcas deveriam investir também em datas próprias. “Hoje, o varejo tem o comportamento meio de manada. Cada marca deveria ter também um calendário mais proprietário, com datas suas”, sugeriu.
De acordo com Bicudo há uma contradição, já que muitas marcas fazem a comunicação dirigida apenas à promoção. “Há um paradoxo quando você tira margem em um momento ruim. O ideal seria aproveitar o modelo promocional para construir um valor para a marca. Não só usar o desconto ou o compre e ganhe”, contou. Uma sugestão do executivo, são as promoções que premiam consumidores que compraram mais. “Temos de melhorar a percepção do cliente. Ele tem de pensar ‘foi feito para mim’”, afirmou.
As expectativas de consumo para este ano foram retratadas por uma pesquisa realizada pela TNS Brasil, logo após o resultado das eleições do fim do ano passado. O estudo mostra dados importantes em relação à pretensão de consumo para 2015. Segundo a pesquisa, 75% dos consumidores pretendem economizar mais neste ano e 61% não se sentem propensos a fazer financiamento neste ano. “Na incerteza, nosso padrão costuma ser a paralisação, esperar para agir. Isso é comum”, justificou Cidade. O executivo lembra que em alguns setores, como internet, por exemplo, ainda há consumo reprimido. “Mesmo com a pressão econômica, tem muito espaço para crescer”.
A pesquisa da TNS Brasil ouviu 1.001 homens e mulheres em todas as regiões do Brasil, com idade de 18 a 65 anos.
Segundo o estudo, o sentimento que define o futuro do país é, para 47% dos entrevistados, preocupação. Já 37% responderam que é otimismo, 10% pessimismo e 6% resignação.
Isolando os resultados a partir da escolha de candidato à Presidência pelos entrevistados, os números ficam bem diferentes. Os otimistas eram 75% dos eleitores de Dilma e 6% os de Aécio. Os preocupados eram 19% dos eleitores da presidente e 69% do candidato vencido. “Indicadores indiretos mostram que as pessoas estão um pouco mais preocupadas agora do que quando fizemos a pesquisa. De lá para cá, houve algumas mudanças”, disse Cidade.
Em épocas de incerteza como a que o país está inserido, as empresas podem se aproximar mais de seus consumidores se tiverem uma mensagem adequada para o momento. “As marcas estão ao nosso lado 24 horas por dia. Quem mais tem capilaridade tão grande para construir uma mensagem? Elas têm de construir um discurso simbólico para mostrar que estão preocupadas com o consumidor”, sugeriu Cidade.
Outra dica que deve ser considerada é não focar apenas no consumidor final. Para melhores resultados é preciso trabalhar com todos os stakeholders. “Às vezes, o resultado vem quando se trabalha não só B2C, mas B2B2C”, falou Bicudo.