Astro Teller em keynote do SXSWEm uma concorrida sessão realizada no Hall 5 do Centro de Convenções de Austin nesta terça-feira  (17),  o cientista e escritor Astro Teller – seu nome verdadeiro é Eric Teler – que tem o cargo de Captain of Moonshots do Google X, fez uma das melhores apresentações do programa de Interactive do SXSW 2015.

“Moonshot” é a expressão utilizada par os projetos de inteligência do futuro desenvolvidos na “fábrica” de inovações do Google, chamada Google X. É do laboratório coordenado por Teller que saem projetos como o Google Glass, Loon (sobre balões no espaço), carros inteligentes e o Ara (celulares modulares). Há cerca de dez projetos em desenvolvimento. O Google X é considerado um “laboratório secreto”, mas o próprio Teller admite que ele e o laboratório têm “aparecido” mais ultimamente. Os “moonshots” do Google envolvem projetos que ainda não possuem um modelo de negócios no mercado atual, mas que podem gerar grandes nichos de negócios em médio ou em longo prazo.

Teller  ressaltou e exaltou a importância de erros e falhas no desenvolvimento de produtos. “São os erros que nos dão lições e apontam os novos caminhos a serem adotados”, ele disse, referindo-se principalmente ao Glass, um projeto que melhor define a tão falada “tecnologia vestível”, conceituado como uma versão de realidade aumentada, que está temporariamente suspenso pelo Google depois de vários testes com consumidores e também de várias situações polêmicas envolvendo questões de privacidade.

“Tivemos erros culturais, de mercado e de produto”, Teller afirma citando que uma das principais falhas  do projeto foi em relação ao seu posicionamento no mercado e também ao excesso de atenção dado ao programa. “Tratamos o Glass como se ele já fosse um produto final pronto para ser entregue ao consumidor”, avalia.  “Pensamos em um produto que entrega real valor para as pessoas que vivem em um mundo real e, ao mesmo tempo, o produto não era real”, observou. Uma das lições destacadas por Teller entre os erros do Google Glass é a importância de um aprofundamento de discussões sobre privacidade. “Os erros também foram úteis para o futuro do mercado da tecnologia vestível no segmento de óculos”, ele completou.

Teller também comentou sobre erros envolvendo materiais utilizados no projeto Loon, com balões enviados à estratosfera, e com os projetos de carro que se deslocam sozinhos. “A melhor maneira de testá-los é colocando os veículos nas ruas”, ele diz, revelando que neste processo foi possível identificar que um dos modelos do projeto não conseguiu identificar o movimento de uma mulher na tentando afastar um pato da pista onde o carro do Google X estava sendo testado.

O projeto do carro inteligente do Google é fazer um automóvel totalmente “autônomo”, sem acelerador, sem freio e que dirige sem o comando humano de um ponto A a um ponto B. “Não podemos testar o projeto a partir do comportamento do homem pois afinal, ele usa celular ao volante para conversar e para digitar mensagens. Assumir que os homens são um bom modelo de teste  para esse sistema é totalmente uma falácia”, destaca Teller.