Em uma performance mais discreta que no ano passado, o Brasil leva dois Leões para casa na competição Creative Data: um Leão de Prata para “Movido a Respeito”, o projeto da TV Globo e do Instituto Rodrigo Mendes que permitiu a pessoas tetraplégicas pilotarem carros de Fórmula 1 com comandos do cérebro; e um Leão de Bronze para “The Colour of Corruption”, da Grey para o Reclame Aqui, uma ferramenta criada para destacar em roxo o nome de políticos corruptos em conteúdos digitais.
O Grand Prix é um projeto da marca de lavadoras de roupa Whirlpool criado nos Estados Unidos pela Digitas LBI de Chicago baseado na instalação de lavadoras e secadoras em escolas americanas a partir da constatação da relação direta entre a falta de roupas limpas para ir a escola e a performance escolar – como faltas e até mesmo a evasão das escolas. Depois que passaram a ter acesso às lavadoras, lavando e secando suas roupas, os alunos com problemas apresentaram de fato melhoria na sua performance escolar e a evasão diminuiu.
Eric Salama, presidente do júri, CEO da Kantar, comentou que tratou-se de um projeto de uso criativo de dados com um propósito maior, de grande impacto humano.
“É preciso aplaudir marcas que encontram um propósito social e são capazes de dar algo em retorno para as pessoas.”, comentou.
O jurado americano Jim Caruso, chief production officer da Anomaly, disse que o trabalho brasileiro da Grey gerou algumas discussões por ser polêmico, mas foi aplaudido principalmente pela sua criatividade e pertinência ao momento que o Brasil vive.
“É uma ferramenta muito potente, que pode levar a mudanças”, comentou.
O jurado John Lucker, da Deloitte, disse que ficou em dúvida sobre a sua capacidade de acusar qualquer pessoa e, por isso, injustiçar algumas pessoas.
“Como no romance The Scarlet Letter, em que uma pessoa é apontada como culpada e sofre com o rótulo para o resto dos seus dias, não importa o que tenha feito de sua vida”, comentou.