As calças boca de sino e as meias de lurex ainda dividiam a cena como hits da moda quando a DPZ desenvolveu a primeira campanha para a Coca-Cola Brasil, em 1975. Para Ronaldo Rangel, diretor geral da DPZ Rio, os longos anos de parceria estão diretamente ligados à grande sinergia entre as empresas. “Em todas essas décadas, tanto a DPZ como a Coca-Cola mudaram muito. Mas a adaptação foi natural. É mais um exemplo de parceria de sucesso da agência, que coleciona algumas contas bastante longas”, declara.
No início, os projetos da marca eram voltados para a área corporativa, mas, ainda na década de 70, a agência atuou no lançamento daquele que seria o primeiro guaraná da empresa no país: o Taí. O executivo lembra de outro refrigerante com a cara do Brasil que ocupa semelhante importância nos anos de parceria das empresas: o guaraná Kuat. Ele e Raphael Laclau, diretor de atendimento e planejamento, concordam que as ações em torno do lançamento de marcas estão entre as mais representativas, entre elas a da Coca-Cola Light. “Nos últimos dez ou 15 anos, também desenvolvemos muitos novos trabalhos corporativos. A maioria deles, bem como as campanhas, têm em comum a preocupação com a sustentabilidade, e nesse posicionamento a Coca-Cola foi inovadora”, destaca Rangel.
Essa imagem de empresa socialmente sustentável foi trabalhada a cada ano e uma das mais significativas campanhas inspirou-se na Hora do Planeta, ato simbólico promovido pela rede WWF que convida os moradores de todo o mundo a apagar as luzes por uma hora. No filme de pouco mais de dois minutos divulgado pela Coca-Cola, o público se familiariza com o processo que deu origem ao anúncio impresso e distribuído em boa parte dos principais veículos de comunicação do Brasil: uma folha de papel na qual todo o texto e arte foram feitos em caneta e, posteriormente, passados por um mimeógrafo (máquina desenvolvida para fazer cópias de papel escrito em grande escala, que utiliza estêncil e álcool). O resultado causou enorme impacto. “Nosso gesto de poupar energia foi levado às últimas consequências. Foi totalmente coerente com o discurso da Hora do Planeta. Simbolicamente, foi uma ideia muito feliz”, diz Rangel. O executivo lembra que a campanha em poucos minutos tornou-se viral. “Nas redes sociais, o reflexo foi imediato. E esse público é extremamente relevante”, conclui. Filipe Raposo, diretor de criação da DPZ-Rio, completa: “Sempre tentamos levar alguma novidade para as campanhas, mas há também a preocupação de reforçarmos as principais mensagens da empresa”.