A SPM (Secretaria de Políticas para Mulheres) enviou, nesta terça-feira (27), um ofício ao Conar (Conselho Nacional de Autoregulamentação Publicitária) solicitando a suspensão da nova campanha da marca de lingeries Hope, criada pela Giovanni+Draftfcb. Nos comerciais que fazem parte da estratégia, veiculados desde 20 de setembro, a modelo Gisele Bündchen mostra o jeito certo e o errado de dar notícias nada agradáveis ao namorado ou ao marido, como “bati o carro”, “estourei o limite do cartão de crédito” e “minha mãe vem morar com a gente”. O jeito correto, segundo Gisele, seria contar a “novidade” apenas usando uma lingerie.

Em nota, a SPM afirmou ter recebido, por meio da ouvidoria, diversas reclamações de pessoas “indignadas” com a peça. “A propaganda promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grandes avanços que temos alcançado para desconstruir práticas e pensamentos sexistas. Também apresenta conteúdo discriminatório contra a mulher, infringindo os artigos 1° e 5° da Constituição Federal”, declarou. Além do ofício ao Conar, a SPM também enviou documento ao diretor da Hope Lingerie, Sylvio Korytowski, manifestando repúdio à campanha. O Conar ainda não se manifestou a respeito.

Em resposta, a Hope emitiu um comunicado argumentando que “a propaganda teve o objetivo claro e bem definido de mostrar, de forma bem-humorada, que a sensualidade natural da mulher brasileira, reconhecida mundialmente, pode ser uma arma eficaz no momento de dar uma má notícia. E que utilizando uma lingerie Hope seu poder de convencimento será ainda maior”.

“Foi exatamente para evitar que fôssemos analisados sob o viés da subserviência ou dependência financeira da mulher que utilizamos a modelo Gisele Bundchen, uma das brasileiras mais bem sucedidas internacionalmente. Gisele está ali para evidenciar que todas as situações apresentadas na campanha são brincadeiras, piadas do dia-a-dia, e em hipótese alguma devem ser tomadas como depreciativas da figura feminina. Seria absurdo se nós, que vivemos da preferência das mulheres, tomássemos qualquer atitude que desvalorizasse nosso público consumidor. Os exemplos nunca tiveram a intenção de parecer sexistas, mas sim, cotidianos de um casal”, acrescentou.