Mais que ideias que possam soar mirabolantes e execuções performáticas, a agência Espalhe defende que nada é tão valioso quanto o boca a boca. Quando uma ação cai no gosto popular, o que era publicidade passa a ser compartilhado como informação e leva notoriedade à marca. E, para isso, a agência não economiza criatividade nem esforços.
Em junho, em uma ação para a marca Halls, da Kraft Foods, a Espalhe selecionou aleatoriamente um homem e uma mulher no Facebook e os levaram para Las Vegas. Em uma das tantas capelas da cidade do amor, eles se casaram, minutos depois de se conhecerem pessoalmente, com direito a despedida de solteiro, padrinhos, véu e grinalda. O objetivo? Divulgar o novo drops da marca.
Tanto barulho parece estar funcionando. No ano passado, o projeto da agência que “ressuscitou” o Halls de uva verde, — descontinuado pela Kraft Foods e relançado a pedido de consumidores — foi eleito uma das 10 melhores campanhas de social media do ano pelo Advertising Age. “Pensamos em ações que levem as pessoas a compartilhar. Em todos os nossos projetos existe uma faísca de guerrilha, porque desejamos que a mensagem seja dividida”, afirma Gustavo Fortes, um dos sócios e diretor de planejamento da Espalhe.
Fundada em 2003, a agência nasceu logo após a efervescência da bolha da internet, com a ideia de espalhar conteúdo gratuitamente. “Era o momento da internet gratuita, a sensação de que ideias podiam ser vendidas, bastava que elas fossem boas”, relembra. Quase dez anos depois, o conceito de compartilhamento é mais atual que nunca e foi abraçado pelas marcas, que buscam uma forma moderna de contar sua história. “Nunca o fã foi tão valioso. Para a indústria do entretenimento ele é muito importante e hoje as empresas, como os artistas, estão investindo para ter muitos fãs também”, afirma. “O awareness é ultrapassado”.
Crescimento
O momento é de expansão. Na carteira de clientes estão Guaraná Antarctica (Ambev), Trident (Kraft) e Chrysler, entre outros. O escritório passa por reformas para abrigar uma nova leva de profissionais. A agência tem 70 pessoas na equipe e pretende chegar a 120 até o final do ano. Na próxima semana irá inaugurar uma segunda operação no Rio de Janeiro para captar projetos relacionados à Copa do Mundo 2014 e às Olimpíadas 2016. O escritório será exclusivamente focado em inteligência guerrilheira para os eventos esportivos e será comandado por Marcelo Almeida. O executivo é ex-diretor do Grupo IdeiasNet, empresa que investe em startups. Segundo Fortes, já existe um grande projeto em andamento na filial carioca.
O diretor afirma que o objetivo agora é buscar consistência na execução dos projetos para que a agência possa disputar contas com grandes empresas de publicidade, em pé de igualdade. “Nosso sonho não é crescer, mas ser ‘a’ a agência dos clientes. Precisamos ser a agência de Guaraná Antarctica, a agência de Halls”, enfatiza ele. “Temos inteligência social que se compara a de qualquer outra agência do mundo. Nossa execução tem que ser mais robusta”, analisa. A agência tem sido sondada por grupos de investimento e não descarta a possibilidade de ter um deles na casa. “Para ter robustez, isso é importante. Ter um investidor acelera o processo, seja um grupo de comunicação ou não”, diz.