Há 11 anos atuando no mercado externo em agências como a 180LA e Pereira & O’Dell, o diretor de arte pernambucano Rafael Rizuto é sócio e CCO da TDB, agência que criou no ano passado e tem sede em São Francisco, nos Estados Unidos. Jurado da competição Glass Lions, representando o mercado norte-americano, Rizuto recebeu em 2006 uma proposta “inusitada” para trabalhar em uma agência no Barhain. “Entre saber da existência desse país e começar a trabalhar lá foi pouco mais de um mês”, diz ele, que revela nesta entrevista seus planos para o Cannes Lions e a evolução da sua carreira.
Experiência
O profissional e a pessoa que eu sou hoje eu devo muito a essa experiência de viver e trabalhar em culturas diferentes. O começo da minha profissão foi em Recife, de lá eu fui para o Oriente Médio por cinco anos, depois passei por um breve período de um ano em São Paulo, e nos últimos seis anos eu estou na Califórnia, entre San Francisco e Los Angeles.
Trajetória
Sou formado em design gráfico pela UFPE, mas desde que me entendo por gente eu gosto de desenhar. Minha lembrança mais antiga foi quando eu criei, aos dois anos de idade, um elefante feito de massinha de modelar que impressionou todos à minha volta pelo realismo. Por incrível que pareça, esse acontecimento tão simples determinou o meu futuro. No começo de 2007, fui trabalhar numa agência de design e propaganda no Bahrain, atendendo clientes como Audi e Ritz-Carlton. Fiquei lá por quase um ano e depois fui trabalhar na Ogilvy Dubai, onde fui Young Lions em 2008 representando a região no festival de Cannes, onde ganhei o meu primeiro Leão. Em 2010, mudei para a Leo Burnett Dubai. Em 2011, Anselmo Ramos me chamou pra trabalhar na Ogilvy Brasil. No fim de 2012, o PJ Pereira me chamou pra trabalhar na Pereira & O’Dell de San Francisco. Fiquei lá por quase três anos como diretor de criação para Airbnb, Coca-Cola e Skype. Em 2015, fui chamado com o meu dupla Eduardo Marques para assumir a criação da 180LA como ECD. Em pouco mais de dois anos, ganhamos mais de 20 Leões, três Grand Prix e um Titanium em Cannes e colocamos a agência como a Top 1 de toda TBWA Network Worldwide por dois anos seguidos.
Olhar brasileiro
Diferentemente da maioria dos países do mundo, a publicidade no Brasil não é só uma profissão. É uma paixão. O brasileiro ama a publicidade e por causa disso procura sempre ser melhor. O craft dos profissionais brasileiros não tem comparação em nenhum lugar do mundo, especialmente quando se trata de direção de arte. Nas maiores e melhores agências do mundo você vai sempre encontrar brasileiros em posições importantes. Muitas delas liderando a criação.
TDB
O nome da minha agência reflete diretamente a nossa filosofia. TBD é uma sigla que se usa por aqui, que significa To Be Determined. A ser determinado. Não seguimos nenhum modelo, nós nos adaptamos ao problema que vamos resolver sem predisposições, formatos ou preconceitos.
Marketing de causa
Os consumidores estão mais preocupados em como as empresas se comportam dentro da sociedade do que com os produtos e serviços que elas oferecem. Por causa disso, muitas empresas querem pegar carona nessa tendência, mas fazem de uma maneira oportunista. É o caso do fiasco da Pepsi com a Kendall Jenner. Eu acredito que “doing good is good for business”. Um exemplo autêntico e oposto ao da Pepsi é o que fizemos para Boost Mobile Boost your Voice, uma ação onde as lojas da operadora se tornaram pontos de votação dando voz a milhares de pessoas de baixa renda que não poderiam se deslocar a lugares mais distantes para escolher um candidato. Essa ação ganhou GP de Integrated e Promo, e um Leão de Titanium ano passado em Cannes.
Glass
Vamos premiar o poder que a criatividade tem de impactar não só marcas e negócios, mas o mundo como um todo. Ideias que rejeitam estereótipos, preconceito e desigualdade de gêneros.
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