Ricardo Gandour, diretor-executivo de jornalismo da CBN: aperfeiçoamento técnico. (Divulgação)

Desde 2005, a CBN disponibiliza trechos da programação em seu site. Em 2017, passou a produzir conteúdo exclusivo para podcast. Além da presença na web e em todos os agregadores de áudio, o conteúdo também está disponível em um aplicativo.

De acordo com Ricardo Gandour, diretor-executivo de jornalismo da rede, a rádio sempre foi “podcasteble”. Para ele, a CBN tem “quadros sequenciais bem formatados”, o que permite a entrega integrada entre produção editorial e comercial.

Pensando nisso, o primeiro projeto realizado exclusivamente para podcast foi o CBN Professionals, formato popularizado por trazer entrevistas com executivos, baseadas em suas experiências profissionais e em best sellers empresariais. O programa estreou com a parceria da plataforma de conhecimento HSM.

Outro conteúdo exclusivo é o Vozes, em que a jornalista Gabriela Viana produz semanalmente uma reportagem de fôlego, onde combina conteúdo jornalístico e relatos sobre a produção do material. O formato está no 18º episódio e se aproxima dos dois milhões de downloads. Com duas edições diárias, o Panorama CBN é mais um programa exclusivo para os podcasters e até o fim de 2019 a emissora deve anunciar novos formatos.

“Os nossos podcasts já são solução publicitária. O Panorama tem um patrocinador. O CBN Professionals tem dois, o que é raro no mercado brasileiro de podcasts. A gente está transferindo a credibilidade da marca do dial para o podcast”, defende. Ainda que não comentem quais os programas mais acessados, a área digital da rádio registra mais de cinco milhões de downloads por mês.

Na última semana, a Apple atualizou a página do Watch com novos modelos. Os avatares trazem diferentes sugestões de uso dos relógios, um deles destaca o CBN Professionals. “Porque eles sabem o volume de downloads”, indica Gandour.

Segundo o executivo, há um equilíbrio entre os downloads da programação e os exclusivos do podcast. “Existe uma cauda longa no consumo de áudio. Um colunista que vai ao ar às 8h da manhã, além da audiência que teve no dial, é ouvido no formato on demand por 48 horas”, aponta.

O público do podcast da CBN apresenta equilíbrio quanto ao gênero. O destaque é para a idade dos ouvintes que, segundo Gandour, é mais jovem. “Isso é legal porque estou rejuvenescendo a minha marca”, reflete.

Parceria e Investimento

Uma novidade é a parceria pioneira com a Amazon. Assim que a gigante americana lançar a Alexa no Brasil, será possível ter acesso ao conteúdo da CBN pelo aparelho. A princípio, a assistente virtual dará a opção do último boletim do Repórter CBN, mas também será possível ouvir a rádio ao vivo e a ideia é expandir os serviços para a programação linear.

“A gente está cadastrando várias frases para pegar diferentes jeitos de a pessoa falar. A CBN vai ajudar a Alexa a entender português, já que o software e o algoritmo vão aprendendo com o uso. Nossa parceria com a Amazon está selada, inclusive vai ter o logo da CBN na caixa da Alexa”, comemora.

Gandour defende que a estratégia da CBN é estar com o ouvinte em toda a sua jornada. “Hoje a mobilidade mudou muito e se esse cara não está mais no carro, está no patinete, no transporte público com fone, e eu vou estar com ele.”

O consumo individual fez a CBN aperfeiçoar tecnologicamente. “O fone de ouvido nos forçou a calibrar a nossa plástica. O tom de voz, a sonorização, afinal você está falando no ouvido da pessoa, é uma relação mais íntima. É um outro tom, equalização, um pouco mais de grave, uma coisa de mesa de som, técnica, mixagem, equalização e sonorização final que tem esses cuidados plásticos”, aponta.

O aperfeiçoamento da técnica se dá também na grade linear. Hoje a CBN compõe uma rede de 42 emissoras, sendo 38 afiliadas e quatro próprias. “Esses últimos dois anos foram os de maior crescimento da rede. Nós abrimos Cariri, Araraquara, Fortaleza, Teresina, Catanduva e Amazônia, enfim, o rádio está muito forte”, vaticina.

A programação da rede está disponível em todos as plataformas e as afiliadas têm autonomia para desenvolver as próprias estratégias.

A CBN quer ainda ampliar as soluções em publicidade e patrocínios de alguns dos programas. “Nós não cobramos pela audiência. Estamos transferindo nossa força publicitária para os podcasts, inclusive em projetos especiais”, aponta. A rede já trabalhou o formato branded content no podcast.

“Em termos publicitários, hoje temos uma plataforma horizontalizada que vai desde talk shows ao vivo, ativação em breaks, podcasts específicos no formato branded content e inserções comerciais. É feito sempre por uma equipe à parte. Nós não misturamos vozes jornalísticas com projetos especiais. Mas tem um olhar de curadoria e do padrão CBN”, conclui.