Contratar a garotada para fazer propaganda não é tarefa fácil. É preciso cumprir uma série de exigências principalmente do Juizado de Menores. Se o anunciante tiver pressa, pode esquecer.
Os documentos, que vão desde a autorização dos pais, histórico escolar até abertura de poupança em nome da criança, levam alguns meses para ficarem prontos. E pior: a empresa contratante não terá garantias de que o menino ou menina fará a coisa direito – sabe-se lá: criança fala e faz o que quer, na hora que quiser. E dana-se o projeto!
E como os youtubers mirins, que a maioria surfa nas redes sociais sem limites, têm os pais como os principais incentivadores, isso pode ser um complicador.
A fábrica de brinquedos Estrela não entra nessa onda, embora seus produtos acompanhem as crianças desde as primeiras faixas de idade. O anunciante prefere não se arriscar com os youtubers mirins.
“A postura da companhia é mais conservadora. Temos evitado os youtubers mirins, pois a legislação ainda não é muito clara. É cinza”, afirma Aires Fernandes, diretor de marketing da Estrela.
Segundo ele, há muitas distorções e as redes sociais – terra de ninguém – são exploradas de maneira inadequada e, por enquanto, sem controle.
Ele diz acreditar ainda que, muitas vezes, as próprias famílias são as vilãs da história, e que os pais exploram o trabalho das crianças nas suas redes sociais.
Por isso, executivo prefere trabalhar com influenciadores adultos, que dominam a ferramenta com maior responsabilidade, porque “o assunto é delicado”.
Fernandes afirma que a marca de brinquedos estabelece um relacionamento estreito com os influenciadores e procura conhecer bem com quem está ou vai trabalhar. “Precisa ter muito cuidado em quais mãos você coloca a sua marca”.
Os jogos da Estrela são os principais produtos com os quais os influenciadores estão envolvidos – Irmãos Castro e o canal de humor Porta dos Fundos, com o qual lançou um jogo de tabuleiro – são dois dos exemplos. Fernandes crê que os influenciadores são, acima de tudo, multiplicadores.
“Eles não são apenas garotos-propagandas. Eles acreditam nos produtos e transmitem essa verdade e franqueza”, afirma Fernandes.
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