Ariel Nobre, Erica Malunguinho e Neon Cunha compartilham experiências e vivências
O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, celebrado em 28 de junho, ganhou visibilidade no mercado publicitário com evento que reuniu líderes de agências e associações da indústria para ouvirem as vivências e experiências de expontes da comunidade trans. O encontro foi realizado na casa de Jef Martins, diretor de comunicação e impacto social da Leo Burnett TM.
O artista trans Ariel Nobre, articulador do encontro, contou que a primeira vez em que viu um homem trans na publicidade foi em 2016, ao assistir uma campanha da Avon estrelada por ele mesmo. E lembrou ainda do seu primeiro filme 'Preciso Dizer Que Te amo', lançado em 2018 no Festival Internacional de Curtas de São Paulo como a primeira experiência como uma obra produzida por um homem trans.
Já Neon Cunha, ativista independente e diretora de arte, compartilhou que a formação em publicidade não garantiu a entrada no mercado, mesmo após entrevistas em grandes agências, dificuldade que credita "por quem é". Em 2014, travou uma batalha judicial no país para retificar seus documentos - até aquele momento, pessoas trans tinham obrigatoriamente que receber um laudo médico que atestasse “transtorno e disforia de gênero” para a mudança de nome e sexo. No embate, exigiu morte assistida caso o seu direito à sua identidade fosse negado.
Outra participante do encontro foi Erica Malunguinho, artista, pedagoga e Deputada Estadual, que articulou os embates contra o PL504, que busca proibir a publicidade, por qualquer veículo de comunicação e mídia, de material que contenha alusão a preferências sexuais e movimentos sobre diversidade sexual relacionados a crianças. Ela tratou da importância de novas narrativas que demonstram o amor, a amizade, a cidadania e o afeto quando se retrata a comunidade LGBTQIAPN+.
Além dos relatos, o encontro foi finalizado com a leitura de um manifesto por Ariel Nobre, também secretário-executivo do Observatório da Diversidade na Propaganda.
No texto, pontos que revelam a urgência de transformações na indústria de comunicação e cobranças por ações por parte das agências. "Até quando o RH das agências terão a coragem de dizer que não estão preparadas para receber profissionais trans? EU JÁ NASCI. É justo que transgêneres tenham acesso ao trabalho. Nós não somos um perigo para as famílias. Nós não somos um perigo para as agências. Nós não somos um perigo para o Brasil. Nós não somos o perigo, nós estamos em perigo."
O evento organizado por Ana Cortat, Head de Estratégia da Soko, Jef Martins, Diretor de Comunicação e Impacto Social da LBTM, Ken Fujioka, Co-founder da ADA Strategy, e Ricardo Silvestre, CEO da Black Influence.