Na semana passada, um anúncio do governo de São Paulo, relacionado à pandemia, gerou emoções cruzadas para quem trabalha com eventos.

Por um lado, veio a ducha fria quanto à flexibilização de atividades. Em função do recrudescimento da pandemia, o governo decidiu manter as restrições por mais – pelo menos – 15 dias. Por outro lado, foi anunciada uma outra medida que pode gerar uma retomada consistente do setor.

Refiro-me aos eventos-teste. Nos meses de junho e julho, o governo, em parceria com instituições, liberará e acompanhará a realização de 10 eventos-teste: 4 eventos sociais na capital e interior (início na segunda quinzena de junho); 1 feira de negócios (29 a 30 de junho no Santos Convention Center); 2 feiras criativas, uma em Campinas e outra no Memorial da América Latina (3 de julho e 17 a 18 de julho) e 3 festas na capital e interior (junho).

Não se trata de uma liberação, pura e simples, de realização de eventos, mas de atividades-piloto, com rigoroso acompanhamento, para monitorar resultados.

Um ponto-chave do experimento é a testagem: o público deverá se submeter a um teste prévio – só serão liberados os que derem negativo – e outro teste posterior, 15 dias após o evento.

A testagem em massa só é possível agora pelo barateamento do teste de antígeno, que apresenta resultado rápido, em 15 minutos. Com esse teste, é viável realizar a experiência e, o melhor, ter informações conclusivas após a realização dos eventos.

Se ficar comprovada a segurança de se realizar eventos, sem maiores riscos de contaminação, a tendência é que haja uma liberação mais ampla, o que pode resultar na sonhada retomada para milhares de empresas e profissionais que dependem da atividade para se manter.

O mercado ainda aguarda a regulamentação do Perse, lei que prevê crédito facilitado e renegociação de dívidas fiscais federais. De um lado, o Perse poderá gerar oxigênio para sobrevivência das empresas, por outro, os eventos-teste geram a expectativa por uma retomada de verdade, sem os sobressaltos de experiências anteriores. A experiência dos eventos-teste é espelhada em atividades semelhantes, realizadas no exterior.

Segundo o governo, o benchmark vem de Barcelona, Nova York e Sidney. De fato, temos acompanhado uma flexibilização invejável em países onde a vacinação aconteceu de forma rápida e ampla, como nos Estados Unidos, por exemplo.

Enquanto patinamos por aqui, sofrendo com a falta de vacinas, outros países mais prevenidos e proativos já exibem uma queda substancial na contaminação e mortes derivadas da Covid-19. O que vemos por lá é uma volta consistente à normalidade.

Em alguns lugares, os vacinados têm acesso a eventos culturais e esportivos sem a necessidade de distanciamento. Os não vacinados também têm acesso, só que numa área de maior controle, com distanciamento preservado.

O teste, antes e depois, foi uma prática adotada em alguns países, como forma de se certificar da segurança em liberar eventos. O que gera alento é ver iniciativas desse tipo, independentemente da atitude errática e irresponsável de quem deveria liderar nacionalmente o combate à pandemia.

Agora, só nos resta torcer para que os testes demonstrem segurança na realização de eventos e façam retornar as atividades.

Em artigos anteriores ressaltei a importância dos eventos para mobilizar a economia e gerar empregos. Ressaltei também a necessidade de pensarmos em como conviver com a pandemia.

Na ausência de um processo rápido e eficaz de imunização, fica a certeza de que conviveremos inexoravelmente com a pandemia por muito mais tempo do que imaginávamos. Então, é preciso que geremos mecanismos de convivência segura como tenta agora o governo de São Paulo.

Pela importância de São Paulo, temos certeza de que o Brasil inteiro se beneficiará dos resultados dos eventos-teste que – esperamos – sejam positivos. Vamos torcer e apoiar!

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)