Nos últimos anos tem sido registrado um forte crescimento dos mercados regionais. Nordeste, Norte e o interior de São Paulo têm obtido taxas expressivas. Aliado a isso, aumenta-se a discussão para atender a diversos perfis de consumidores, cada vez mais exigentes. É nesse contexto que a Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda) e a ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) se uniram para realizar a segunda edição do Fórum Mercados Brasileiros, que acontece nesta terça-feira (27), em São Paulo.
“Para qualquer ação ou investimento, deve-se entender muito o cliente ou o consumidor. Temos diferenças acentuadas e significativas entre as regiões”, afirmou Mario Ruggiero, diretor comercial da Nielsen do Brasil. Do grupo de 140 categorias de produtos de bens de consumo analisados pela Nielsen, por exemplo, observa-se o aumento do interesse em quatro vetores: saudabilidade, praticidade, indulgência e sofisticação. Cada região pesquisada, porém, tem suas características. No Nordeste, destacam-se indulgência e sofisticação; na região Leste (interior do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo), indulgência e praticidade; e na grande São Paulo, praticidade e sofisticação.
Para Antonio Carlos Ruótolo, diretor de geonegócios do Ibope Inteligência, “a interiorização é uma tendência. O mercado está no regional”. A própria empresa já identificou 47 cidades com potencial de destaque para os próximos anos. Provocador, com uma acidez humorística, Stephen Kanitz, consultor de empresas, conferencista e articulista da revista Veja, afirmou que já previa a interiorização e a ascensão dos populares em 1993, quando lançou o livro “O Brasil que dá certo”. “O problema é que parte da referência de vocês (publicitários) não está calibrada”, disse. Para ele, o Brasil tem que olhar para si e não ficar buscando modelos externos. “O momento é de ‘think local, act global’ (‘pensar localmente e agir globalmente’) e não de ‘think global, act local’ (‘pensar globalmente e agir localmente’), realizando adaptações de campanhas”.
Com críticas aos modelos pregados por estudiosos norte-americanos – como Philip Kotler e a famosa ideia de construção de uma ratoeira melhor para o mercado, ou seja, de produtos cada vez melhores para serem oferecidos aos consumidores –, Kanitz diz que as empresas precisam fazer produtos para pessoas que nunca tiveram acesso ao mercado. “O produto tem que começar com um modelo popular. Toda empresa no Brasil tem que ser uma porta de entrada”, argumentou.
por Marcos Bonfim