Ito: internet tornou o mundo mais rápido e imprevisível

 

Impressoras 3D, locais do coworking e financiamento coletivo são elementos comuns atrelados ao conceito de inovação. Mas são as redes – de informação e de pessoas – que fornecem as ferramentas para desenvolver novas formas de solucionar problemas. Essa é a ideia de Joichi Ito, diretor do Media Lab do MIT (Massachusetts Institute of Technology), um dos participantes do encontro “Inspire, create, iterate, innovate”, realizado pela Natura em parceria com a universidade americana e com a Ideo.

O evento fechou o Natura Campus, hackathon (maratona hacker) que reúne estudantes brasileiros e americanos, funcionários da empresa e consumidores para discutir e criar soluções e produtos inovadores a partir do conhecimento coletivo. Ao final dos três dias de evento, alguns participantes foram selecionados para desenvolver projetos para o Media Lab. Ito lembrou como era o mundo antes do advento da internet, considerando-o previsível. “Aí a internet foi criada e tudo ficou mais rápido e impossível de prever”, disse o empresário, referindo-se ao fato de que a velocidade com que a informação corre e as mudanças acontecem nas redes mudou o modo como vivemos.

Mas a internet, continuou, também abriu novas portas. “Hoje temos que estar sempre mudando e inovando. Esse é o mundo pós-internet: podemos inovar sem pedir permissão”, continuou. A afirmação foi explicada com exemplos práticos: Yahoo!, Google, Facebook e outras empresas não tinham capital de investimento ou qualquer recurso para lançar-se no mercado, apenas acesso à internet. Tudo o que necessitava, porém, tinha acesso livre e gratuito e na rede, e tudo o que seus inventores (todos estudantes fizeram), foi transformar um código em um produto. O que fizeram, disse, foi inovar com o que tinham em mãos e com seu conhecimento.

Outro ponto destacado foi a vantagem de custos da inovação. Segundo Ito, esses exemplos não precisaram mais do que computadores e a rede para chegar onde estão, iniciando sua trajetória como pequenas iniciativas e se tornando grandes corporações capazes de competir com empresas de grande porte. O segredo, diz o empresário, é que a forma como trabalharam também não envolveu investimentos em infraestrutura, tendo como combustível principal a ideia e a colaboração. “Ter uma ideia, achar na rede as pessoas que têm algum tipo de conhecimento e conseguir financiamento coletivo para dar início ao projeto e transformá-lo em algo grande. Isso é a internet. Está tudo lá, não precisa planejar, é só ir atrás”, declarou.

O evento de encerramento ainda contou com palestras de Ari Adler, diretor de Ideo Boston, e de Heloisa Neves, diretora do Fab Lab Brasil Network, duas entidades dedicadas à inovação. Houve ainda um debate com representantes do MIT Media Lab e outros convidados.