1. Há muitas dúvidas ainda no mercado sobre como será o comportamento dos anunciantes a partir de maio e até o final de julho, quando a Copa do Mundo estiver mais próxima e depois, tendo chegado ao fim.

Uma boa parcela dos diretores de marketing das empresas pensa em se retrair nesse período, deixando a passarela somente para as marcas que já adquiriram cotas de patrocínio da divulgação do evento nas principais plataformas da mídia.

O receio tem vários motivos, mas dois se sobressaem: primeiro, o fato de serem encobertos pela avalanche de exposição dessas marcas nesses três meses. Segundo, a preocupação com as manifestações que ocuparam as ruas em junho passado e que se repetirão – pelo menos essa é a expectativa – de forma mais volumosa no entorno da Copa do Mundo.

Diante do que temos visto nos últimos dias, a violência tem imperado nesses movimentos populares nos principais centros do país, contaminando o que teria tudo para ser somente uma demonstração do espírito democrático dos seus participantes e da própria democracia que conseguimos alcançar.

Há, sim, uma ameaça nisso para os anunciantes que podem ter suas marcas misturadas com cenas de vandalismo explícito, o que nenhum responsável por elas deseja.

Estamos, porém, raciocinando apenas sobre hipóteses, que não garantem o que ocorrerá nas ruas brasileiras nessa ocasião. E se o raciocínio é hipotético, por que não esperar o contrário, na grande probabilidade de que pouco a pouco os duzentos milhões em ação, ou pelo menos boa parte deles, acabarão por se integrar e se entregar às comemorações de um evento mundial que a maioria não terá uma segunda oportunidade de ver entre nós?

Quando começarem a chegar as seleções dos outros países ao nosso e, mais ainda, quando os seus torcedores desembarcarem em solo brasileiro, a população não vai querer ficar fora dessa festa.

O espaço reservado para as temidas manifestações – quando surgem para o mal – será diminuto e repelido pela imensa maioria de gente sensata que habita o território nacional.

Já que somos bons anfitriões, por que trair essa condição tão reconhecida pelos outros povos, em nome de um protesto que já não terá mais sentido, como foi o do padrão Fifa para os serviços públicos essenciais à nossa qualidade de vida?

Com a aproximação e chegada da Copa, será inútil a ironia dessa comparação, até porque todos estaremos integrados, ainda que apenas por breves momentos, nesse padrão que é até duvidoso quando olhamos para as grandes mazelas do futebol.

Mais que nunca, deverá prevalecer o antigo e às vezes oportuno “relaxe e goze”, diante da inevitabilidade do grandioso evento mundial entre nós.

Os primeiros a serem atraídos por esse cenário acreditamos que sejam exatamente os anunciantes que estão hoje do lado de fora dos patrocinadores da divulgação da Copa pela mídia.

Eles não vão querer, como todos nós, ficar do lado de fora dessa festa.

2. O Ibope Media, a mais confiável aferição do mercado publicitário brasileiro em investimento de verbas, acusou um crescimento de 18,6% no bolo de 2013 em relação ao ano anterior (que já havia acusado um crescimento – segundo a mesma fonte – de 7% diante de 2011).

O maior anunciante foi a Unilever, seguida pelas Casas Bahia, Genomma, Ambev e Caixa (nessa ordem), preenchendo os cinco primeiros lugares do mercado.

No segmento das agências, tivemos a liderança da Y&R, seguida pela Borghi/Lowe, Ogilvy, AlmapBBDO e WMcCann respectivamente na ocupação dos cinco primeiros lugares do setor.

Bom sinal para todos e uma espécie de desencanto para os pessimistas, que não gostam de performances de crescimento. Não é por outro motivo que o Cannes Lions espera, segundo cálculos seguros feitos pela sua administração, a liderança do Brasil em inscrições este ano, superando inclusive os Estados Unidos.

3. Algumas emissoras de rádio têm incluído nos seus intervalos comerciais mensagens de valorização da propaganda, o que só merece aplausos.

O tema central das mesmas lembra que propaganda também é conteúdo, orientando o consumidor na prática da sua liberdade de escolha.

Enaltecendo a atividade publicitária, as rádios contribuem para o fortalecimento da democracia, regime político só possível com imprensa livre e liberdade de expressão.

O que também, por sua vez, só é possível pelos meios através da independência econômica.

4. Repúdio total do propmark ao vergonhoso trote que veteranos da Faculdade de Publicidade Cásper Líbero proporcionaram aos calouros, amarrando um em poste, obrigando jovens calouras a práticas ofensivas e outros procedimentos de natureza adversa de uma recepção digna a novos colegas.

Confraternizar, sim. Humilhar, jamais.

Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2486 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014