A atual crise mundial, as perspectivas do Brasil no cenário global e o papel do estado na condução da economia são os principais temas abordados na quarta edição do Fórum Exame, realizado nesta sexta-feira (14), em São Paulo. O evento reúne lideranças empresariais e políticas, incluindo os ministros Guido Mantega, da Fazenda, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, convidado a falar sobre qual caminho seguir para tornar o Brasil um país realmente competitivo. A presidente Dilma Rousseff, que estaria presente, cancelou sua participação por moitivos familiares.
O economista americano Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia, foi o primeiro palestrante do evento. O economista abriu o encontro destacando a crise nos EUA e na Europa e os motivos que levaram os países chamados de desenvolvidos a chegarem a tal situação. Para um auditório lotado, ele falou que o endividamento das famílias foi o fator fundamental para o início desse processo, que ainda está longe de terminar, apesar de estar um pouco mais controlado. Segundo ele, nos EUA esse fator pesou mais, já na Europa, foi bastante relevante o fato de terem uma moeda única, mas com vários governos.
Krugman ressaltou ainda que os países emergentes acabaram se beneficiando com a crise, já que estavam mais fortalecidos e se tornaram muito mais atraentes para os investidores. Porém, segundo o economista, no caso especifico do Brasil, com o fortalecimento do Real, a industria perdeu cometitividade e o país não estava preparado para isso. Para ele, uma moeda muito valorizada e a indústria pouco competitiva colocam um preço para a economia pagar. Ele afirmou também que o Brasil possui um grande endividamento familiar, por conta do aumento do consumo e das taxas de crédito cada vez mais atrativas, mas ainda está longe de chegar na bolha que fez os EUA e a Europa chegarem a tamanha crise.
Já Mantega, em seu discurso, reforçou que o principal fator de crescimento do Brasil é o aumento do investimento e não apenas do consumo. “Para um econômia dinâmica, o investimento tem que ser, pelo menos, o dobro do consumo”, destacou. O ministro aproveitou para repassar alguns números da economia e ressaltou que a previsão do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano é de 2%. “Esse índice é baseado nos resultados do primeiro semestre, que foram fracos para a maioria dos setores”. Porém, segundo Mantega, a economia vem reagindo e a previsão ainda é de crescimento.