As expectativas para 2015 e os desafios do próximo presidente foram duas das principais questões levantadas no Fórum Exame Brasil 2020, realizado nesta quarta-feira (13) em São Paulo. Para José Berenguer, presidente do banco JP Morgan, o Brasil terá uma “lição de casa” muito difícil para ser feita em 2015. “O ano que vem será muito difícil sob o aspecto da economia, com uma elevação na taxa de juros”, assegura. A solução, segundo o executivo, pode estar na “busca de uma maior abertura política.”
Paulo Leme, presidente do Conselho de Administração do Banco Goldman Sachs, concorda. Segundo ele, “se olhar os dados de mercado, o Brasil está perto de um colapso de produtividade e a inflação muito perto do teto da meta”, afirmou. O assunto foi debatido durante o painel “Os próximos anos, na visão do mercado financeiro e dos empresários”.
De acordo com Walter Schalka, presidente da Suzano Papel e Celulose, que também participou do debate, uma das possíveis soluções para que o ano de 2015 não seja tão difícil pode estar na inversão de receita. “Temos que reverter a receita da máquina administrativa para setores de infraestrutura”, afirma. “O Brasil não está evoluindo na questão da competitividade global”, completa.
Ainda segundo Schalka, um dos pontos mais importantes que precisa ter atenção é o das reformas política, judiciária e tributária. “Se a gente não fizer uma reforma de valores na sociedade, vamos continuar vivendo com essa colcha de retalhos, que não nos dá consistência”, explica. “Um choque de produtividade para o aumento da eficiência na gestão pública brasileira é necessário com urgência”.
Uma vez que especialistas apontam uma possível elevação na taxa de juros no ano que vem, José Berenguer diz que “esperaria menos intervenção, além de poder voltar a acreditar no setor privado, o que ajudaria a baixar a taxa de juros”, afirma.
Polêmica
A frase do presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) também entrou na discussão. Benjamin Steinbruch disse, na última terça-feira, que nunca tinha vivenciado um ano eleitoral em que a expectativa é de recessão econômica. Steinbruch afirmou ainda que “só louco investe hoje no Brasil”. Walter Schalka, presidente da Suzano Papel e Celulose, que também participou do painel, não concordou com a afirmação. “Vejo esse clima de pessimismo como mais uma questão pontual”, diz.