Jurado da competição Digital Craft no Cannes Lions/2019, Fred Siqueira costuma dizer que a “boa publicidade sempre mexeu com a emoção das pessoas”. Ele explica que o papel dos jurados dessa área é premiar trabalhos que “não existiriam sem o digital.” Ele é formado em design gráfico na Universidade Federal de Pernambuco. “Com seis meses de faculdade, ingressei como estagiário de design no embrionário C.E.S.A.R. – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, fato que marcou profundamente toda a minha carreira.” Siqueira é cofundador da Ampfy, que atende marcas como Coty, Perdigão, Mitsubishi, Bradesco, General Mills e Melitta. Confira a sua entrevista.

EXPECTATIVAS
Costumo dizer que Digital Craft é a categoria que serve de bússola para o nosso mercado. É onde conseguimos tocar o futuro e enxergar um pouquinho lá na frente. No ano passado, vimos muitos trabalhos incríveis em VR. Acredito que este ano veremos muitos trabalhos que vão abrir os olhos do mercado para uma nova realidade: os assistentes de áudio.

FUTURO
Inevitavelmente, nos próximos anos, todos nós teremos de aprender como conectar nossas marcas a suas audiências por meio de comandos como “Hey Google”, “Alexa” e afins. Como se faz isso? Não tenho a menor ideia, vamos descobrir. Essa é a beleza da nossa indústria.

MÉTRICA
Com um número grande de categorias no festival e com a massificação do digital, é comum que, na hora de inscrever, as agências apostem em categorias como Digital Craft simplesmente pelo trabalho ter sido veiculado em um canal digital, o que é um erro muito comum. O nosso trabalho como júri é garantir que sejam premiados apenas aqueles trabalhos que não existiriam sem o digital. Esse é o filtro mais básico. A partir daí, vamos buscar o extraordinário, o inédito, a tecnologia invisível que emociona, entretém ou, simplesmente, torna a vida das pessoas mais fácil.

DADOS
Dados, quando bem analisados, são um excelente ponto de partida para qualquer iniciativa de comunicação. Ajudam o planejamento e, consequentemente, a criação a encontrarem novos caminhos e serem mais precisos nas mensagens. Sou superentusiasta do uso de dados, é uma fonte indispensável de informação. Mas sem ideia, sem inteligência, sobra apenas o artificial, o número frio e sem função.

IDEIA
“Qual é a ideia?” é a pergunta que mais se ouve por todas agências em qualquer lugar do mundo. Não existe propaganda sem ideia. Ciência de dados, pesquisas, frameworks, uma infinidade de ferramentas criadas pelos engenheiros de Menlo Park ou de Mountain View – tudo isso se potencializa a serviço de uma boa ideia.

DESCARTÁVEL
A propaganda sempre teve suas diferentes facetas. Os trabalhos memoráveis sempre conviveram com os descartáveis. Cada um cumprindo o seu papel.

QUALIDADE
Também sempre existiram coisas excelentes e outras péssimas. Nesse sentido, acho que nada mudou.

RELEVÂNCIA
Conveniência é a palavra da vez. Vivemos a era do conforto na palma da mão. A experiência impecável de uma pessoa com um aplicativo de mobilidade influencia diretamente a avaliação dela sobre os serviços do seu banco, por exemplo. A comoditização da conveniência, proporcionada principalmente pelo digital, afeta profundamente os mais diversos mercados, cabendo às agências o papel de ir além da comunicação, ajudando as marcas a manterem-se alertas e a encontrarem novas oportunidades.

TRANSFORMAÇÃO
Vejo essas mudanças com muita tranquilidade. Desde o início da minha carreira, há pouco mais de 20 anos, trabalho com o digital, no qual a mudança é constante e, muitas vezes, radical. Costumo falar que a única palavra escrita em pedra aqui na agência é “adaptação”.

FUNDAMENTAL
Precisamos preservar nossa velocidade de reação às mudanças. Entendo que isso é fundamental para que a agência sempre prospere.