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Inteligentes, concentrados e capazes de derrubar – ou proteger – o sistema da sua empresa. Este é o perfil básico dos hackers, figuras geralmente anônimas que ganharam destaque nas duas últimas décadas com o crescimento da internet e a digitalização do mundo. Inicialmente eram personagens despretensiosos, com princípios revolucionários, mas boa parte deles se afastou das utopias da juventude e resolveu monetizar o talento para pagar as contas. Como? Muitos responderam a essa pergunta simples e objetiva com uma única palavra: marketing. Também saíram do anonimato e hoje preferem dar as caras e mostrar suas habilidades ao mercado.

Mark Zuckerberg pode ser considerado um dos maiores representantes da geração que tem esse perfil. Depois de criar o Facebook, sem saber ao certo o que aconteceria, influenciou milhões de pessoas antes de, finalmente, monetizar o negócio, abrindo a rede social a ações de marketing. Larry Page e Sergey Brin, fundadores do Google, também já haviam iniciado trajetória semelhante no fim dos anos 1990. Hoje, ambas empresas faturam bilhões por serem as maiores plataformas de mídia da internet.

São exemplos inspiradores para startups e novas agências digitais que desafiam a publicidade convencional e trabalham em um modelo definido como “Growth Hacking”, conceito que pode ser resumido como a estratégia de utilizar conhecimentos e habilidades de hackers para abrir caminho ao crescimento de companhias por meio do marketing na internet.

Se antes os hackers eram usualmente associados a práticas malvistas como roubar dados ou derrubar páginas de corporações, governos ou instituições, agora eles são procurados e disputados a peso de ouro.

Alê Oliveira

Segundo o executivo indiano Samir Patel, CEO da startup do Vale do Silício Growth Machine, tanto anunciantes como agências e as plataformas de mídia estão atrás deles, mas, desta vez, não para entregar à polícia. “Ainda existem uns 10% que cometem maldades digitais, na maioria dos casos por puro ego. Mas, em geral, hoje são considerados como solução para empresas que querem crescer e atingir melhor o seu público”, conta.

Patel conversou exclusivamente com o PROPMARK em passagem pelo Brasil depois de apresentar o conceito de “Growth Hacking” para mais de 100 CEOs de grandes empresas e agências de publicidade. Para ele, o Brasil precisa começar a entender melhor esse novo modelo de trabalhar com marketing. “Entre 2017 e 2018, os investimentos publicitários em mídia digital vão superar os de televisão nos Estados Unidos. Isso ocorrerá também em breve no Brasil. Será preciso ter uma equipe de ‘ninjas’ que entendam muito de programação e tenham condições de elevar o retorno sobre os investimentos em cada nova plataforma que surge”, diz.

Nos Estados Unidos a transição para uma economia digital está realmente sendo levado a sério. Para solucionar o fato de que o país tem mais de 600 mil empregos não preenchidos relacionados a tecnologia e com altas ofertas salariais, o presidente Barack Obama iniciou o programa Computer Science For All (Ciência da Computação para Todos, na tradução para o português). O projeto ensina aos alunos ainda no colégio a trabalharem com programação digital e códigos como autênticos hackers. A disciplina já faz parte da grade curricular das escolas norte-americanas, assim como o inglês é obrigatório nos colégios brasileiros.

“A iniciativa é empoderar todos os estudantes para que aperfeiçoem habilidades e se tornem desenvolvedores, não apenas consumidores. A economia está rapidamente mudando e tanto educadores como líderes empresariais estão cada vez mais reconhecendo que isso é o novo básico para gerar oportunidades econômicas e mobilidade social”, afirma um documento oficial da Casa Branca.

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