Quando lançou a Hands, há cerca de 20 anos, o CEO Marcelo Lenhard sabia que para se diferenciar no competitivo mercado de comunicação precisaria trazer alguma nova perspectiva para resolver problemas das marcas.

Marcelo Lenhard: “É muito melhor contaminar a audiência para que ela fale da marca, do que a empresa advogar em causa própria” (Fotos: Alê Oliveira)

Empreendedor desde o início da carreira, ele fala que entendeu que precisaria bater nas portas dos clientes e oferecer projetos-proprietários, pensados e criados dentro da agência, sem atender a briefings prévios.

“Na época, havia uma imaturidade para esse tipo de oferta, mas, depois que o digital ganhou espaço, passamos a conseguir mensurar o impacto e mostrar que as ações geravam conversa nas redes sociais, por exemplo”, relembra o fundador.

Espaço aberto, sem divisão de setores, visa o fluxo de informações e diálogos entre os 35 funcionários

Essa ideia de criar projetos especiais, geralmente delegada a um setor voltado a isso dentro da estrutura de grandes agências do mercado, hoje compõe o principal driver da cultura e da atuação da Hands no mercado, que se reflete no espaço físico localizado no bairro de Moema, em São Paulo. Um local aberto, sem divisão de setores, que visa o fluxo aberto de informações e diálogos entre os 35 funcionários. “Éramos entrantes no mercado e não tínhamos a credibilidade ainda. Foi uma grande dificuldade, mas conseguimos provar que os projetos especiais e as narrativas embaladas neles trazem retorno para as marcas. É muito melhor contaminar a audiência para que ela fale da marca do que a marca advogar em causa própria”, reflete Lenhard. A esse efeito, ele dá o nome de “PRable”, ou seja, a capacidade de criar conversa na sociedade.

Como parte do método de trabalho, a Hands reúne seus profissionais uma vez por semana para “garimpar” tendências, ideias e reflexões sobre o comportamento humano e das marcas, procurando pontes que gerem conexão entre os dois lados. “As métricas são importantes para o mercado, mas a intuição tem papel preponderante no desenvolvimento de nossos projetos”, diz Lenhard. Esses insights possibilitaram projetos como Up on the roof, para Heineken, em que a ideia foi que o verão não precisa necessariamente ser na praia, e que a cidade de São Paulo, seu centro e seus rooftops são uma opção de espaço para aproveitar a estação.

Márcia Mandetta é CBO; outras lideranças são Quitero, Alterio e Mariana

Outro marco da Hands foi o Amstel District, que quis mostrar a internacionalidade da cerveja, criando um “distrito” em São Paulo que fazia alusão a Amsterdã, com tudo que o imaginário coletivo que existe sobre a cidade pode oferecer. Outra iniciativa mais recente foi a Ocupação Ray-Ban, com shows, festas e artes plásticas em um prédio histórico na região da Sé, em São Paulo, e outra de KLM, na Faria Lima, que levou 5 mil pessoas a uma experiência imersiva na história e futuro da companhia aérea.

Um dos aspectos do formato de trabalho da Hands é ter alguns de seus profissionais alocados no exterior, mais precisamente, dois em Madri, um em Portland e outro em Lisboa. “A ideia é que eles ajudem em nossa garimpagem, trazendo olhares, tendências e oportunidades do exterior. Não queremos abrir filiais, mas aproveitar o conhecimento desses profissionais”, diz Lenhard. Na equipe da Hands no Brasil há profissionais de comunicação social, mas busca-se a visão diferente de perfis como um ator e um astrólogo.

Hands reúne profissionais uma vez por semana para “garimpar” tendências

A estrutura de liderança foi consolidada há algumas semanas, com Márcia Mandetta assumindo o cargo de chief business officer (CBO). Ela se tornou responsável pela gestão da empresa, se reportando a Lenhard. Abaixo deles, Mauricio Quitero, Renato Alterio e Mariana Campanha estão nos cargos de diretor de planejamento criativo, head de negócios e head de produção, respectivamente.

Um próximo passo na vida corporativa da Hands será estreitar a aproximação com as novas tecnologias. A agência, por exemplo, se envolveu recentemente em um projeto do evento de Black Friday do Google, em que criou experiências para que 700 pessoas conhecessem melhor 13 produtos da companhia. Projetos com essa integração entre tecnologia e criatividade são a base dessa nova ideia de atuação. “Vai surgir na Hands uma atuação em comunicação tecnológica, com foco em criatividade e onde a tecnologia se torna fio condutor para colocar marcas em contato com consumidores”, revela Lenhard.

Próximo passo da Hands será estreitar aproximação com as novas tecnologias

Raio-X
Agência: Hands
Ano de Fundação: 2001
Lideranças: Marcelo Lenhard, CEO; Marcia Mandetta, CBO; Mariana Campanha, head de produção; Mauricio Quitero, diretor de planejamento criativo e Renata Alterio, head de negócios
Principais clientes: Google, YouTube, Heineken, Rayban, Waze, Amstel, Chevrolet e KLM