Pode ser consequência do recesso político, com a maioria dos protagonistas desse jogo de interesses em que se transformou a atividade pública brasileira gozando imerecidas férias, mas janeiro tem registrado uma movimentação econômica inesperada para o período.
Nada que ainda satisfaça a todos, porém já se notam sinais de recuperação, com a iniciativa privada ensaiando passos seguros nessa direção. O vulgo popular costuma repetir que o país se reencontra se os políticos deixarem de atrapalhar.
A se acreditar no axioma de que a voz do povo é a voz de Deus, essa é uma verdade que mais uma vez em nossa história está sendo provada.
A torcida agora é para que, na volta do seu recesso, a classe política brasileira retorne com um pouco mais de lucidez, além de um pouco menos de egoísmo e ambição.
O que deve mover um político a continuar na política, ou um aspirante a nela querer ingressar, deve sempre se sobrepor aos seus interesses particulares. Os grandes vultos da História, aqueles que deixaram um legado que os cidadãos comuns admiram e aplaudem, cresceram perante a opinião pública por seus feitos e não seus defeitos.
Esta condição deve nortear os que nos governam, levando em conta principalmente por que foram eleitos. Atrás de cada voto obtido, há uma esperança, um crédito de confiança por parte do eleitor, que na sua imensa maioria e farta capacidade de boa-fé sempre aguarda pelo melhor por parte dos sufragados.
O verdadeiro compromisso de cada candidato eleito é com esse povo que o escolheu, dentre tantos outros concorrentes. E não se trata também, na maioria das vezes, de uma escolha apaixonada, que se contentará com a simples vitória do seu escolhido.
Há toda uma expectativa de vida melhor no voto depositado na urna, que quase sempre representa mais de uma pessoa (família, filhos menores e a própria comunidade em que vive o eleitor), o que deveria provocar nos vitoriosos um sentimento de inesgotável responsabilidade perante todos esses atores da vida nacional.
Infelizmente, esse norte tem sido sistematicamente descumprido entre nós, agravando-se nos últimos tempos como seguidamente tem-se demonstrado.
Os piores desvios de conduta do ser humano são percebidos de forma incontroversa em boa parte da classe política brasileira, invertendo a expectativa geral de que em todo grupo de pessoas sempre há e haverá uma minoria alheia ao bom comportamento. No Brasil, a prática dos malfeitos, como gostam de definir alguns dos seus pares, tem predominado entre os representantes do povo, gerando revolta e tensão.
É bem possível, porém, que o exagero tenha chegado ao limite, provocando a partir de agora, com o despertar de uma nova consciência nacional, uma espécie de regressão da má conduta, levando-nos a um futuro melhor.
É a nossa crença, em respeito a milhões de sofredores deste país que tinham e ainda têm tudo para dele nos orgulharmos, desde que disso fiquemos convencidos.
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Assim como uma grande montadora tende a reduzir seu quadro de funcionários quando o mercado se retrai e passa a comprar menos os seus produtos, uma agência de propaganda também faz o mesmo quando perde uma grande conta.
É até possível que ela consiga no curto prazo compensar a perda, conquistando outra nova (para ela) grande conta. Mas é inevitável que não se pode fugir da regra do jogo do mercado: menos receita, menos despesa.
Neste início de 2016, como se repete há anos, tem havido troca de agência por este ou aquele grande anunciante. Em consequência, corte de pessoal até mesmo em proporção menor à da perda da receita.
O fato não configura como regra geral o achatamento definitivo da agência envolvida na perda. Quase sempre o segmento consegue repor sua receita com novos clientes que são conquistados e tem sido até comum a nova situação ser considerada, após algum tempo transcorrido, como superior em ganhos e condições de trabalho ao que se vivia anteriormente com as contas que saíram.
Por isso, não devem causar espanto, muito menos alarme, as notícias atuais sobre esse procedimento repetitivo do mercado. É assim mesmo que ele tem funcionado, provavelmente até um pouco mais acelerado devido à crise econômica que o país atravessa e já está prestes a completar dois anos.
O setor de agências do mercado publicitário brasileiro tem grande capacidade de recuperação na maioria dos seus players.
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Orlando Marques deixou o Conselho da rede de agências Publicis Worldwide, segundo comunicado do grupo da última sexta-feira (15). Marques presidiu a rede Publicis no Brasil por oito anos, deixando a função em 2014.
Ele passou a integrar a diretoria da Centria Capital Partners, empresa de investimentos com escritórios em São Paulo e Nova York, além de prosseguir presidindo a Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade) e ser conselheiro associado da ESPM.
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A próxima edição do PROPMARK (data de capa 25/1) trará ampla matéria sobre o mercado paulista da comunicação do marketing, que representa algo em torno de 75% de todo o mercado brasileiro.
A edição de janeiro/fevereiro da Revista Marketing terá como matéria de capa a Academia Brasileira de Marketing, presidida pelo nosso colaborador Francisco Madia de Souza, que tem produzido conteúdo e eventos que revigoram o setor em nosso país.
Serão abordados não só os temas promovidos e discutidos pela entidade, como também uma resenha dos integrantes da Academia, com minicurrículos dos seus componentes com seus destaques ao aperfeiçoamento à função do marketing no Brasil.
A edição de março da Revista Propaganda será dedicada aos 60 anos dessa importante publicação do mercado. Seu projeto editorial prevê não só um resumo da história desse meio, como um olhar panorâmico sobre as seis décadas que a cada ano produziram grandes transformações no ferramental publicitário.
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O PROPMARK agradece as incontáveis manifestações de solidariedade e apreço do mercado, por ocasião do falecimento prematuro de um dos seus principais jornalistas, Daniel Milani Dotoli, que durante cerca de 20 anos militava na Referência.
Graças ao seu empenho profissional, Daniel colecionou grande número de amigos e admiradores do seu estilo de trabalho, procurando sempre adicionar mais informações aos seus textos jornalísticos.
À sua memória, as nossas homenagens e agradecimentos pela contribuição à causa do jornalismo publicitário e de marketing do nosso país.
Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que edita o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda