A indústria gráfica registrou seu oitavo resultado trimestral negativo no período entre julho e setembro, com retração de 5,4% ante o período anterior, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) divulgados pelo setor nesta terça-feira (17). A queda levou a Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) a rever suas projeções para o ano.
A organização espera neste ano recuo de 5,6%, quase o dobro da projeção negativa de 2,4% desenhada anteriormente. De acordo com a entidade, a piora do ambiente econômico, o fraco desempenho e a falta de expectativa de recuperação nos últimos três meses do ano fundamentam os números.
Além do cenário macroeconômico, o mercado gráfico também enfrenta dificuldades com a aceleração dos seus gastos com insumos e mão de obra. Fortemente dependente de insumos importados ou suscetíveis às variações de câmbio, a indústria gráfica viu seus custos de produção acelerarem 5,2% em relação a setembro/outubro de 2012 e 4,3% ante o segundo bimestre. De acordo com a Abigraf, o principal responsável pelas altas foram os insumos, que, alavancados pela depreciação cambial, subiram 4,4% neste trimestre contra igual período de 2012. Já a mão de obra ficou 7,3% mais cara.
“O aumento dos salários e a queda na produção explicam nossa queda sucessiva, que se arrasta desde 2011”, afirmou Fábio Arruda Mortara, presidente da Abigraf e o do Sindigraf-SP (sindicato do setor). “É um momento de recrudescimento da planilha de custo dos empresários do ramo”, disse. O setor registrou faturamento de R$ 44 bilhões em 2012 e tem no setor de embalagens o equivalente a 40% do total. O segmento editorial corresponde a 29%, seguido pelo de impressos promocionais (8,8%).
Uma das queixas é o aumento das exportações vindas da China, onde o preço é metade do cobrado pelas gráficas brasileiras, principalmente na impressão de livros. “É muito difícil competir. O salário da mão de obra deles é US$ 60 por mês. O nosso é US$ 60 por dia”, comparou Levi Ceregato, presidente da Abigraf-SP. “Batemos nessa tecla, mas o governo se mostra insensível”, afirmou.
Em 2012, a indústria registrou déficit comercial de US$ 238,69 milhões sobre 2011. A queda no faturamento da indústria também afetou os investimentos do setor, que retraiu 5% em 2013, fechando em US$ 1,08 bilhão.