O grande destaque da última década no mundo dos negócios foi a performance. Nos meios digitais, alcançar o maior número de pessoas com a maior velocidade se tornou o objetivo principal da maioria das empresas. Vimos o aumento no volume de conteúdo, de curtidas, de comentários. Tudo aconteceu e acontece muito rápido na internet.

Só que, para isso, a qualidade foi deixada em segundo plano.

Foi criada uma corrida que primou pela velocidade em detrimento da veracidade. Não que uma coisa exclua a outra, mas se tiver que excluir, é melhor postar mesmo assim. Desvalorizou-se a apuração das notícias e a integridade das informações. O importante era ser o primeiro ou o maior. Isso fez com que inúmeras publicações fossem feitas com meias ou nenhuma verdade e, quando eram descobertas (se chegasse a tanto), o compartilhamento acelerado já havia levado o material para centenas de milhares de pessoas. 

Da perspectiva do marketing, os algoritmos aumentaram a assertividade na conexão entre oferta e demanda, potencializando exponencialmente as vendas das empresas. Por outro lado, estes mesmos algoritmos também vincularam grandes marcas a sites de conteúdo com fake news automaticamente, sem que elas soubessem disso. Alertadas por diversos movimentos e sociedade civil, elas se posicionaram e adotaram medidas de cautela. Mas não antes de sofrerem prejuízo.

Agora, o mundo parece despertar.  A performance está aí, é boa e seu papel é acelerar bons negócios. Mas a performance, como a energia atômica, mal utilizada, é devastadora. 

Diante disso, vemos as empresas investindo pesado em conteúdo relevante. As grandes têm investido em conteúdos para blogs, newsletters, podcasts, entre outras plataformas. Não se trata só de capilaridade de canais: estão buscando, genuinamente, acrescentar. Sabem que não há mais espaço para conteúdos vazios. O leitor  e consumidor está ficando mais atento e consciente.

Também estamos assistindo ao nascimento e fortalecimento de diversos veículos segmentados, muitos deles criados por jornalistas de peso, oriundos da grande imprensa, imprimindo um conteúdo qualificado mais adaptado aos novos tempos.

Há também um boom de fusões e aquisições de veículos por parte de empresas. O Magazine Luiza comprou o Canal Tech e o Jovem Nerd, a Exame foi vendida para o BTG e a Infomoney foi adquirida pela XP Investimentos, para citar alguns casos. Essas empresas entenderam que like é uma coisa, credibilidade é outra, mas que precisam das duas. Então, querem unir força de performance a conteúdo de qualidade.   

Destaco ainda a tendência da informação como experiência de compra no varejo. Há uma série de iniciativas no sentido de engajar o cliente pela informação, pela autenticidade e pelo posicionamento firme em pautas associadas aos valores da marca. Comprar, se divertir, se informar = fidelizar. Tudo isso não é performance, é informação. Quando as duas coisas trabalham juntas, aí temos o inbound marketing.

Acredito que a transformação digital vem acontecendo nos últimos anos e marcas e consumidores estão buscando meios e maneiras para se adaptar da melhor forma. Neste cenário, a absorção da informação com apuração, com contundência, com argumentação é uma boa notícia. O verdadeiro creator é aquele que reúne o que há de melhor no jornalismo, na publicidade, no designer e no marketing digital. O conhecimento ainda é tendência. 

Eduardo Cosomano é jornalista e fundador da edbcomunicação, agência especializada em assessoria de imprensa e produção de conteúdo