Com a explosão de fenômenos como YouTube, Google, redes sociais e a mania de todo mundo querer se ver na internet e buscar informação na rede, a web assumiu posição estratégica no plano de comunicação dos anunciantes e não dá mais para ficar fora dela – afinal, cerca de 65 milhões de brasileiros estão conectados à rede. O propmark ouviu
especialistas do mercado que traçaram perspectivas e fizeram previsões para o futuro da mídia digital e falaram sobre tendências e novidades que vêm por aí este ano.
Apesar de concentrar apenas 4,5% do investimento publicitário no País (em torno de R$ 1 bilhão), a previsão é de que dentro de dois anos a mídia online detenha 10% do bolo, à frente de meios tradicionais como o rádio e TV paga. Na Inglaterra, a estimativa é que neste ano os
investimentos em publicidade na web ultrapassem a TV aberta. O movimento é irreversível e traz um cenário de transformações na relação das marcas com o consumidor e na forma de se comunicar que mexeu com o mercado em 2008 e deve mudar mais este ano. “No ano
passado, a publicidade online se estabeleceu como uma estratégia real de comunicação para as marcas. Ela, definitivamente, saiu do banco do carona e passou a segurar o volante das marcas junto com as outras mídias”, avalia Eco Moliterno, vice-presidente de criação da Wunderman.
Outro fato relevante é que as classes C e D agora também têm acesso à internet – hoje são mais de 90 mil lan houses no Brasil. Isso significa que a web deixou de ser uma mídia que alcança apenas as classes A e B. A crise econômica também promete favorecer a
publicidade online este ano, já que o custo é menor. “Poucos anunciantes chegaram perto de 10% de investimento em internet, mas a tendência é que aumente mais. De 2007 para 2008 houve um crescimento de 40%. Por conta da crise, talvez haja corte de budget, mas não para
internet”, diz Valdiney Victor Viçossi, presidente da VM2.
Experimentação
Para os especialistas, 2009 também será o ano da implantação de projetos diferenciados tanto para internet como em mobile marketing, que praticamente engatinhou no último ano. “Este ano terá um caráter de experimentação com projetos diferenciados. O mobile marketing foi
pouco explorado e para este ano, promete ter novos formatos, liberação do consumidor para receber essa publicidade. A utilização da capacidade do processamento dos celulares será outra novidade”, conta Luiz Fernando Vieira, sócio e diretor de mídia da Africa.
Renato de Paula, diretor regional da OgilvyOne na América Latina e diretor geral da OgilvyOne Brasil, reforça a tese. “O ano passado foi muito mais positivo para a internet do que para o mobile marketing. Quando houver maior penetração do iPhone e smartphones, então será a
vez do mobile marketing. Por enquanto, ainda estamos na ponta do iceberg porque o mercado é muito grande”.
Já Fabiano Coura, diretor digital da Ínsula, destaca o interesse dos anunciantes pela internet. “Há um comprometimento mais sério dos anunciantes, mais execuções e ideias. Para os próximos cinco anos, haverá um equilíbrio na proporção de investimento entre tempo versus
dinheiro”, opina.
Além da consolidação da internet e do mobile marketing, 2009 promete definir novos rumos na comunicação. Para Vieira, a TV digital móvel começa a dar seus primeiros passos e promete ir longe. “A TV digital móvel ainda não aconteceu porque tem um alto custo e não está totalmente implantada. Hoje, não se faz comunicação para ela, mas é um potencial para o mercado de publicidade. Imagina a audiência?”, reflete.
Suzana Apelbaum, sócia e diretora de criação da Hello Interactive, destaca que um sinal importante para o mercado é o fato de que diversas agências tradicionais passaram a encarar mais seriamente essa disciplina, investindo na qualidade das suas áreas online. “Isso
acabou estimulando e ajudando os anunciantes a explorarem melhor os meios digitais”, acrescenta Suzana. A Y&R, por exemplo, anunciou que no último ano os investimentos da agência em ações digitais cresceram 300%, na comparação com 2007.
Marcelo Sant’Iago, diretor geral da MídiaClick, chama a atenção para o baixo investimento, apesar da audiência elevada dos meios digitais. “Se compararmos o número de pessoas online e o tempo que elas passam conectadas, deveria haver mais investimento”, diz Sant’Iago.
“Principalmente em um País com audiência recorde e onde há mais pessoas online do que lendo revistas ou assinando jornais”, alerta.
Banner tem vida longa
Mesmo com os avanços da internet e dos novos formatos de publicidade online, o tradicional banner não sairá de cena tão cedo, garantem os especialistas. “O banner ainda permanece por muitos anos. Antes, a opção era banner ou banner. Agora não. Mas ele permanece porque a
massa crítica permite isso com awareness”, comenta Renato de Paula, da OgilvyOne.
Embora rejeitado pelos jovens, que o acham inconveniente, o banner pode tornar-se mais atrativo se casado com outras tecnologias, como o vídeo, no qual o usuário clica no banner e assiste a um vídeo da campanha, por exemplo. “Trata-se das marcas olharem o que está em
torno da maneira de se fazer internet”, diz Fabiano Coura, diretor digital da Ínsula.
O banner também é considerado um dos meios mais eficientes para fazer comunicação de massa na web. “Apesar de várias alternativas mais impactantes e interativas serem criadas a cada ano, o banner fornece um padrão para o mercado que é fundamental – como os 30 segundos da TV”, compara Roberto Grosman, sócio e diretor de mídia da F.biz. Uma
boa alternativa é promover a interação do conteúdo do banner com o usuário, complementa David Reck, diretor da Enken. “É uma mídia com potencial, mas precisa ser muito bem trabalhada e seus valores financeiros revistos”, reforça.
Para Fernando Taralli, da Y&R, o banner também deve evoluir, agregando tecnologias como rich media (integração de ferramentas multimídia como vídeo, som e animação) e behavior target (identificação do comportamento do usuário no site), também apontadas como as principais tendências neste ano. “No caso de nossos clientes de varejo, o formato tem um papel fundamental na estratégia”, destaca ele.
Objetivos
Suzana Apelbaum, da Hello Interactive, diz que os recursos online funcionam melhor ou pior de acordo com os objetivos de cada anunciante. “Para ativação de eventos, as redes sociais se mostraram uma excelente ferramenta. Já para causar impacto, os formatos de rich
media, incluindo vídeos, funcionaram muito bem”, diz Suzana. Segundo a executiva, os banners também atenderam de maneira eficiente aos clientes que estavam em busca de visibilidade.
Para Max Petrucci, sócio- fundador da Garage Interactive Mar-keting, a criação de comunidades para as marcas tem um resultado superior. “O Skol Beats foi a maior ação de criação coletiva da internet brasileira até hoje. Em vez de usarmos redes sociais já estabelecidas, como Orkut, MySpace ou Facebook, decidimos fazer uma própria, que
refletisse os conceitos da Skol e aproximasse a marca das pessoas. Com isso, tivemos dois milhões de pessoas que decidiram tudo sobre o evento. Tudo foi feito em conjunto com os consumidores”, diz Petrucci.
O executivo também destaca os widgets como os formatos “publicitários” com maior eficiência nos ambientes de mídias sociais. “Fizemos um widget no Orkut para o Skol Beats que aproveitou muito bem a predisposição dos amantes de música eletrônica em conhecer músicas
novas, fazer downloads etc. Tivemos ótimos resultados”, afirma Petrucci.
Eco Moliterno, vp da Wunderman, destaca que os widgets são ótimos recursos para pulverizar uma campanha nas redes sociais. “Eles podem ser ‘acoplados’ às páginas dentro ou fora das redes sociais, ampliando assim os pontos de contato das marcas com as pessoas”, diz.
Segundo Suzana Apelbaum, os widgets também agregam valor à comunicação do anunciante, levando serviços ou conteúdos de entretenimento que interessem ao usuário. “Eles funcionam muito bem, especialmente para estabelecer um contato contínuo do target com a marca”, diz Suzana.
Pop-up
Em pesquisa realizada em dezembro passado pelo Núcleo Jovem da Editora Abril, o pop-up foi apontado como o formato mais rejeitado pelo público jovem. Muitos especialistas também consideram o recurso negativo. “Rapidamente as pessoas se aborrecem com eles. Os pop-us
são, provavelmente, a mídia mais intrusiva de todas”, afirma Petrucci. Diante da crescente rejeição dos usuários ao formato, o UOL também decidiu banir o pop-up de suas páginas este ano. Em seu lugar, permanece apenas o formato dhtml, que fica por cerca de 12 segundos na
tela e desaparece automaticamente.
Para André Zimmermann, da Media Contacts, o pop-up é um formato que já deveria ter caído em desuso. Na opinião dele, não deverá durar muito tempo. “É um formato que gera sentimentos negativos para a marca que o utiliza. Está provado que é possível fazer ações impactantes na internet sem ser intrusivo”, ressalta.
Vídeos ganham mais destaque
Aproveitando a onda gerada pelo YouTube, a publicidade em vídeo é outra aposta do mercado para chamar a atenção dos jovens, que praticamente abandonaram a TV. O aumento da utilização da internet de banda larga e a alta capacidade que o vídeo tem de se tornar uma
publicidade viral também devem favorecer o crescimento.
“Com o aumento do número de pessoas com banda larga, a utilização de vídeo aumenta. Ainda tem muito espaço para isso avançar, pois é um território fértil”, diz Fabiano Coura, diretor digital da Ínsula.
O vídeo também é considerado um dos recursos na internet com maior capacidade para criar interação com o usuário. “Os vídeos são uma maneira mais interativa para a marca se comunicar com os usuários. É um formato que explora mais a criatividade, o que o torna mais
interessante”, fala David Reck, diretor da Enken.
Para Fernando Taralli, da Y&R, a grande evolução no mundo digital foi o crescimento do consumo de vídeo pela internet no último ano, quando todos os portais desenvolveram áreas de conteúdo em vídeo. “Campanhas de sucesso da Y&R, como Bebê LG, tiveram enorme sucesso neste canal, confirmando que a boa propaganda transcende meios e canais”, destaca.
Suzana Apelbaum, da Hello Interactive, afirma que o mercado deverá trabalhar cada vez mais com vídeos, que provaram ser extremamente eficientes no enriquecimento das campanhas e são acessados pela maioria dos targets desejados.
Já para André Zimmermann, diretor geral da Media Contacts, os vídeos trazem a linguagem da TV à internet, trabalhando com atributos audiovisuais que são mais impactantes e atrativos. “A vantagem do vídeo na internet, em comparação com a TV, é que permite a resposta imediata do usuário ao anúncio, com interações com a marca e possibilidade de captação de cadastros e venda online de produtos”, diz Zimmermann.
Mobile marketing enfrenta desafios
Apesar da democratização dos celulares (a base no Brasil é de mais de 147 milhões de aparelhos habilitados), a publicidade ainda não deslanchou nesse meio. Os maiores entraves apontados são a falta de regras para o setor, como a definição de uma política de preservação
da privacidade do consumidor, e o alto custo do SMS. “É muito difícil entender esse mercado de mobile. Ainda estamos aprendendo a lidar com a privacidade do consumidor no mundo do SMS”, diz Renato de Paula, da OgilvyOne.
Mesmo assim, as perspectivas para 2009 são animadoras, em função do número crescente de usuários de celulares no Brasil e do apetite grande dos anunciantes em explorar essa mídia de massa, “considerada única, porque além de trazer as características da internet, como controle, interatividade e segmentação, permite ao usuário a mobilidade”, destaca Marcelo Castelo, sócio e diretor de negócios de mobile da F.biz.
Ado Fonseca, presidente da MobiMarket, comenta que o alto custo do SMS prejudicou a expansão do mercado no último ano. “A adesão ao SMS não aconteceu em um ritmo mais acelerado em função do alto custo do serviço e pelas regras de utilização não estarem claras. Devemos observar um crescimento constante a partir de 2009, com regras mais definidas, e com o mercado pressionando para que os custos sejam adequados”, ressalta.
A falta de banco de dados é outra razão para a pouca utilização do SMS, comenta Valdiney Victor Viçossi, da VM2. “A maioria das empresas está engatinhando para conseguir email dos clientes e mais atrasadas ainda em enviar SMS, pois não têm uma base de dados consolidada. Por isso, essas ações são embrionárias”.
O medo de ser invasivo é outra razão pela qual os anunciantes ainda pensam duas vezes em trabalhar com SMS. “Celular é parte integrante e prioritária da pessoa. E elas não ignoram um SMS, como ocorre com e-mail. As marcas precisam entender o nível de pessoalidade absurdo
que esse veículo tem”, avalia Fabiano Coura, diretor digital da Ínsula.
Conteúdo
Para Luiz Fernando Vieira, sócio e diretor de mídia da Africa, o caminho é agregar conteúdo ao SMS. “Bluetooth e SMS não são utilizados porque não se pode pensar apenas como um canal de mensagem instantânea. É preciso agregar conteúdo, informação e cultura. E o que
interessa é o conteúdo e não a frequência louca”, diz.
Além do SMS, outras formas de se fazer publicidade por meio do celular são o bluetooth e search marketing. “Por ser restrito e de pouco alcance, o bluetooth precisa ser amarrado com outras ações porque se for trabalhado de maneira isolada, não surte efeito”, comenta Viçossi.
O search marketing, por sua vez, cresce cada vez mais e na opinião dos especialistas, em 2009 crescerá ainda mais. “O search marketing cresce assustadoramente. É impossível hoje não se utilizar dele”, opina Renato de Paula, diretor regional da OgilvyOne na América Latina e diretor geral da OgilvyOne Brasil.
Regras
Marcelo Sant’Iago, diretor geral da MídiaClick, reforça que o mobile marketing está no seu momento inicial. Segundo o executivo, ainda não há regras claras de como se anunciar, definição de formatos e dúvidas em relação à política de privacidade e medição de retornos. “Esse trabalho vem sendo desenvolvido internacionalmente pela Mobile Marketing Association e no Brasil contará com o apoio do IAB, que criou um comitê específico”, diz Sant’Iago.
De acordo com o diretor geral da MídiaClick, mais de 80% dos celulares no Brasil são pré-pagos e ainda é baixa a penetração de smartphones. “Mas acredito ser importante testar e experimentar novas soluções”, afirma o executivo.
Inovações
Para que o mobile marketing deslanche, Suzana Apelbaum, da Hello Interactive, considera relevante trazer em anúncios impressos um número para que o público possa mandar SMS e obter mais informações sobre a mensagem do anunciante. “O interessante é que o SMS oferece à mídia impressa a possibilidade de ganhar um hiperlink, que viabiliza o diálogo do consumidor com a marca”, afirma Suzana.
Além do SMS, a publicitária cita o idle screen como outro recurso importante. “Enquanto seu celular está desativado, entra uma animação, como se fosse um descanso de tela de computador, trazendo uma mensagem publicitária. E essa mensagem pode ser interessante não apenas visualmente, mas também por oferecer informações úteis como notícias e dicas relevantes”, acrescenta.
Navegação
Fernando Taralli, da Y&R, destaca que o grande impulso para o mobile marketing será a partir da experiência de navegação do usuário através do celular, que ainda está começando e vai abrir um “mar de oportunidades” para a publicidade. “Estamos em uma fase em que os
usuários estão descobrindo o email através do celular, por isso ainda é cedo para oferecer muito a eles. Acreditamos no forte crescimento da experiência da navegação online através dos celulares. Com isso abre-se um mar de oportunidades de mídia gráfica, vídeos e links
patrocinados”, afirma.
Para Max Petrucci, da Garage Interactive Marketing, o conceito de mobile marketing está sendo mal interpretado pelo mercado. “Fala-se muito na base de 140 milhões de celulares no Brasil, mas a grande maioria é de pré-pagos e, consequentemente, só recebem ligações”,
alerta o executivo.
Segundo Petrucci, o mobile marketing começará a ser relevante no Brasil a partir deste ano, quando um número razoável de celulares puder abrir um browser tendo uma conexão eficiente. “Há muito barulho oportunista hoje sobre mobile marketing. É preciso olhar com cuidado e ativar esse meio a partir da experiência da web”.
De acordo com Fernanda Magalhães, diretora da Mobext (agência de mobile marketing do grupo Havas), o ano de 2008 foi marcado pelo começo das iniciativas no segmento. “Em 2007 houve um início tímido, com poucas campanhas de mobile marketing. No último ano, várias
empresas realizaram iniciativas com cases interessantes”, disse Fernanda. Segundo a executiva, as empresas dos setores automotivo e bancário foram as que mais apostaram em ações de mobile marketing. “A estimativa é de que neste ano haja crescimento de mais de 40% nos
investimentos em mobile marketing”, afirma.
Redes sociais ensinam sobre consumidor
Com a proliferação de redes sociais e blogs, o consumidor deixou de ser receptor da mensagem e passou a interagir constantemente com as marcas, emitindo críticas e elogios para milhões de pessoas. O aspecto positivo é que através do monitoramento das redes os anunciantes podem formar estratégias e fazer previsões de ações para atender demandas.
Por outro lado, eles perderam o controle sobre o que é comentado sobre suas marcas e, agora, buscam alternativas para dialogar com o público nesses ambientes.
“Há um trabalho muito rico de aprendizado do comportamento das pessoas através das redes e que está muito próximo do que os grandes grupos querem saber das pessoas. Com isso, a distância entre a propaganda e o consumidor vai ser diminuída drasticamente e o prazo para as empresas balizarem as suas estratégias será muito mais curto”, destaca Raul Órfão, da Tribo Interactive.
Para Renato de Paula, diretor regional da OgilvyOne na América Latina e diretor geral da OgilvyOne Brasil, esse movimento não tem volta. “Com o aumento da digitalização, não se tem mais total controle da marca. Temos que nos acostumar a viver com isso. Entender o que está
sendo dito da sua marca no meio digital e dialogar é a solução”, analisa.
Definido por Fabiano Coura, diretor digital da Ínsula, como “aceleradores de boas e grandes ideias”, os blogs e redes sociais também são capazes de agilizar a divulgação (e deterioração) de uma marca ou produto. “Eles funcionam como plataformas que possibilitam que conversas sobre marcas se alastrem mais depressa; são aceleradores de conversa”, analisa Coura.
Patrícia Andrade, diretora executiva da TV1.Com, observa que 2008 foi o ano das mídias sociais. “Tanto do ponto de vista de monitoramento dessas redes (para entender o que as pessoas pensam, gostam, odeiam sobre determinados serviços ou produtos), como do ponto de vista de viralização. Saber trazer esse componente no planejamento das ações é
um ativo valiosíssimo no mercado e tende a se consolidar fortemente no ano de 2009″, reforça ela.
A expectativa é de que a comunicação nas redes sociais também cresça mais este ano a partir da abertura do Orkut para o formato behavior target ou filtros demográficos. Eco Moliterno, vp da Wunderman, ressalta que a publicidade em comunicadores instantâneos, como o Messenger, também deve aumentar. “A nova geração, que já nasceu com a internet, já utiliza muito mais essa forma de comunicação do que o e-mail”, observa ele.
Relevância
Mas se no último ano o principal esforço foi gerar interação da marcacom o internauta, agora o foco será criar conteúdos relevantes para que o usuário clique na publicidade ou participe de uma comunidade do anunciante. Isso porque o internauta já percebeu como a maioria das
marcas está forçando uma interação e isso está começando a não surtir mais efeito.
“O que o usuário quer é a transparência da marca e conteúdo relevante. Ele também precisa sentir-se parte integrante daquela marca, percebendo que é ouvido e entendido. Uma maneira é estimulá-lo a produzir conteúdo também”, comenta David Reck, da Enken. Eco Moliterno
reforça que o ponto é nunca forçar o internauta a ver algo que não tenha interesse para ele. “O segredo é levar conteúdos relevantes até ele. Aí, sem dúvida, o nível de interação dele será muito maior”, diz.
Para André Zimmermann, diretor geral da Media Contacts, os blogs são a maior fonte de informação sobre o que os internautas comentam a respeito das marcas. “Por isso, existem ferramentas de medição dos comentários dos consumidores nesses ambientes. Com base nessas informações, as empresas podem reorientar a comunicação para ficarem
mais próximas dos seus consumidores”, afirma Zimmermann.
Marcelo Sant’Iago, da MídiaClick, diz que é necessário avaliar os prós e contras antes de se adotar uma estratégia em redes sociais. “O que vejo muito no Brasil é agência fazendo post pago. E isso não tem nada a ver com campanhas virais ou de conteúdo gerado pelo consumidor”, acrescenta. Já Valdiney Victor Viçossi, presidente da VM2, lembra que
para a mensagem ter relevância é necessário anunciar em blogs que tenham conteúdo de qualidade. “É preciso saber quem é o responsável pelo blog e se é um formador de opinião. Mas o custo é alto”, comenta.
iPhone amplia possibilidades
Um dos objetos de consumo mais cobiçados pelos jovens e aficionados por tecnologia, o iPhone promete agitar o mercado publicitário este ano. Além das possibilidades de criação de aplicativos para o aparelho, a aposta é que todas as marcas premium desenvolvam versões
dos seus sites para iPhone. “O iPhone 3G é a melhor experiência de web browsing. O que chegou mais próximo da experiência de navegação dos computadores. Esta é a grande revolução criada pela Apple”, comenta Fernando Taralli, da Y&R.
Com sua interface inteligente aliada à velocidade 3G, quase tudo será viável através do iPhone. “O usuário terá acesso a qualquer widget ou informação que ele teria, se estivesse na frente de um computador. A criação de widgets específicos para iPhone crescerá muito, como a
criação de jogos personalizados, serviços de GPS, entre outras coisas”, cita David Reck, diretor da Enken.
Aplicativos
Dentre as funcionalidades, Suzana Apelbaum, sócia-diretora de criação da Hello Interactive, cita o streetflow, ferramenta que revela os restaurantes que estão perto do consumidor, apresenta o endereço exato, cotação, além de abrir espaço para comentários do público. “Um
aplicativo como esse poderia ser oferecido por uma marca que se associe à qualidade de vida. O aplicativo indicaria apenas restaurantes com comida saudável”, comenta Suzana.
A executiva também cita um aplicativo para iPhone já trabalhado pela Ralph Loren, no qual é possível assistir aos desfiles da marca e conhecer peças da coleção. “Sendo assim, poderíamos oferecer para uma empresa de moda um aplicativo que não só mostrasse os produtos, como
também permitisse dar dicas de estilo personalizadas”, explica Suzana.
Além disso, uma vez que você tem o aplicativo aprovado pela Apple, a marca também ganha visibilidade gratuita na Apple Store. Roberto Grosman, sócio da F.biz, destaca outro ponto positivo: o custo menor de navegação pelo iPhone. “Quem tem iPhone hoje, navega na internet à vontade, sem preocupação com o custo como no WAP. O usuário do iPhone navega pelo Wi-Fi ou pela rede 3G, que tem um preço fixo”.
No Brasil, a TAM, por exemplo, já lançou o site da marca para iPhone, onde os usuários podem pesquisar as ofertas. O Bradesco, por sua vez, criou um software para o Bradesco Seguros e Previdência, em que o cliente pode consultar o manual do usuário, além de ter acesso aos serviços de GPS para encontrar o estacionamento ou a oficina mais próxima de onde ele estiver.
Search marketing lidera investimentos
Em 2009, o search marketing (ou links patrocinados) vai liderar os investimentos na internet, com melhorias como o refinamento da busca e novas tecnologias para identificar o comportamento de navegação do usuário. Segundo o eMarketer, está previsto um investimento de US$ 10,4 bilhões em anúncios de buscas no mundo – praticamente o dobro do que será investido em banners.
Raul Órfão, diretor geral da Tribo Interactive, ressalta que nos próximos anos as buscas devem se tornar mais pertinentes e focadas. “Há um movimento grande para oferecer às pessoas o que procuram de maneira mais rápida e conhecer melhor seus hábitos de atitudes, para que a mensagem seja mais focada”, observa.
O mercado de busca é responsável, conforme Marcelo Sant’Iago, diretor geral da MídiaClick, pela retomada do crescimento da publicidade online no mundo todo. “Nos Estados Unidos e Inglaterra, o search marketing é maior do que a soma de todos os formatos de mídia display
juntos (banner, vídeo, patrocínio, e-mail e rich media). É nos sites de busca que a batalha final pelo cliente é travada”, diz Sant’Iago.
Outra expectativa do mercado é emplacar a publicidade em game. Segundo Raul Órfão, novas tecnologias para games vão proporcionar maior imersão e diversão com a marca. “Há estudos que apontam que determinados conteúdos são mais eficientes dentro de uma linguagem de
game, do que na forma de um texto”, fala ele.
Levando em conta que o mercado de games é um dos que mais crescem na indústria de entretenimento, o advergame deve ter uma relevância cada vez maior sobre os jovens. “Os anunciantes perceberam que para atingir principalmente os jovens, não basta colocar um banner na internet.
Como forma de interação, os games são mais eficientes. O usuário é impactado de uma maneira não invasiva, em um momento de descontração e lazer”, complementa David Reck, da Enken.
A Tectoy, que no final do ano passado lançou o videogame Zeebo, aposta que a publicidade será uma das principais fontes de receita do novo console. “Enxergamos um potencial muito grande para advertising nesta plataforma. Vamos comercializar espaço, sim”, afirmou Fernando
Fischer, diretor-presidente da Tectoy.
Tendências
Independente do formato de anúncio, criar engajamento com o consumidor continuará sendo a principal estratégia para a publicidade na internet. Outra tática será a contextualização da mensagem. “É necessário conseguir engajar o usuário de tal maneira que ele fique entretido com a peça. A publicidade não pode ser intrusiva, tem de ser contextualizada, de acordo com o comportamento de navegação do usuário”, diz Peter Gerzai, gerente geral da RealMedia.
De acordo com João Muniz, sócio-presidente da LOV, as ações para celular representam a maior tendência do mercado internacional e também no Brasil. “É um aparelho que acompanha as pessoas em todos os lugares. Por isso é um instrumento muito poderoso e há uma infinidade
de comunicações que podem ser realizadas via celular”, diz Muniz.
Mas graças à globalização da informação, o Brasil não fica atrás dos países desenvolvidos no que se refere às novas tecnologias. “Não há uma grande tendência lá fora que não tenha aqui. Mensuração, análise de dados, ROI, convergência de dados… tudo isso nós temos”, diz
Renato de Paula, diretor regional da OgilvyOne na América Latina e diretor geral da OgilvyOne Brasil.
QR Code
Outra ferramenta que promete fazer sucesso e tornar-se mais presente na vida dos consumidores brasileiros é o QR Code, a nova versão do código de barras no qual o consumidor manda um SMS do celular com o código impresso no anúncio e faz o download do arquivo QR Code. A partir daí, basta tirar foto do QR Code do anúncio, que o leva para o
site WAP do produto/campanha. “Talvez neste ano isso [QR Code] pegue. A Ásia já se utiliza do QR Code nos PDVs, em outdoors e embalagens”, comenta Renato de Paula.
por Juliana Welling, Kelly Dores e Maria Fernanda Malozzi