O voyeurismo está estampado na nova exposição do artista plástico José Zaragoza (o “Z”, da DPZ, da qual é sócio e diretor de criação), intitulada “Windows”. Zaragoza confessa que tem certa “obsessão” em observar e imaginar o que tem por trás das janelas dos prédios, tanto que mandou construir na sede da DPZ, em São Paulo, uma sala para ele no topo do edifício. “Fico fascinado olhando as janelas de cada prédio, imaginando o que acontece na vida das pessoas. Isso virou uma obsessão para mim”, diverte-se o publicitário.
O resultado da exposição, que inaugurou no último dia 11 e fica aberta ao público até 3 de maio, na Canvas SP Galeria, na capital paulista, é uma série de telas com pinturas de pequenas janelas coloridas, esfumaçadas, meio sombrias e outras com um X sobre o vidro. Apesar da fascinação do artista em observar janelas, Zaragoza explica que as primeiras pinturas sobre o tema foram feitas em setembro de 1985, quando o furacão Gloria ameaçava chegar a Nova York naquele verão. Em uma noite, ele conta que do seu apartamento de Nova York observou que, por causa do medo do furacão, os moradores passaram a proteger os vidros das janelas grudando fita-crepe em forma de X para que não estourassem.
“Comecei a fazer trabalhos, à espera do furacão. Pintei a noite inteira, observando as janelas. Em todos os prédios tinha uma boa quantidade de X nos vidros e isso foi aumentando. Depois o furacão passou, bem fraquinho, mas mesmo assim eles deixaram o X nas janelas por um bom tempo”, conta Zaragoza. O publicitário diz que quando voltou ao Brasil ficou preso a essa ideia de janelas e deu continuidade aos trabalhos. “Construí no topo da DPZ uma sala de onde vejo a avenida Paulista, Itaim, Faria Lima, uma São Paulo cheia de prédios. Fico curioso para saber o que acontece na vida do vizinho”, relata o artista plástico.
Zaragoza comenta que inicialmente ele não pensava em montar a exposição, “porque era uma coisa muito pessoal, mas pediram e eu acabei fazendo”. Ao todo, 35 obras inéditas estão expostas na Canvas SP Galeria, com a assinatura e o traço do artista plástico espanhol, que tem várias exposições nacionais e internacionais no currículo, é autor de livros como “Olimpíadas e futebol arte” e criador de vários personagens da propaganda brasileira. Zaragoza vive há 60 anos no Brasil.