Em muitos momentos a vontade é desistir. Justiça?

Em relação à Justiça – coloco em maiúscula muito menos em respeito, homenagem e muito mais como esperança – essa tentação invadiu meu pensamento e tomou conta de meu coração por duas vezes.

A primeira, em 1966, quando me formava advogado pela São Francisco e fui fazer alguns estágios. Conhecer a Justiça na prática.

Não resisti; desisti. Pensei, naquele momento: “não quero isso para a minha vida”. O curso fora maravilhoso; a prática, lastimável, de embrulhar o estômago. Caí fora.

A segunda foi no fim dos primeiros dez anos do MadiaMundoMarketing. Quando tinha de submeter os planejamentos que fazíamos para nossos clientes aos advogados para detectarem possíveis e supostos “legal exposures”. Riscos em demasia. E tudo parava:

“Veja bem, pode ser que sim, pode ser que não…”.

No desespero, retornei aos livros, criei uma nova especialização, o Marketing Legal, somei códigos, regulamentos, leis, jurisprudência e convidamos, eu e meus sócios, a dra. Rosamaria Barna para vir ser nosso “anjo da guarda”, e trabalhar em conjunto com nossos consultores.

Como éramos absolutamente incapazes de, isoladamente, mudar as práticas, encontramos uma forma de continuar trabalhando no ritmo e correspondendo às expectativas de nossos clientes de consultoria. Aprendemos a conviver com o absurdo.

Salta para 2017. Em fim de semana recente, assisti a mais um programa da franquia Mundo SA, na Globonews. E me peguei feliz e sorrindo. E, pensando, tem solução! Confesso que me emocionei…

Antes, no entanto, um megacrédito ao Mundo SA. Que deu um salto em termos de consistência e qualidade. Um programa semanal imperdível! Mas, diante do programa Mundo SA que assisti naquele sábado, minhas esperanças renasceram.

Se você é assinante do Now, vá até a página da Globonews e lá encontrará o programa.

Os advogados millennials, que estão ocupando o território de 2010 para cá, não são de pedir licença, de se curvar, e muito menos de postarem-se subservientes diante de uma instituição patética, cartorial e classista, chamada OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

São disruptivos. É da natureza e índole deles, millennials. Não perguntam, não pedem licença, vão em frente, fazem. Ou seja, voltamos a ter esperança.

A disrupção na carcomida, cruel, infectada e injusta Justiça brasileira começou. Num determinado momento do programa, aparece um representante da OAB.

Cabelo penteado, gomalina, terno e gravata, tentando lembrar aos que assistem das obrigações e deveres dos causídicos…

Disruptivos nem perguntam e muito menos pedem licença; vão fazendo…

Se perguntassem, pedissem licença, se conformassem, aceitassem e calassem, não seriam disruptivos; seriam mais do mesmo… Voltamos a ter esperanças de um dia resgatarmos a Justiça dessa excrecência que insistimos, absurdamente, de chamar Justiça…

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)