Alê Oliveira

O  Cannes Lions já passou, demonstrando a força criativa da publicidade brasileira. De há muito não pertencemos mais à segunda divisão, nas avaliações internacionais da comunicação do marketing.

Em editorial anterior neste espaço, reproduzimos opiniões de duas correntes de empresários e mesmo profissionais do setor, divididos quanto ao que poderíamos alcançar no Cannes Lions deste ano.

Felizmente para todos, inclusive para os mais céticos, uma vez mais os júris internacionais, das diversas categorias do festival, reconheceram a evolução do nosso país no quesito criatividade (ou inovação), saindo-se vencedor em muitos confrontos com trabalhos dos mais importantes mercados mundiais.

Portanto, ideias não nos faltam. O que está faltando agora é a sua veiculação, é a aposta dos anunciantes diante desse arsenal admirável que o país possui na sua comunicação publicitária, liberando verbas para que suas empresas possam finalmente levantar voo.

Temos de acreditar que o pior já passou para o Brasil, que vê aos poucos a casa, então desarrumada, sendo até mesmo refeita para enfrentar os desafios de um recomeço.

O fato de um ministro do STF, queimando duas etapas da organização judiciária nacional, ter libertado um cidadão comprometido com malfeitos, não deve nos abater. Outros episódios semelhantes ocorrerão, pelo simples fato de um comprometimento antigo e maior da mais alta corte de justiça do país com quem escolhe e, portanto, premia seus integrantes.

Inúmeras vezes apontamos aqui, ao longo dos últimos anos, o erro nesse tipo de escolha que, invariavelmente, acaba se transformando em agradecimento, comprometendo a total independência dos julgadores.

Não se descobriu outra forma de escolha? Claro que existe e mais de uma, sendo para nós a principal deixar para o próprio Poder Judiciário essa delegação. Como fazer isso? Também há muitas maneiras, como por exemplo os eleitores serem os presidentes dos Tribunais de 2ª Instância de todo o país, escolhendo um deles, como os cardeais escolhem o papa.

O que não podemos mais tolerar é a escolha ser do chefe de outro Poder, que pode mais adiante estar sendo julgado por juízes que foram por ele escolhidos, como agora vem ocorrendo em nosso país.

Aí é debochar demais da capacidade de discernimento dos brasileiros.

Mas, dizíamos que esses fatos não podem nos abater, porque quem acaba por levar a pior somos nós, que, embora não façamos parte desse jogo de poder, sofremos as suas consequências de forma muitas vezes irreparável, como o que também vem ocorrendo com inúmeros empresários que perderam seus negócios, deixando atrás de si um enorme prejuízo a ser reparado e sem falar dos quase 12 milhões de desempregados que o país já contabiliza e podem voltar a trabalhar se o Brasil se recuperar, mas levarão consigo, muito deles, marcar indeléveis de um terrível sofrimento do qual suas famílias também foram vítimas, mexendo terrivelmente com o seu ego.

Sabemos que o cenário ainda é difícil e pode se complicar se a presidente Dilma Rousseff conseguir voltar ao Planalto.

Temos de acreditar, porém, que o pior realmente já passou (salvo essa obscena possibilidade da volta) e agosto já é o próximo mês, quando a redenção brasileira dará os primeiros passos em direção a um novo futuro para todos.

Passe um anjo e diga amém.

 

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Estão abertas, nas regionais do Prêmio Colunistas em todo o país, as inscrições para a versão deste ano da tradicional premiação do mercado publicitário brasileiro.

No segundo trimestre deste ano, realizaram-se as cerimônias de entrega dos prêmios aos vencedores de 2015, em eventos que contaram com a presença de grande público, inclusive de muitos anunciantes, dos quais muitos declararam acreditar na retomada dos negócios antes mesmo do encerramento do capítulo político do impeachment.

Os certificados do Colunistas Brasil foram entregues também nesse período, em cerimônia conjunta com a entrega do Colunistas São Paulo.

A novidade desses júris em sua totalidade contarem com representantes de renome no mercado, profissionais inclusive que contribuíram para uma sempre melhor escolha dos jurados, elevou o Colunistas à premiação publicitária mais precisa de todo o mercado brasileiro.

Em todos os seus júris, o Colunistas discutiu, peça por peça, trabalho por trabalho, com jornalistas que compõem os diversos júris não apenas usando da sua expertise na apreciação de cada trabalho concorrente, mas também se colocando como consumidores que são. 

E os empresários e profissionais do setor que igualmente compuseram esses júris, além de igualmente consumidores, colocando em debate a elaboração técnica de cada peça em julgamento, eventuais resultados alcançados e proporcionando comentários enriquecedores para se atingir na escolha final dos vencedores, o que de melhor a propaganda brasileira criou e produziu no período analisado.

 

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Depois de muitos anos (foi editor do antigo Asteriscos), o jornalista Rafael Sampaio volta às páginas do PROPMARK, para escrever durante seis meses, a partir desta edição, sobre o ainda muito discutido mundo digital.

 Sampaio procurará estabelecer sempre um contraponto nas questões mais comentadas e muitas até aplaudidas desse ainda novo setor da comunicação, onde poucos players descobriram o caminho do dinheiro.

Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda