Desista! Gisele, assim como Guga, Senna, Pelé e Klink são únicos: nasceram com energia e força interior absurda, e, tão importante quanto, a capacidade e a sensibilidade de verem o cavalo passar selado e se jogarem no lombo. O que acontece, tenho certeza, várias vezes na vida, com os 7 bilhões de habitantes do planeta. Mas poucos, raríssimos, têm essa mesma energia e força interior e a sensibilidade de reconhecer a oportunidade. Para todos os demais mortais existe uma possibilidade ínfima de uma epifania. Para essas pessoas a epifania faz parte da vida.
Mas Gisele é diferente. Além de linda, gostosa, e tudo o mais, é porreta no tocante à maneira como lidera, conduz e gerencia seus negócios, como aprimora e sustenta sua marca. É! Só que, de novo, uma característica específica dela, de sua personalidade, o que não necessariamente aconteceu com outros ídolos. E aí, num esforço descomunal de reportagem, Época Negócios, através de uma dupla extremamente competente de repórteres – Ariane Abdallah e Raquel Grisotto –, foi tentar dar vida a uma espécie de Gisele´s Management, ou, o estilo Gisele de empreender, liderar e gerenciar. Valeu o esforço, conseguiram colher e organizar algumas lições a partir de atitudes da linda, mas, e de novo, Gisele foi fazendo, foi sendo, foi conquistando, e aconteceu, é Gisele Bündchen: como dizem certas propagandas, “não tente repetir em casa ou na vida” que não vai dar certo.
Mas vamos às descobertas de Ariane e Raquel. Segundo elas, o que mais caracteriza o Gisele´s Management é o foco no trabalho, a busca de resultados, o absoluto controle do tempo, e, quem sabe principalmente, o envolvimento com os clientes e suas marcas. Essa receita intuitiva fez de Gisele dona de um patrimônio que hoje supera o meio bilhão de dólares.
Ariane e Raquel organizaram e traduziram o estilo empreendedor e empresarial de Gisele. Por exemplo, segundo elas, no capítulo do planejamento estratégico, desde adolescente Gisele tinha uma lista de seus pontos fortes e fragilidades. Também tinha claro para si onde pretendia chegar e tudo o que tinha a fazer e percorrer para chegar lá. Na leitura de Ariane e Raquel, a execução do plano seguiu o seguinte roteiro: “Antes de fechar o primeiro contrato com uma agência, a Elite, seu pai, Valdir, preparou um questionário com perguntas sobre o potencial da filha e as perspectivas para sua carreira. O plano posteriormente traçado seguia um roteiro comum a modelos iniciantes – primeiro, uma passagem por Tóquio para ganhar dinheiro. Depois, Nova York e Paris, onde aprenderia inglês e ganharia projeção mundial”.
Outros atributos e componentes do Gisele´s Management: uma sólida e consistente rede de contatos e relacionamentos com pessoas-chave no negócio da moda; amizade e admiração da Image Builder Anna Wintour, legendária editora da Vogue USA; pontualidade irritante: num meio onde a rotina e a cultura é o atraso, o fazer esperar, ela não se atrasou para um único compromisso; clientes em primeiro, segundo e terceiro lugar sempre: o tempo todo contando histórias de sua vida em que antes de ser procurada pelas marcas, já era fã das marcas – seus primeiros vestidos, dizia ela, comprou na C&A; seu primeiro jeans foi da Colcci, e assim por diante.
Gisele, como assertivamente classificam Ariane e Raquel, é uma multimicroempresa familiar – uma microempresa que opera em escala mundial tendo seu quadro executivo totalmente preenchido por seu pai e irmãs. As pessoas queriam operar o “narigão” de Gisele. Aí o pai, Valdir Bündchen, disse a ela: “Quem tem personalidade tem nariz grande, não se preocupe”. Isso posto, não tente ser Gisele Bündchen. Só existe uma. Mas não deixe de considerar todas as oportunidades que passam infinitas vezes no correr de um único dia pela sua frente. E pare de reclamar de seu nariz grande.
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