Ítalo Ferreira, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, surfa no WSL Red Bull Airborne, evento com o nome da marca que patrocina o esporte há mais de 25 anos (Fotos: Damien Poullenot/WSL/Red Bull)

Esportes que antigamente eram vistos como “coisa de quem não quer nada com a vida” hoje dão aula de superação, resiliência, disciplina e, de quebra, enchem os brasileiros de orgulho com medalhas olímpicas. Skate e surfe garantiram as primeiras vitórias do Brasil nos Jogos de Tóquio 2020. Teve o ouro de Ítalo Ferreira no surfe e as pratas de Rayssa Leal e Kelvin Hoefler no skate street, e de Pedro Barros no park. Mas quantas manobras precisaram ser feitas para encarar ambos os esportes com profissionalismo? A participação das marcas foi fundamental.

Com banho de coragem nas ondas e ousadia no asfalto, a Oi é uma delas. Em 19 anos de apoio aos dois esportes que entraram nos Jogos de Tóquio 2020 para rejuvenescer o programa olímpico, a marca patrocina o Oi STU Open no skate e o Oi Rio Pro, etapa brasileira da World Surf League (WSL). Já os surfistas Gabriel Medina, Ítalo Ferreira e Tatiana Weston-Webb, e os skatistas Letícia Bufoni, Pedro Barros e Davi Teixeira são os “atletas de fibra” da operadora, que associa o seu principal produto – a banda larga de alta velocidade – à garra dos atletas na campanha criada pela NBS.

Em dois meses, a ação registra um engajamento médio de 30%, inflada por estratégia da Artplan e Now A-Lab, do Grupo Dreamers, no Twitter. “Construímos um trabalho consistente a partir de valores importantes para a marca que fazem sentido para os atletas”, comenta Lívia Marquez, diretora de comunicação e mídia da Oi.

Rayssa Leal, medalha de prata no skate street de Tóquio, puxa inspiração da Nike para alavancar o avanço do esporte (Fotos:Gabriel Bianchini/Nike)

Outra que dá show na prancha e no skate é a Red Bull. A marca é parceira de 37 skatistas mundialmente. Yndiara Asp, Felipe Gustavo, Pedro Barros, Lucas Rabelo, Leticia Bufoni e Sandro Dias são os brasileiros. Entre os diversos formatos de competições realizados ao longo das últimas décadas estão Red Bull Bowl Rippers, Red Bull Skate Apolo Stages, Red Bull Mind The Gap, Red Bull Vert Evolution e Skate Generation.

O próximo destaque é para o Red Bull Paris Conquest, primeira competição mundial de street organizada após os Jogos Olímpicos de Tóquio. O público brasileiro poderá acompanhar o torneio ao vivo, em português, pela Red Bull TV, que também foi o streaming oficial do Campeonato Mundial de Skate Street, promovido em junho definindo as vagas para os Jogos de Tóquio.

A bebida energética oficial dos principais eventos do skate também sabe entrar no tubo. Do surfe, vem o patrocínio aos surfistas Carlos Burle, Lucas Chumbo, Adriano de Souza, Ítalo Ferreira, Mateus Herdy, Tainá Hinckel, Nicole Pacelli e Pedro Scooby, além de Bruna Kajiya (kitesurf) e Fink (skimboard). São mais de 44 atletas no mundo. Com as adjacências, o número sobe para mais de 60 nomes.

Presente há mais de 25 anos no esporte, a Red Bull ainda produz eventos proprietários como Red Bull Cape Fear, Red Bull Queen of the Bay e Red Bull Airborne – torneio de aéreos, que é realizado em algumas etapas do World Championship Tour (WCT). Também é patrocinadora oficial do Circuito Mundial de Surf, Big Wave Tour e Big Wave Awards.

Lívia Marquez, diretora de comunicação e mídia da Oi (Divulgação)

Nas alturas
A Corona pegou a mesma onda. Desde 2019, a cerveja da Ambev é patrocinadora global dos campeonatos da WSL e um ano antes já apoiava Gabriel Medina. Hoje, ainda tem Filipe Toledo, Tatiana Weston-Webb, Johanne Defay e Chloé Calmon no time conhecido como “brazilian storm”, que colocou o Brasil entre os destaques mundiais do esporte.

“Essa visibilidade faz com que mais pessoas se interessem pelo surfe e pratiquem o esporte”, reconhece João Pedro Zattar, head de marketing de Corona. A marca também ancora projetos como Surfistas Negras, Coolture Life e Salty Sisters, que oferecem aulas para mulheres. “O surfe exige alto nível de dedicação e disciplina, e uma relação de respeito e conexão com a natureza. Esses são alguns dos motivos pelos quais esse esporte representa os nossos valores”, complementa Zattar.

Além de derrubar percepções equivocadas, a repercussão vinda de Tóquio deve aproximar o surfe de uma audiência ainda maior. De acordo com dados do Ibope Repucom de 2019, o Brasil tem 54 milhões de pessoas acima dos 18 anos interessadas no estilo de vida do surfe e 25 milhões de fãs do esporte. No mesmo ano, a WSL contava três milhões de praticantes.

Gustavo Viana, da Fisia, distribuidora da Nike do Brasil (Divulgação)

Já o Instituto Brasileiro de Surf (Ibrasurf) estima que o esporte movimente R$ 7 bilhões ao ano com roupas – como a marca de surfwear Rip Curl -, além de pranchas e acessórios, segmentos tradicionais entre os patrocinadores do surfe, que hoje atrai também montadoras, operadoras, bancos, marcas de bebidas e até de luxo. “O surfe se transformou em uma plataforma de comunicação com o jovem e traz oportunidades para marcas que querem se ligar a superação, liberdade, natureza e bem-estar”, afirma Alexandre Zeni, CEO da Ibrasurf.

A mudança começou na década de 1980, seguida por resultados inéditos em campeonatos internacionais. A consolidação veio nos anos 2000, quando os artigos de surfe se firmaram como estilo de vida. Enquanto o consumo explodia entre os simpatizantes do esporte, os atletas buscavam o seu lugar ao sol. Até que, em 2014, Gabriel Medina conquistou o título de campeão mundial de surfe, repetido em 2018. “Percebemos hoje a retomada do consumo e do interesse pelo esporte”, observa Zeni, que promove a evolução do surfe por meio de projetos educativos e de capacitação para formar novas gerações.

Pulo radical
A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) vai na mesma toada. Competições, projetos sociais, escolas e construção de pistas públicas são os quatro pilares que moverão a entidade nos próximos anos. “Queremos fixar o skate como segundo esporte mais praticado pelo brasileiro”, diz Eduardo Musa, presidente da CBSk.

Bicampeão mundial, Gabriel Medina é um dos surfistas patrocinados pela cerveja Corona, da Ambev (Divulgação)

A evidência deflagrada nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 mostra o skate competitivo, o lifestyle e a cultura do esporte que, quem diria, chegou a ser proibido pelo então prefeito Jânio Quadros em São Paulo no ano de 1988. “Não estamos preocupados com tabus, e sim que as pessoas entendam o que o skate pode proporcionar”, crava Musa. Estima-se que hoje existam cerca de 8,5 milhões de skatistas no Brasil, segundo dados do Datafolha de 2019.

Amizade, união, alegria e diversão formam os principais ativos para as marcas que permeiam a comunidade. Entre elas, está a Nike, que patrocina Rayssa Leal, Letícia Bufoni, Pamela Rosa, Gabriela Mazetto, Luan Oliveira, Carlos Ribeiro e Vinicius Costa. Globalmente, estão Eric Koston, Paul Rodriguez, Nyjah Houston, Shane O’Neill e Ishod Wair, entre outros. Montada no início dos anos 2000, a divisão de skate da marca testemunhou a evolução da modalidade e o nascimento de talentos.

“A empolgação que os skatistas trazem para a competição é única e o engajamento nas redes sociais mostra a força do skate no Brasil”, comemora Gustavo Viana, diretor de marketing da Fisia, distribuidora oficial Nike do Brasil, que acrescenta: “Queremos que as pessoas encontrem no esporte o poder transformador para as suas vidas”. Inovação e tecnologia são as promessas da grife para continuar amparando os atletas que representam o país e inspiram os jovens.

Em parceria com o artista holandês Piet Parra, a marca ilustrou o uniforme oficial do skate e calçou atletas com modelos que usam uma tecnologia capaz de garantir segurança e conforto. Inspiração é outra frente de trabalho da Nike, que em julho lançou a campanha Novas Fadas, estrelada por Rayssa Leal.

A Oi patrocina os principais campeonatos e atletas ao longo de 19 anos de história no skate e também no surfe (Divulgação)

Com mais de 3,3 milhões de visualizações em poucos dias, a criação da Wieden+Kennedy São Paulo traz elementos lúdicos para incentivar outras meninas a mostrarem o seu talento. “O mais importante foi celebrar a jornada dessa atleta tão ímpar, além de gerar conversas acerca do poder do esporte”, frisa Viana. A Nike atende, por exemplo, 150 crianças e suas famílias com atividades realizadas há dez anos na ONG Social Skate, em Poá (SP).

Depois de ganhar o coração dos brasileiros, o skate segue a busca por prodígios. Na nova geração, está o curitibano Gui Khury, de apenas 12 anos, que já tem patrocínio da Chocolates Garoto, enquanto o banco BV convida o público para o Desafio do Skate no Instagram com Kelvin Hoefler, Pâmela Rosa, Yndiara Asp e Murilo Peres – atletas patrocinados pela instituição -, que pretende elevar a familiaridade das pessoas com o esporte.

Estouro
Nas redes sociais, o assunto dropou. Um vídeo postado por Rayssa Leal no dia 25 de julho atingiu o oitavo lugar no mundo, com 2,4 milhões de likes e mais de 41 mil comentários, segundo o Winnin Insights. Antes dos Jogos, Rayssa tinha cerca de 628 mil seguidores. Hoje, tem 6,5 milhões, alta de 850% em apenas um mês.

A análise integrada de social listening da Stilingue também confirma a euforia. Foram contabilizados 324 mil publicações sobre Rayssa de 23 a 26 de julho – quando veio a medalha de prata. O pico de registros ligados ao skate aconteceu um dia antes do pódio, com 194 mil publicações, sendo 52% feitas por mulheres. Os fones de ouvido usados pelos atletas chamaram a atenção dos usuários por não caírem durante as provas. Apple (3%), Samsung (2%) e Xiaomi (1%) foram as mais lembradas. Já Kelvin Hoefler foi citado em 99 mil posts.

Alçados a celebridades, os surfistas Ítalo Ferreira e Gabriel Medina movimentaram 189 mil posts entre os dias 26 e 27 de julho, datas das etapas decisivas do surfe em Tóquio. Os homens (51%) falaram mais sobre a conquista do potiguar Ítalo Ferreira do que as mulheres (41%). O restante veio de organizações. O Twitter foi a rede mais utilizada para comentar sobre o esporte (83%), seguida por portais de notícias (10%), Facebook (5%) e Instagram (1%). As hashtags mais utilizadas foram tokyo2020, surfing, jogosolímpicos e bra.