Marcelo Lenhard: agências têm que entregar comunicação mais personalizada e menos industrializada

 

Apesar do clima de incerteza na economia e de ter enfrentado um ano muito complicado em 2012, o setor de marketing promocional comemora os bons resultados e espera um 2013 melhor, mesmo que com certa cautela. De acordo com Marcelo Lenhard, vice-presidente da Ampro (Associação de Marketing Promocional) e sócio-diretor da Hands, foi um período difícil para o segmento, com muito trabalho e concorrência acirrada, mas as metas foram alcançadas, de uma forma geral, e a expectativa para este ano é de crescimento.

Ele lembrou que faz algum tempo que a atividade vem conquistando seu espaço e crescendo mais de dois dígitos ao ano. Segundo informações da entidade, há uma década, pelo menos, o segmento vem registrando crescimento de 13% e 19% ao ano. Em um universo de cerca de seis mil agências, o setor movimentou aproximadamente R$ 39,6 bilhões no país, em 2011. Mas, mesmo com esse otimismo, o executivo afirmou que os próximos anos não serão fáceis. Ele acredita que muitos players não sobreviverão, a menos que revejam suas estratégias e passem a oferecer um modelo de negócio que atenda as expectativas dos clientes. Para Lenhard, as agências têm que entregar uma comunicação mais personalizada e menos industrializada e é isso que fará a diferença.

O presidente da b!ferraz, José Boralli, também ressaltou as dificuldades de 2012 e disse que ficou bem abaixo das expectativas do mercado. Segundo ele, a agência conseguiu crescer e atingir suas metas, mas teve que trabalhar muito mais para isso. O executivo afirmou que “a briga” pelo mesmo pote foi muito grande, o que fez com que as agências trabalhassem com uma margem de lucro mais apertada, por causa da concorrência. Boralli também contou que o setor passou, no ano passado, por um momento de contenção, por causa dos eventos que virão. “Os anunciantes seguraram um pouco seus investimentos, pensando na Copa do Mundo e Olimpíadas”. O executivo acredita que 2013 será um ano economicamente melhor pelo próprio movimento do governo para a expansão do consumo, além da aproximação desses grandes eventos esportivos.

Seguindo o mesmo pensamento, o sócio-diretor de criação da NewStyle, Claudio Xavier, também destacou as dificuldades que o segmento enfrentou em 2012. Segundo ele, o mercado  passou por uma grande turbulência e houve um movimento de baixar o preço para conseguir trabalho. De acordo com o executivo, as agências que não tinham clientes fixos sofreram muito. A NewStyle, de acordo com ele, conseguiu atingir suas metas e crescer. O executivo também é otimista em relação a 2013, muito por conta da Copa do Mundo. “Já temos muitos projetos sendo feito em cima do tema futebol. Mesmo as agências que não vão trabalhar com os anunciantes ligados diretamente ao evento, vão ter muito o que explorar”.

Mais radical em sua avaliação, o presidente do Grupo Talkability, Fernando Figueiredo, acredita que 2012 foi um ano para ser esquecido. “Por incrível que pareça, atingimos todos os objetivos, mas tivemos que trabalhar dez vezes mais para que tudo desse certo”. Ele disse que nada de relevante aconteceu e, ao mesmo tempo, as marcas se prepararam para o grande espetáculo da Copa e das Olimpíadas que começam definitivamente agora.

O executivo ressaltou também que 2012 foi um ano em que alguns players saíram de cena e o crescimento econômico tão esperado não veio. Para o Talkability, segundo Figueiredo, foi um período de arrumação e consolidação. A holding cresceu 15%, contra 20% de 2011. Para este ano, ele acredita que a economia vai ter um combustível extra, por conta destes eventos. “Acredito muito em 2013. E projetamos 20% de crescimento”. Já Odilon Machado, presidente da Átomo Comunicação, afirmou que 2012 começou com muita expectativa positiva mas, na verdade, teve um movimento em que os clientes reviram metas e olharam para 2013 e 2104. Ele contou que, apesar dessa estagnação, a agência cresceu 15% sobre 2011. “Para 2013, estamos otimistas e já fechamos nosso planejamento, por conta das novas conquistas. Nossa meta é crescer 40%”.

As dificuldades de 2012 também foram ressaltadas por Marcel Sacco, CEO da Holding Clube. Ele lembrou que “havia uma expectativa muito grande de que haveria uma aceleração na economia, mas não aconteceu”. Para Sacco, o primeiro semestre foi de muito trabalho, mas pouca coisa na rua acontecendo de fato. Mas o segundo semestre, de acordo com ele, foi muito positivo, já que os anunciantes tinham que vender para compensar o fraco começo de ano e isso foi positivo para o setor.

Para sua empresa, porém, foi um ano bom. “Primeiro, porque somos o grupo mais atuante com as atividades de Copa do Mundo. Lançamos o Mascote e temos mais dois projetos encaminhados”, indicou. A Holding também esteve envolvida com outro grande evento, que foi o Salão do Automóvel. Sacco, porém, não é tão otimista para 2013. Ele acredita que vai ser um ano complicado, “já que tem ocorrido um aumento da inflação, uma desordem no governo, tentativas de fazer o Brasil crescer que não vem dando certo”.

Segundo o executivo, os eventos esportivos como a Copa das Confederações, por exemplo, não têm força para mudar um cenário negativo. Por conta disso, ele acredita que este deve ser um ano de indecisão. O crescimento declarado da Holding Clube em 2012 foi de 11%.