Agrupar expertises distintas que, trabalhando em parceria, otimizam o trabalho de comunicação. Este é o conceito de The Village, estratégia utilizada pela M&C Saatchi de Londres e Paris, que, aos poucos, vai se disseminando pelas demais filiais da agência. Em visita ao Brasil para implementar The Village no País, Moray MacLennan, ceo mundial da M&C Saatchi, conversou com o propmark e falou sobre a expansão do grupo, projetos para 2010, desempenho dos novos escritórios e a diferença entre Saatchi&Saatchi e M&C Saatchi.

EXPANSÃO
“Em 2009, a M&C Saatchi abriu cinco novos escritórios ao redor do mundo, sendo um deles em São Paulo. Os demais foram em Tóquio, Genebra, Cingapura e Qingxin. Agora nós temos 22 escritórios espalhados pelo mundo. Algumas pessoas acharam loucura abrirmos novas unidades bem no meio do pior momento econômico mundial dos últimos anos. Mas a empresa achou que mesmo assim seria bom para nós em vários aspectos, até mesmo no Japão [um dos países que mais sofreram com a recessão econômica]. Se você é uma grande empresa, você vai sofrer com um mercado ruim, mas se ainda não começou, não tem nada a perder! E eu acredito que, em período de recessão, as pessoas procuram serviços diferentes. Algo rápido, eficiente, menos burocrático. No Japão temos cinco pessoas com grandes redes de relacionamento. É um grande mercado, difícil, como o Brasil. Os dois são similares em certos aspectos: competitivos e altamente criativos. Sabemos que existe um risco, mas nós gostamos de plantar a semente e esperar a árvore florescer. E é um bom momento para esta plantação. E não esperamos resultados da noite para o dia.”

2010
“Neste mês, vamos abrir dois escritórios na África do Sul: um em Capetown e outro em Joanesburgo. Outra parte do plano é estar nos Estados Unidos, em Los Angeles, além de achar um parceiro em Nova York. Mas lá será uma joint venture. E também haverá parcerias em outras regiões do mundo, mas que eu não posso falar agora. Nosso crescimento este ano será de 25% ou 26%, não mais que isso. Nós fizemos uma parceria na Rússia. E talvez teremos algo na Escandinávia devido ao expertise digital em Estocolmo. Também estudamos o Oriente Médio devido ao desenvolvimento rápido e ao mercado de lá. Itália também é uma possibilidade para fechar o círculo europeu. Todas essas regiões que citei serão apenas parcerias.”

BALANÇO
“O escritório do Japão teve um bom começo com fortes planos. Estou feliz com o trabalho deles. É preciso esperar 18 meses para ver resultados, pois é um mercado grande. Já em Cingapura, o maior motivo de termos aberto um escritório lá é a conta do AMZ Bank na região. Eles têm dois importantes clientes: AIA Insurence e AMZ Bank. E em relação à Qingxin, nós resolvemos abrir um escritório lá porque a cidade está localizada ao norte de Pequim, uma região rica. Já temos escritórios em Xangai e Pequim, e como a China é um país continental, achamos necessário ter outro escritório. Genebra, por sua vez, é um mercado interessante: é pequeno, algo em torno de 200 mil pessoas. Mas concentra uma forte infraestrutura com 80 das maiores organizações: Procter&Gamble, Nestlé, Cruz Vermelha, Fifa…”

BRASIL
“Brasil é um mercado interessante porque é criativo e tem proporções continentais. O País é a economia mais dinâmica e forte da região. E fomos aconselhados a operar em São Paulo. Eu acho que eles [o escritório brasileiro] fazem um bom trabalho e aguardam o seu momento.”

THE VILLAGE
“Em 1999, nós começamos a pensar nos clientes como um consumidor: o que eles querem que o mercado internacional não está oferecendo? E o que eles realmente queriam eram pessoas boas para trabalhar juntos, nada complicado. Então, mostramos que tínhamos pessoas experientes e oferecemos essa opção para eles. É um sistema bem flexível, bem informal. E funcionou bem! Em Paris, o projeto The Village começou em 2006 e já tiveram a capacidade de montar a sua rede de expertise. Por isso estou aqui no Brasil discutindo como fazer parcerias com outras agências de outras especialidades. A expansão do The Village está sendo feita em todo o mundo.”

PASSADO X PRESENTE
“Quando a Saatchi&Saatchi era uma das maiores agências do mundo, o modelo de expansão era por meio de aquisição. E cresceu muito rápido e tornou-se a maior rede do mundo. Num segundo momento, quando já era M&C Saatchi, o grupo optou por não fazer nenhuma aquisição, somente crescimento orgânico com pequenos anunciantes, mas diferentes. E a M&C Saatchi hoje é bem diferente da Saatchi&Saatchi do passado. Sempre existe risco, nunca teremos 100% de sucesso e crescimento. Mas estamos indo bem.”

por Maria Fernanda Malozzi