O ano de 2017 foi difícil para os jornais, assim como foi 2016, em função das profundas mudanças que vêm ocorrendo no mercado de comunicação ao redor do mundo e em decorrência da grave recessão econômica do Brasil, mas há razões para acreditar que 2018 será melhor. É assim que Ricardo Pedreira, diretor-executivo da ANJ (Associação Nacional de Jornais), resume o período.

“Os jornais brasileiros estão passando por ajustes, reduzindo custos e construindo caminhos para gerar mais receitas. Há uma clara tendência de buscar cada vez mais receitas com as assinaturas digitais, que estão crescendo. Na publicidade, os conteúdos patrocinados ganharam destaque e muitos jornais criaram núcleos especializados na produção desses conteúdos publicitários com qualidade editorial”, comenta.

Um desses núcleos é o G.Lab, estúdio de produção de conteúdo de Infoglobo, Editora Globo e Valor Econômico, apresentado na metade de 2017. Segundo Virginia Any, diretora de mercado anunciante das três empresas, nos primeiros quatro meses da integração das marcas, foram mais de 60 projetos. “E tivemos semanas com mais de dez eventos sendo realizados em São Paulo e Rio de Janeiro, trazendo para o mercado anunciante novas narrativas, causas e oportunidades de experiências para seus consumidores”, acrescenta, citando o evento Cidadão Global, com Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, que teve entrega cross marcas e plataformas.

Ao rever 2017 como um todo, Virginia também faz um balanço otimista. Ela enxerga oportunidade de crescimento de publicidade, tanto na plataforma impressa quanto no que nomearam internamente como “vetores de transformação”: digital e projetos. “Ficou claro que a integração de marcas fortes, consistentes e com autoridade nos seus segmentos conquista a atenção dos anunciantes.”

Para Marcelo Moraes, diretor de marketing de O Estado de S.Paulo, o grande avanço neste ano foi o amadurecimento de ser cada vez mais multiplataforma e digital. Um dos pilares dessa transformação é o Media Lab, plataforma que reúne os projetos especiais de publicidade e oferece iniciativas para branded content, eventos, redes sociais, mídia impressa, digital e rádio. Outro é o Estadão Drops, noticiário interativo do jornal no Instagram, que usa o recurso Stories, que permite publicar fotos e vídeos que ficam no ar por 24 horas. Criado em julho pela equipe de mídias sociais do diário, nele os repórteres falam do conteúdo de forma descontraída.

As chamadas têm links para as respectivas reportagens, gerando tráfego para o site do Estadão. O projeto também mostra os bastidores do jornal, como reuniões de pauta e o setor de distribuição do impresso. Até setembro, o Drops foi de 3 milhões para 6 milhões de visualizações.

Moraes também destaca o projeto De real para realidade, que tornou tangíveis os números da corrupção, premiado no Cannes Lions e em diversos festivais; o crescimento de 27% nas assinaturas digitais; e o Eztadão, projeto em parceria com a Motorola e a F.Biz, em que a redação utilizou aparelhos Moto Z com moto snaps para fotografar e gravar os conteúdos. “São aplicações práticas da estratégia de levar o Estadão onde os leitores estão e na linguagem deles. Mas é o mesmo Estadão, a mesma essência”, reforça.

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