A busca pela alimentação equilibrada tem sido tendência observada pela indústria alimentícia nos últimos anos. Mas a pandemia da Covid-19 acelerou alguns hábitos dos consumidores, que ao mesmo tempo que escolhem melhor o que colocam no prato, em busca de mais saúde, melhora na imunidade, energia e disposição, também esperam outros atributos e valores, como sabor e indulgência. A preocupação com o meio ambiente também ganha novo valor, com questionamentos sobre a origem dos alimentos, sustentabilidade e manejo da água.

Ana Ferrell, vice-presidente de marketing da ADM (Divulgação)

Essas foram algumas das descobertas da pesquisa ADM OutsideVoice, realizada com consumidores no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e China. Conduzido pela ADM, grupo global especializado em nutrição, o estudo identificou seis mudanças comportamentais que impulsionarão a inovação da indústria alimentícia e tendem a crescer nos próximos meses. “Este ano tem sido atípico e extremamente transformador no que tange ao comportamento do consumidor sobre estilo de vida. O que identificamos é que, em meio a tantas incertezas, as pessoas estão mais antenadas, voltadas a escolhas com propósito na alimentação. Isso aconteceu de forma acelerada. Elas estão questionando a relação entre nutrição e saúde, quais reflexos levam a deixá-las mais suscetíveis ou em risco”, explica Ana Ferrell, vice-presidente de marketing da ADM.

Nesse contexto, a pesquisa revelou que 77% dos consumidores têm intenção de manterem-se saudáveis no futuro. Segundo a executiva, o dado evidencia uma oportunidade para fabricantes de alimentos e bebidas. Sairá na frente quem conseguir equilibrar aspectos relativos à saúde e ao bem-estar a novas demandas também ligadas às emoções: “Identificamos que 35% dos consumidores globalmente estão preocupados com esse equilíbrio em relação à saúde mental. O isolamento físico causou em alguns segmentos da população uma sensação de limitação e depressão, o que fez com que todos buscassem alimentos mais nostálgicos, indulgentes que ajudam a administrar o estresse de um ano com tantas incertezas”, afirma.

A chamada indulgência permissiva, em que o consumidor busca alimentos que dão prazer e sensação de conforto emocional, fez acelerar o consumo de snacks, bolachas e chocolates, entre outros. Para Ana, o cenário revela uma grande dicotomia entre o desejo de permanecer saudável e os anseios por uma alimentação mais saborosa ligada a questões emotivas.
Outra característica observada na pandemia é o interesse crescente por formas de fortalecer a imunidade, que é também uma preocupação muito emblemática. Não à toa, no mês de abril, as buscas do Google pelo assunto tiveram alto índice. “Identificamos um consumo elevado de suplementos e vitaminas que complementam a alimentação. Nesse sentido, observamos o crescimento de empresas buscando inovações que entreguem soluções com benefícios funcionais tanto para dormir melhor, quanto para ter mais disposição. O tema começa a direcionar trabalhos de inovação para lançamentos previstos para o ano que vem”.

Para a executiva, alimentos baseados no conceito precision nutrition devem ganhar mais espaço nas prateleiras com proposta de trazer intervenção natural e personalizada a necessidades de saúde.