Daniel Queiroz, presidente da Fenapro, defende entregas com viés mais consultivo (Divulgação)

O publicitário Daniel Queiroz assumiu a presidência da Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) em dezembro de 2019, apenas três meses antes de a Covid-19 virar o mercado publicitário aos avessos.

O sócio da Ampla Comunicação analisa o primeiro dos três anos de seu mandato – vigente entre 2020 e 2022 – deixando um alerta para os empresários que enxergam o trabalho remoto como uma oportunidade de corte de custos e alívio nas despesas. “Eles podem ter problema no médio e longo prazo. Não existe fórmula pronta. Cada caso é um caso, e devemos tomar muito cuidado com ‘modismos’”.

Monitoramento e ajustes são essenciais para continuar extraindo produtividade desse formato de trabalho, que trouxe resultados e segurança às pessoas. A orientação de Queiroz é para que as linhas de orçamento, antes destinadas à estrutura física, passem a ser aplicadas em gestão de pessoas, processos e desempenho.

Dados da Fenapro mostram que 22% das agências colocam a equipe como principal desafio, superando questões de mercado e finanças. “O foco interno fez com que um terço das empresas encontrassem meios para a retomada de forma mais rápida e eficiente”, frisa Queiroz.

De acordo com o executivo, a eficácia pode ser ainda maior se estiver coberta por uma atuação mais consultiva, postura que no último trimestre de 2020 já ajudou o setor a se recuperar.

“Acreditamos que as agências devam se reposicionar para que suas entregas sejam mais consultivas, ampliando seu portfólio de serviços, oferecendo soluções de planejamento estratégico, business intelligence e ferramentas digitais e de dados, além do fortalecimento de núcleos de serviços para as mídias digitais”, enumera Queiroz. “Quanto mais mecânica e comoditizada, mais arriscada fica a disputa por um espaço que não destaca ninguém”, avisa.

Reinvenção, oferta de serviços relevantes para o momento e transformação digital também contribuíram para a retomada aferida no fim do ano passado. Em 2021, as ferramentas tecnológicas podem ser cada vez mais utilizadas para ancorar prospecções e as agências devem realizar também campanhas e ações sociais de apoio a pequenas empresas.

“Precisamos desenvolver o mercado, e mostrar o valor da propaganda para os negócios”, lembra Queiroz. Internamente, destacam-se iniciativas de redução dos custos fixos e de produção de campanhas, além de contratações sob demanda de freelancers em modelos mais flexíveis. A adoção de ferramentas de gestão modernas, como OKR (do inglês, Objectives and Key Results), e métodos ágeis são outras soluções capazes de elevar o foco estratégico das equipes.

Para ajudar nesta jornada, a Fenapro pretende lançar neste ano um projeto de ensino a distância chamado P2C3, baseado na lógica da formação de preço, propostas, contratos, controles e compliance. “Esta ação de capacitação será um marco para o futuro das agências que, em sua grande maioria, terminam não atentando para aspectos de gestão que fazem diferença no resultado”, acredita Queiroz.

Em 2020, a Fenapro firmou 16 parcerias voltadas para o aprimoramento profissional. Foram 11 na categoria de formação, três sobre ferramentas e duas referentes a eventos online. Além de atuar na defesa e proteção do negócio, o sistema Sinapro/Fenapro investe em iniciativas que auxiliam as agências em seus processos de transformação.

A pesquisa VanPro (Visão de Ambiente de Negócios em Agências de Propaganda) e as lives semanais Chacoalha e Dica Legal levaram embasamento às decisões tomadas pelos dirigentes do setor ao lado dos papers, da curadoria de notícias apresentadas no Overview e Giro Semanal, além das parcerias comerciais e de todo o aparato de suporte a consultas jurídicas. Os programas semanais serão retomados no próximo mês de março.