Um grupo de publicitárias acaba de apresentar o projeto More Grls, plataforma que tem o objetivo de ser um mapa de talentos criativos femininos nas áreas de propaganda, conteúdo e design.
Uma das metas é que as agências assumam o compromisso de ter 50% de mulheres na criação até 2020 e que os clientes pressionem as agências por transparência. A iniciativa também pretende sensibilizar jornalistas para que usem mais mulheres como fontes e que recrutadores tenham sempre o mesmo número de criativos e criativas em seus processos seletivos.
O movimento é apoiado pela Dentsu Aegis Network, holding à qual pertence o Isobar Brasil Group, e onde o projeto foi criado. Todo o trabalho é liderado por Camila Moletta, head of design do Isobar Brasil Group, e Laura Florence, VP de criação da LOV.
Uma das motivações da ideia está em dados como os do estudo TodXs, análise da representatividade na publicidade brasileira, de 2017. A pesquisa apontou que a mulher responde por 85% do poder de compra no país, mas 65% das brasileiras não se sentem representadas pela publicidade nacional. Já na representação do feminino em peças publicitárias, problemas como machismo, violência simbólica, inferiorização, estereótipos e discriminação são algumas alegações frequentes.
Na visão de Camila e Laura, essa realidade é explicada, em parte, pela ausência de representatividade da mulher dentro das agências. E encontrar e reconhecer as mulheres em atuação e dar visibilidade a essas criativas do mercado fazem parte dos objetivos da plataforma.
Camila explica que as agências brasileiras em geral vivem uma realidade de falta de diversidade, tendo apenas 2% de mulheres na liderança criativa dessas empresas e só 20% dos criativos são mulheres. “Temos visto as mesmas mensagens na publicidade nacional porque os responsáveis pela criação dessas mensagens são sempre os mesmos. Sabemos que há muito a ser feito: acabar com a disparidade salarial entre homens e mulheres, mentoria de criativas que estão entrando no mercado, conversar sobre o que é ser uma liderança feminina hoje etc, mas acreditamos que o primeiro passo é o mapeamento dessas mulheres no mercado de trabalho”, comenta.
Laura reforça o objetivo de ter mais mulheres com voz na criação para criar as reais garotas propaganda. “Criamos a plataforma para que as mulheres tenham mais e melhores oportunidades em suas carreiras e que sejam lembradas também por organizadores de júri e jornalistas, por exemplo, e, principalmente, por clientes –que, sem dúvida, são aceleradores importantes nesse processo”, explica.
As interessadas em participar devem acessar a plataforma More Grls no site e se cadastrar com informações como dados pessoais, experiência, habilidades profissionais e um trabalho de portfólio.
Segundo a Dentsu, a More Grls tem o engajamento de todos os funcionários de todas as empresas do grupo no mercado brasileiro. Claudia Colaferro, CEO do grupo DAN para a América Latina, acredita que o projeto integra um movimento para promover a igualdade de gênero e a diversidade como condição indissociável para a inovação. Além de ser uma excelente chance para as organizações se comprometerem a ampliar o espaço para as mulheres.
“O meu papel é convidar e incentivar outras lideranças da nossa indústria – agências, grupos, veículos e clientes – para que selem seu compromisso de buscar nessa plataforma talentos criativos, de design e tecnologia, as mulheres que nos de verdade nos ajudarão a promover criações e um mercado mais igualitário, diverso e com melhores resultados para todos os stakeholders”, afirma.
Participaram do projeto Laura Florence, Camila Moletta, Fabiana Nakasone, Marina Castilho, Renato Michalischen, Nataly Oliani, Marcelo Soares, Leonardo Golob, Milena Zindeluk, Ana Esteves, Tatiana Pereira, Luciana Lins, Caroline Lazarini, Mônica Deda, Paula Paes, Marina Dorgan, Renata Decoussau, Fernanda Curi, Livia Fonseca, Giselle Itié, Juliana Curi, Sheila Souza e Tiago Carneiro Leão
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