O estudo ‘Um retrato sobre Creators Pretos no Brasil’ mostrou a disparidade racial dentro do universo dos creators. A pesquisa – que levou em consideração os critérios de identificação utilizados pelo IBGE – revelou que, do total de respondentes, 57% dos criadores de conteúdos são brancos, 22% são pardos, 17% são negros, 3% são amarelos e 1% são indígenas.

Quando perguntados se já haviam participado de alguma campanha, 64% afirmaram que sim. Entretanto, no recorte racial, os influencers que se consideram negros têm a menor participação entre as raças: pouco mais da metade já participou de alguma ação publicitária, mas a taxa está 17,2% menor que a média das respostas, revelou o estudo.

Para tentar reverter a situação, a agência de marketing de influência Mynd lançou o ‘Wakanda is Here’, projeto que tem o objetivo de impulsionar a negritude na publicidade e incentivar as marcas e anunciantes a ampliarem suas propostas a creators negros – detalhe: para além da fala sócio-racial.

Participante do BBB21, Camilla de Lucas é uma das creators negras no casting da Mynd (Divulgação)

Com isso, a ideia é tornar cada vez mais comum criadores de conteúdo pretos em campanhas, não por cota e sim por match com o briefing e segmento. Head do Núcleo de Creators Pretos, Julio Beltrão explica que a agência já tenta equalizar as propostas e curadorias, independente se a marca pedir ou não. “No entanto, hoje, a gente quer ter ainda mais nomes no time, com pessoas que tenham relevância, assuntos e territórios diferentes para que possamos cada vez mais aumentar esse objetivo”, disse.

Thelma Assis, vencedora da edição do BBB20: ação com a Cor&Ton (Divulgação)

Mas esse objetivo vai ainda mais além de números, índices e outras coisas tangíveis. “Temos como meta continuar transformando vidas de creators negros”, enfatiza. Como exemplo, Beltrão falou da Tia Má, que recentemente anunciou que está comprando sua própria casa após fazer diversos publis. “A gente mostra que a partir da publicidade, da conversa, de uma coisa quase que professoral, que estamos mudando a cabeça das agências, colocando cada vez mais pretos nos feeds”, afirmou.

Segundo Beltrão, o projeto já nasce com alta procura. Um dos primeiros eventos, ele cita, foi a live da Consciência Negra, que aconteceu em 2020, que teve a participação de marcas como a Nivea. “Além desse projeto, conseguimos impulsionar carreiras iniciantes, como é o caso da Cecília Chancez, que a gente está trazendo para o universo da publicidade e recentemente fechamos um contrato bem legal com uma marca de absorventes”, contou.

A Mynd tem em seu casting nomes como Camilla de Lucas, atualmente no BBB21, o podcaster Ale Garcia, Babu Santana, João Luiz, ex-BBB21, entre outros. Ao todo são 27 creators negros na agência, mas a previsão, de acordo com o executivo, é aumentar a lista e chegar ao fim deste ano com 40 agenciados. “Temos certeza de que se tem um território que precisamos incluir uma pessoa preta e essa pessoa tem os números, índices e engajamento que a marca precisa, vamos lutar para essa pessoa estar lá”, explica.