Vivo e Simba assinaram um acordo, na última terça-feira (01), para manter a distribuição dos canais RecordTV, Rede TV! e SBT aos assinantes. No final de junho, a Proteste e a Inadec sugeriram o reestabelecimento dos canais que haviam sido retirados das operadoras de TV paga, como Oi, Sky, ClaroTV e Net. A Vivo, por sua vez, não chegou a interromper a transmissão e continuou veiculando normalmente os canais desde março, quando a Simba iniciou as negociações para conseguir remuneração pelo fornecimento do sinal digital às operadoras.

A Simba ainda não se pronunciou sobre o assunto e a Vivo confirmou em nota a assinatura do acordo. Fontes do mercado afirmam que essa é a primeira fonte de receita conquistada pela joint-venture. No entanto, sobre a presença ou não de remuneração nesse novo compromisso, nem a Simba e nem a Vivo comentaram a respeito.  

As negociações sem sucesso com as operadoras de TV a cabo podem ter sido uma estratégia falha por parte das emissoras, afirma o professor Vagner Matrone, coordenador do curso de Radio/TV da Faap. A distribuição nas grandes cidades, explica, é feita em muitos casos pelas operadoras. “Em São Paulo, por exemplo, as pessoas têm acesso aos canais abertos por meio da TV paga. Isso porque o sinal convencional não tem uma boa captação por conta da configuração das cidades, assim como as antenas coletivas nos prédios são cada vez menos comuns. Com essa realidade, as três emissoras perdem importantes distribuidores e não acredito ter sido uma atitude inteligente”, comenta o professor. 

Para Matrone, as consequências dessas negociações podem ser vistas na queda de audiência e faturamento, resultando na redução dos acordos com clientes. “Não acredito que o Brasil deveria ter uma organização como a Simba para cuidar de interesses comuns. Cada emissora deveria negociar individualmente a distribuição de seu canal. Mesmo que elas se unam para produzir conteúdo e comercializá-lo, é questionável a qualidade desses produtos ao levar em consideração a redução de faturamento”.

Além disso, apesar da TV por assinatura não estar presente na maioria das casas brasileiras e não ser a principal fonte de sinal de TV aberta fora das capitais, as medições de audiência são feitas em grandes praças, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. “Todas as pesquisas e projeções de marketing são realizadas com base nas leituras do Ibope nessas grandes regiões. Se não há consumo, o faturamento é prejudicado. O que acontece em uma cidade como São Paulo, por exemplo, é muito importante”.