1. Dados do Ibope Media publicados na última edição (25/8) do propmark registraram um crescimento de 14,6% em compra de mídia pelo mercado publicitário brasileiro no primeiro semestre deste ano, em comparação com o primeiro semestre de 2013.
O valor total dessa compra atingiu R$ 59,7 bilhões em valores brutos (desconsiderando os descontos dos veículos).
Embora a Copa do Mundo tenha grande influência nesse resultado (o total do primeiro semestre de 2013 foi de R$ 52 bilhões), não pode deixar de ser comemorado o aumento de investimentos publicitários verificado, levando-se em conta que já desde o último trimestre de 2013, o mercado acusava dificuldades na concretização dos negócios, tendência que se agravou do início deste ano para cá.
Há previsões nada animadoras para estes últimos quatro meses do ano, as quais – segundo os mais experimentados analistas econômicos – tendem a se agravar no transcorrer de todo o ano de 2015.
A causa maior reside nos ajustes que deverão ser realizados na economia pelo novo governo a ser eleito em outubro próximo, ainda que Dilma vença o pleito.
Energia, combustível e outras demandas correm o risco de sérios tarifaços, dificultando o avanço dos investimentos na comunicação do marketing.
2. No relatório do Ibope Media, há um dado que merece reflexão: as principais agências de propaganda do ranking por ele possibilitado, elencando as 50 maiores no primeiro semestre deste ano, são pela ordem e com raras exceções as que mais investiram na publicidade de si próprias.
Antes que se formule ironicamente o quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha, ou seja, mais anunciaram porque mais poder de fogo possuíram, ou mais poder de fogo possuíram porque mais anunciaram, nossa experiência no trato com esse segmento particular do mercado indica a certeza nesta última hipótese.
Na lista, do 1º ao 10º lugar, apenas uma delas é refratária a investir na autopublicidade. Do 11º ao 15º elas investem menos que as 10 primeiras (descontada a exceção mencionada), porém investem de forma razoável, quase se equiparando (todas) às que compõem o primeiro bloco.
Do 16º ao 20º lugar, temos duas agências que pouco ou nada investem e três que estão investindo menos do que já praticaram em passado recente.
Daí em diante, até o 50º lugar, encontram-se algumas (poucas) que acreditam no remédio que receitam aos seus clientes, porém com certa parcimônia. E muitas – a maioria – que pouco se preocupam com isso, justificando quem sabe o seu próprio tamanho no período.
O que o cenário aponta é para o óbvio: as agências, enquanto empresas, também devem se divulgar, mostrar seus serviços, a qualidade dos mesmos, os cases de sucesso dos quais são parceiras e assim por diante.
As que se retraem nesse tipo de comportamento, alegando falta de tempo ou de verba, ou ambos os motivos, correm o risco de repetirem suas colocações nos próximos rankings e até piorá-las.
Uma reflexão sobre o tema faz-se necessária.
3. José Zaragoza lançou oficialmente na última quinta-feira (28), na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi (SP), seu livro “Zaragoza e Amigos – Ideias Premiadas”, trabalho que é um registro dos prêmios que o autor recebeu nos seus mais de 50 anos de atividades profissionais. Na sua elaboração, contou com o apoio de Roberto Duailibi e Flávio Conti, além de textos escritos por estes e por Neil Ferreira e João Augusto Palhares Netto.
A obra de Zaragoza, observada a um só fôlego através do folhear de uma brochura que também se transforma em obra de artista, dá uma ideia para os mais jovens e que por isso não viveram a primeira metade da vida da DPZ, do que representou e representa essa agência na criação de uma publicidade brasileira moderna e eficaz, construindo valiosas marcas com a sua indispensável ajuda.
O livro lembra, sem precisar que isso nele seja dito sob palavras, porque a propaganda brasileira em poucas décadas saiu de pastora a rainha.
4. A Anatec (Associação Nacional de Editores de Publicações) e a Garrido Marketing realizaram, também na última quinta-feira, a entrega do 10º Prêmio Anatec – Os Melhores da Mídia Segmentada, mostrando através dos cases vencedores, porque é tão forte e importante o setor em nosso país.
Além dos prêmios atribuídos aos cases, o Conselho de Administração da Anatec escolheu três empresários/profissionais para serem homenageados na versão deste ano da premiação: Daniel Chalfon, presidente do Grupo de Mídia de São Paulo, escolhido como o Profissional de Mídia do Ano; Paulo Lima, publisher da Trip Editora, como Personalidade do Ano; e Rafael Sampaio (ex-ABA), como Jornalista do Ano (Sampaio editou no passado o propmark, então Asteriscos).
O Conselho da Anatec conferiu também à Artplan o título de Agência do Ano.
5. Merece registro o criativo e destacado copy do anúncio da agência F/Nazca Saatchi & Saatchi veiculado em página inteira na edição de julho/agosto da Revista da ESPM, em circulação.
Sob o título “Ode aos Inconformistas”, o texto (o anúncio é só de texto) em estrofes a eles se dirige, iniciando com “Nobres, cujas derrotas são mais sofridas e mais doloridas”, mudando para “Bravos, que não veem a desistência como uma possibilidade” e por aí vai, realçando as qualidades dos inconformistas, até chegar ao epílogo: “Adoráveis apaixonados, todos vocês, membros da resistência, resistam. Não deixem que as linhas inimigas levem sua alma. Fazer bem-feito é a maior vingança”.
Nossos cumprimentos ao redator, a quem aprovou e à agência que assinou embaixo, completando: “Não é fábrica. É artesanato”.
Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2513 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 1º de setembro de 2014