Estamos cansados de ouvir falar em desigualdade. E se nada fizermos, se não nos manifestarmos, agirmos, e de forma conjunta e solidária não mergulharmos de cabeça na busca de uma solução, a única certeza que temos é que a desigualdade só tende a se exacerbar, aumentar… Explodir!
Agora, o que se imaginava mais que confirmado. A desigualdade se faz presente até e principalmente na partida.
Meses atrás, um retrato trágico e cruel da desigualdade em nossa querida cidade de São Paulo. E, dentre as vítimas, muitos de nossos melhores e mais queridos amigos e parentes.
São aqueles que moram longe. E, por morarem longe, morrem antes. Os condenados a vida breve estão do nosso e ao nosso lado. Olhe você agora, ali, naquela mesa e sorrindo para você. Ele e mais uns dois ou três nessa situação.
Trabalham na mesma empresa que trabalhamos. Ou, e outros, prestam serviços para nós. Na aparência, rigorosamente semelhantes a nós. Sorriem. Estendem a mão. Dizem bom dia, parabéns e feliz Natal. Apenas moram longe e pior. E por isso estão condenados a partir antes. Morrer cedo. Partem sob a música de Renato Russo, “os bons morrem cedo…”.
Essa é a revelação de mais uma rodada do Mapa da Desigualdade sob a responsabilidade da Rede Nossa São Paulo. Nos jornais que noticiaram mais uma rodada da pesquisa, os dados do Desigualômetro. Uma espécie de métrica da desigualdade.
E quando se chegou aos números da mortalidade, ou de expectativa de vida nos diferentes bairros da cidade, ninguém mais conseguiu prestar atenção em qualquer dos outros índices. Todos se revelaram patéticos e revoltados no primeiro momento; e, na sequência, envergonhados.
Dependendo do bairro onde você viva na cidade de São Paulo, sua expectativa de vida pode ser, arredondando, 20 anos e pouco a mais, e ou, 20 anos e pouco a menos de vida. Os dois extremos no Mapa são Jardim Ângela x Jardins.
Residentes do Jardim Ângela morrem em média com 55,7 anos de vida. Dos Jardins, com 79,4 de vida. Ou, quem mora nos Jardins, na média, vive 24 anos a mais, arredondando, do que os que moram no Jardim Ângela.
Os índices de mortalidade precoce são maiores nos bairros de Jardim Ângela, 55,7; Anhanguera, 56,4; Cidade Tiradentes, 57,3; Lajeado, 58,1; e, Grajaú, 58,2. Os de longevidade são maiores no Jardim Paulista, 79,4; Moema, 79,2; Consolação, 78,9; Pinheiros, 78,7; e, Itaim-Bibi, 78,6.
Pobres e distantes têm índices de mortalidade infantil muito maior que os dos Jardins. E, quando ultrapassam a infância e chegam à juventude, piora; morrem aos borbotões. E fez-se o silêncio. É isso mesmo? Eu precisava compartilhar isso com vocês. Como se não bastasse, e para os que moram longe, as apólices de seguro custam muito mais caro, vivem horas a menos a cada dia pelas 2, 3 e 4 ou mais horas mortas nos transportes de ida e vinda.
E tudo é mais caro nos supermercados. Aqui, no MadiaMundoMarketing, alguns de nossos queridos colaboradores compram na feira livre da Barão de Capanema, Jardins, porque os produtos são melhores e mais baratos do que o da feira nos bairros onde moram…
Só falta Deus não existir.
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing(famadia@madiamm.com.br)
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