Ao longo dessa quarta-feira (1º) motoboys e entregadores fazem um boicote nacional a aplicativos de entrega como iFood, Rappi, Uber Eats, e de logística como Loggi.
A paralisação tem o objetivo de alcançar melhores condições de trabalho em meio à pandemia de Covid-19. Os profissionais já haviam feito um buzinaço em abril e um protesto no começo de junho.
De acordo com reportagem da Folha, de março deste ano, os motoboys passaram a correr mais riscos durante a pandemia pelo tempo que eles gastam em supermercados para abastecer as pessoas que estão em casa.
Entre as reivindicações estão o aumento no pagamento das corridas e taxas mínimas, seguro de vida e para roubos e acidentes, e um voucher para comprar equipamentos como luvas e máscaras.
Como forma de apoio, a categoria pede que as pessoas não façam pedidos ao longo do dia e que deem nota baixa na avaliação dos aplicativos. Em redes sociais internautas que apoiam o movimento estão usando a #brequedosapps.
Procurado, o iFood, que atualmente tem 170 mil entregadores cadastrados, afirmou que apoia a liberdade de expressão e que não vai desativar os profissionais que participarem de movimentos.
A empresa comenta que o valor médio das rotas é de R$ 8,46. Esse valor é calculado usando fatores como a distância percorrida entre o restaurante e o cliente, uma taxa pela coleta do pedido no restaurante e uma taxa pela entrega ao cliente, além de variações referentes a cidade, dia da semana e veículo utilizado. “Em maio, o valor médio por hora dos entregadores foi de R$ 21,80. Para fins de comparação apenas, esse valor é 4,6 vezes maior do que o valor por hora tendo como base o salário mínimo vigente no país. Esses entregadores foram responsáveis por 74% dos pedidos. Pelos dados do iFood, os ganhos médios mensais do grupo que têm a atividade de entregas como fonte principal de renda (37% do total) aumentaram 70% em maio quando comparados a fevereiro”, comenta.
Quanto a seguros, a empresa informa que desde o fim de 2019 oferece a todos os entregadores cadastrados em sua plataforma o Seguro de Acidente Pessoal. A iniciativa operacionalizada pela MetLife e pela MDS cobre despesas médicas e odontológicas, bem como indenização em caso de invalidez temporária ou permanente ou óbito decorrente do acidente. “O seguro não representa nenhum tipo de custo para os parceiros. O benefício é válido durante o período no qual eles estão logados na plataforma da empresa e também no ‘retorno para casa’ – válido por uma hora e até 30 km do local da última entrega realizada de moto, ou por duas horas e até 30 km do local da última entrega para quem realiza entregas com bicicletas, patinetes ou a pé”, explica.
A respeito das medidas de enfrentamento do Covid-19, foram criados fundos de auxílio financeiro para quem apresentar sintomas ou estiver nos grupos de risco. “Também foi disponibilizado gratuitamente até o final do ano um plano de benefícios em serviço de saúde. Até o momento, foram destinados mais de R$ 25 milhões a essas iniciativas. Em abril, a empresa iniciou a distribuição de EPIs (álcool em gel e máscaras reutilizáveis) em kits com duração de pelo menos um mês. O iFood desenvolveu uma logística específica para retirada desses materiais, para evitar aglomerações. O entregador recebe um convite no aplicativo, como se fosse um pedido, e o deslocamento é pago até o ponto de retirada”, acrescenta a empresa em nota.
A Rappi também explicou que reconhece o direito à livre manifestação pacífica e busca continuamente o diálogo com os entregadores parceiros de forma a melhorar a experiência oferecida a eles. “Antes da pandemia, eram realizados focus groups presenciais e, em virtude do momento, aumentamos nosso time de atendimento, com priorização do contato com o entregador, oferecendo suporte 24×7 por meio do aplicativo. Além disso, a empresa já oferece, desde o ano passado, seguro para acidente pessoal, invalidez permanente e morte acidental; parcerias que possibilitam desconto na troca de óleo, na compra de rastreador de veículos e em estacionamentos de bicicletas próximo a estações de metrô; e inaugurou Rappi Points (bases físicas para descanso, que estão fechadas devido à pandemia). Novos benefícios devem ser adicionados e comunicados em breve”, diz a empresa por nota.
De acordo com a empresa, um dos frutos dessa comunicação foi a criação de um mapa de demanda para ajudá-los a identificar as regiões com maior número de pedidos e orientá-los sobre os locais com melhores oportunidades. “Dados da empresa mostram que cerca de 75% deles ganha mais de R$ 18 por hora, quando ativos em entregas, e quase metade dos entregadores parceiros passam menos de 1 hora por dia conectados no app. Ainda, a Rappi possibilita que os clientes deem gorjeta aos entregadores por meio do aplicativo de forma segura. Entre fevereiro e junho, a empresa identificou um aumento de 238% no valor médio das gorjetas e de 50% no percentual de pedidos com gorjeta. Todo valor pago no aplicativo a título de gorjeta é integralmente repassado ao entregador.”
A empresa também informou algumas medidas tomadas nesses meses de pandemia. Além da compra de álcool em gel de máscaras para os entregadores parceiros, e de um botão no aplicativo para informar sintomas e receber orientações; a empresa criou um fundo para apoiar financeiramente os profissionais que precisem se afastar por suspeita ou confirmação de Covid-19.
Uber Eats e Loggi não responderam até o fechamento desta.