1. Falta menos de um mês para as eleições gerais de 5 de outubro (1º turno), que elegerão com certeza deputados estaduais e federais e os novos senadores da República, podendo ficar para o 2º turno alguns governadores e o presidente da República.
O clima geral do país não tem sido de festa cívica, como em outras ocasiões. A população passa por grandes dificuldades, os especialistas garantem que já estamos em recessão econômica, o PIB é bem inferior ao que se esperava do ano, a inflação assusta quem vive de salário e o pior dos medos, o do desemprego, começa a se fazer presente.
Este que era um ano para ser comemorado, com a Copa do Mundo e o avanço em direção a melhores condições de vida para o povo, rapidamente se transformou em um pesadelo, prevalecendo agora o desejo geral de que termine logo.
A questão, entretanto, não terá fim com o ano. Qualquer que seja o candidato ou candidata que venha a ser eleito ou eleita para a Presidência da República encontrará enormes problemas pela frente. Os entendidos garantem que teremos não apenas um fim de 2014 difícil, como igualmente todo o transcorrer de 2015.
O mercado publicitário brasileiro, para o qual se volta grande parte da proposta editorial do propmark, tem sentido a retração desde a Copa do Mundo, que fez poucos ganharem muito em todo o Brasil.
À diminuição dos investimentos publicitários soma-se todo o cenário econômico-financeiro do país, resultando em um quadro preocupante ao cabo de dezembro.
Nossa intenção aqui não é semear o pessimismo, pois sabe-se que considerável parte desse tipo de dificuldade tende a aumentar quando entra na pauta diária das pessoas físicas e jurídicas do país.
Porém, também não podemos agir como Poliana, fazendo de conta que tudo está bem e que vivemos no melhor dos mundos. Estamos cada vez mais distantes dessa utopia e é curioso como – mais que no resto do mundo – o Brasil é cíclico nessas crises intermináveis.
Acreditamos que a nossa vocação econômica para altos e baixos frequentes merece uma reflexão de todos, em busca do que realmente nos sujeita de quando em quando a esse cenário tipicamente desfavorável e desalentador.
Talvez possamos entender, mergulhando fundo no problema, que há soluções senão para 100% do quadro, ao menos para considerável parte dele.
Já seria um bom começo para reatarmos com o nosso sonho de grande potência, que não é impossível se levarmos em conta nossa posição de sétima economia do mundo.
Essa colocação, bem a propósito, não se coaduna com outros índices por nós produzidos e que nos colocam abaixo de dezenas de pequenos países sem nenhuma vocação para a liderança de blocos econômicos.
Pesquisando melhor sobre essa contradição, pode significar um bom começo para a cura dos nossos males ou perto disso. Sempre se diz que a solução de um problema começa por entendê-lo em sua plenitude.
Voltando às eleições, ganhe quem ganhar, não devemos nos iludir com melhoras significativas. E isso não porque os candidatos não apresentam insuperáveis índices de competência. É que o nosso sistema de representatividade, que deságua em um formato ultrapassado de administração pública, impede melhores desempenhos e tampouco meras tentativas.
Passar o país a limpo não se restringe à troca de pessoas. É muito mais que isso, é substituir modelos hoje ineficazes de gestão, por substitutos mais coerentes com o tempo no qual vivemos.
É oportuno citar aqui o enunciado do príncipe de Falconeri, personagem de “O Leopardo”, de Lampedusa: “Tudo deve mudar para que tudo fique como está”.
Giuseppe di Lampedusa, escritor italiano nascido em 1896 em Palermo e morto em 1957 em Roma, viveu o suficiente os tempos modernos para compreender que o seu personagem interpretava dessa forma a decadência da aristocracia durante o Risorgimento.
2. O Festival do Clube de Criação de São Paulo, que ocorrerá nos dias 20, 21 e 22 deste mês na Cinemateca Brasileira em São Paulo, debaterá importante tema contemporâneo da comunicação do marketing.
Trata-se da questão levantada pelo CCSP em sua campanha para as inscrições destinadas ao Anuário (veiculada em abril): “está fácil ser gênio”. A afirmação origina-se do elogio banalizado e o critério, atrofiado.
No festival, que promete ser quente, a promessa maior é a discussão sobre o tema, desafiando a mesmice e procurando expandir referências. Os organizadores prometem que terminado o evento, poucos sairão achando qualquer coisa genial.
3. A Africa ainda estava comemorando o prêmio de Agência Internacional do Ano, concedido pela Advertising Age há três meses, quando recebe comunicação da principal concorrente americana desta, a Adweek, de que foi uma das dez agências escolhidas pelos seus jornalistas, para compor o grupo das mais criativas do mundo.
Na ocasião em que a Africa recebeu a honraria da Advertising Age, a ESPM prestou-lhe significativa homenagem no seu campus em São Paulo.
Como Nizan Guanaes não pôde comparecer por motivo de saúde em família, ficou de receber conselheiros e diretores da escola em sua casa, o que ocorreu na última semana.
Nessa mesma noite, o anfitrião foi informado da escolha de Adweek.
Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2514 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 8 de setembro de 2014