O GP São Paulo de Fórmula 1, os estádios de futebol cheios de torcedores e a volta dos eventos de grande público trouxeram um alento para todos que já não aguentavam a impossibilidade de vivenciar experiências presenciais. Uma esperança para toda a indústria de eventos, combalida por quase dois anos de atividades suspensas.
O mercado passou a viver uma quase euforia, inclusive com dificuldade em reagrupar os seus recursos humanos, com muitos profissionais tendo bandeado para outras atividades, por uma questão de sobrevivência.
E eis que, no meio desse quadro de esperanças renovadas, surge a tal da Ômicron.
Com a nova cepa, voltam as especulações: é mais contagiosa, mas é menos grave; aumente-se a restrição para a entrada de estrangeiros, principalmente africanos; adie-se a decisão de liberar máscaras; cancelem-se festas públicas de Réveillon; e o Carnaval, será que dá pra liberar?
O efeito colateral dessa nova onda pode ser desastroso para a indústria de eventos, que, depois de quase dois anos de perrengue, está bastante aquecida, já em 2021, e tendo uma perspectiva otimista com relação a 2022.
É claro que não dá para baixar a guarda. Toda e qualquer ameaça de recrudescimento da pandemia deve ser objeto de muita atenção e prevenção.
Mas também é preciso ter serenidade e não adotar medidas intempestivas, exagerando na dose dos cuidados e limitações.
O que parece estar se configurando é que a tal Ômicron, apesar de mais contagiosa, provoca efeitos mais leves e controláveis, principalmente entre vacinados.
A curva de mortes e contaminação no Brasil continua sua lenta, mas consistente, queda. Apesar do atraso inicial, o Brasil recuperou o tempo perdido e tem altos índices de vacinados, o que aparentemente pode gerar uma barreira de proteção contra a nova variante.
Por isso, devemos ter muita calma nessa hora. Fiquemos alertas e prontos para medidas de contenção, mas não nos precipitemos. Não vamos provocar precocemente um novo lockdown dos eventos, que poderia ser fatal para essa indústria fragilizada.
Não ao veto 19/2021 No meio do período de maior provação para a indústria de eventos, o mercado se mobilizou e as associações do setor, lideradas pela Abrape, conseguiram um feito excepcional com a aprovação do Perse – Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos.
O PL 5638/2020 foi aprovado em votações unânimes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Contudo, não obstante o compromisso público do governo federal de criar um novo programa atendendo os pontos vetados no Perse, sobretudo no tocante à desoneração fiscal, tal iniciativa não prosperou após negativa retrocedente do próprio governo (mesmo em um momento em que a estratégia de desonerações a outros setores atinge a marca de R$ 310 bilhões anuais, frente a uma demanda de socorro temporário, que alcançará no máximo R$ 5 bilhões, ao setor mais afetado economicamente pela pandemia).
No momento em que escrevo este artigo é possível que o Congresso esteja votando o veto 19/2021, que envolve os seguintes pontos: Art. 4º – Desoneração fiscal para recuperação de margem na retomada das atividades; Art. 5º – Criação de novas fontes de recursos para cumprimento das disposições do programa; Art. 6° – Indenização com base nos gastos com folha de pagamento aos que tiveram mais de 50% de redução no faturamento, estendendo o braço a quem empregou mesmo no colapso; Art. 19 – Destinação de 3% do produto da arrecadação das loterias para cumprimento das ações do programa, complementando as fontes de compensação.
Fica a esperança de que o Congresso tenha se sensibilizado mais uma vez e derrube o veto.
O setor de eventos precisa da aplicação das medidas aprovadas para poder se reerguer e voltar a gerar riqueza e empregos em todo o Brasil.
Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)