Em artigo para a International News Media Association (INMA), Changhee Park, CEO do Joongang Ilbo, um dos três maiores jornais da Coreia do Sul, falou sobre o cenário da mídia local. Nesse momento, o país enxerga a queda na taxa de pacientes confirmados com Covid-19.

“O medo relacionado ao coronavírus chegou ao clímax há quatro semanas no final de fevereiro. Por dias, quase 1.000 casos confirmados de infecção foram relatados e o número de mortes pelo coronavírus começou a aumentar em meio a relatos de que não havia leitos e respiradores suficientes para lidar com os infectados”, relembrou, em seu texto.

O país vive agora uma segunda onda de preocupação: a de retomar a receita e sobrevivência da indústria.

No caso do Joongang Ilbo, as receitas de publicidade caíram para 10% abaixo da meta do primeiro trimestre. “Isso deve ser recuperável se os negócios voltarem aos trilhos no segundo semestre. Mas isso pressupõe que tudo esteja sob controle na segunda metade do ano”, diz Park.

Para ele, o país talvez tenha que se acostumar a viver com o “novo normal” de viver ao lado do vírus. “Um bloqueio prolongado em todo o mundo pode paralisar os sistemas globais, o que causaria um golpe fatal na sobrevivência da indústria da mídia. É difícil compreender o quão prejudicial seria esse golpe”, analisou.

De agora em diante, ele prevê uma guerra prolongada contra o coronavírus, focada em dinheiro. Gestão é essencial, e Park diz que irá priorizar projetos efetivos, com base na criação de receita. “E estamos desenvolvendo estratégias de marketing personalizadas em antecipação ao consumo pós-Covid-19”. 

“Isto deve passar também. E o mundo encontrará estabilidade novamente. Seul é surpreendentemente calma e a cidade mantém a compostura durante esse período de turbulência. Por isso, dou crédito aos nossos cidadãos”, afirmou.

Park: “estamos desenvolvendo estratégias de marketing personalizadas em antecipação ao consumo pós-Covid-19” Crédito: INMA

Crise

Ilbo conta que, no auge da crise, focou em algumas estratégias: minimizar a probabilidade de infecção entre os trabalhadores.; manter a máxima eficiência nos negócios; e não sobrecarregar o sistema para garantir a sustentabilidade.

A questão do deslocamento, que iria expor os funcionários a risco, seria improvável, mas dezenas de publicações são impressas pela gráfica do JoongAng Ilbo.

Assim, todos os funcionários da fábrica de Daegu decidiram não ir para casa, mas isolar-se nas instalações de impressão. “Em vez de trabalhar em casa, eles escolheram viver no trabalho. Todas as necessidades dessa medida temporária, incluindo tendas individuais para todos os 24 funcionários da fábrica, foram fornecidas. A instalação se transformou em um acampamento improvisado”, relembra o executivo.

Em Seul, as equipes ficaram mais expostas. Assim, Park promoveu uma série de iniciativas: primeiro, verificar as temperaturas de todos que entram no prédio; pessoas sem máscaras não podiam entrar no prédio; botões do elevador foram cobertos com filmes antivírus; e cuidados extra na limpeza e desinfecção do edifício. E os membros da equipe de edição de jornais que precisam trabalhar no escritório foram divididos em duas equipes que trabalham em dois locais separados.

“Nosso objetivo não poderia ser 100% de produção remota, pois isso significaria abrir mão da qualidade e eficiência do processo de produção de jornais”, disse.