A participação de Martin Spier no RD Summit roubou suspiros da plateia depois que ele explicou como a  Netflix, empresa onde trabalha há cinco anos, se relaciona com seus colaboradores. Apesar do nome e sobrenome sugerirem uma nacionalidade estrangeira, Spier é brasileiro, mas mora em São Francisco, nos Estados Unidos. Ele trabalha com performance e é responsável por fazer com que as páginas da plataforma carreguem rapidamente, não travem e funcionem em qualquer tipo de dispositivo.

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Segundo um relatório divulgado recentemente, a Netflix está em 190 países e chegou à marca de 109 milhões de assinantes. Por dia, mais de 125 milhões de horas de conteúdo são assistidas. A empresa surgiu em 1997, com um serviço de aluguel de DVD por correio que nunca chegou ao Brasil. O modelo de assinatura deu início em 1999 e só em 2007 o streaming começou. Com o crescimento, em 2016, a empresa anunciou o “Netflix Everywhere”.

A cultura da empresa, de acordo com Spier, é muito presente na atuação de seus colaboradores. Todos lá trabalham com o poder de decisão. Seja no acesso a tudo que está sendo produzido e desenvolvido, seja na escolha do período e tempo de férias.

“As regras são evitadas se elas não agregam valor. As pessoas vêm antes dos processos, porque você supõe que elas vão fazer o que precisam fazer”, explica Spier. Isso quer dizer que a contratação é levada muito a sério. Na prática, no time, um deve inspirar o outro e as ideias são desenvolvidas em uma velocidade de entrega rápida e eficiente.

Para isso, Netflix contrata apenas as melhores pessoas, e caso elas deixem de ser melhores ou não correspondam mais às suas funções, elas são indenizadas por seu desligamento, abrindo espaço para novos talentos. Spier explica, também, que as remunerações não estão relacionadas às categorias trabalhistas, mas sim ao valor daquele profissional no seu ‘mercado pessoal’. Todos os anos, cada um passa por uma reavaliação de acordo com a sua competência, com as atividades desenvolvidas e ao seu crescimento, promovendo assim o aumento salarial.

“Todo gerente deve se perguntar: você lutaria para manter essa pessoa aqui? Se a resposta for negativa, é preciso rever a colocação dela na empresa. E isso não gera nas pessoas medo de errar, porque só se entregam coisas incríveis tentando, errando e buscando o acerto. Estamos aqui falando de entrega, e isso não está relacionado às horas de trabalho, mas a sua produtividade”, analisa.

Para a Netflix, as regras tiram a liberdade das pessoas e matam a criatividade, e isso faz com que elas limitem aquilo que fazem de melhor. Além disso, acaba com o talento e a flexibilidade da empresa, de acordo com Spier. Por isso, não existe: controle de gastos, aprovação de reembolso e política de férias. As pessoas são responsáveis por agir de acordo com o interesse da Netflix, com contexto e não controle.

“Queremos grandes tomadores de decisão. E se as pessoas não podem fazer isso, elas não podem trabalhar lá. Você não contrata pessoas excelentes para dizer o que elas têm que fazer”, releva Spier. “Eu nunca produzi tanto valor em tão pouco tempo quanto fiz lá. Do lado da empresa, é legal porque aumenta o ritmo de inovação e como conseguimos criar coisas novas. Você consegue ter ideias legais porque você tem mais gente tendo essas ideias e gente excelente, o que aumenta a qualidade”.

O brasileiro disse que isso pode não funcionar para todas as empresas e que não é um modelo a ser seguido. Cada um deve sentir o que faz o seu negócio crescer, mas parece que para a Netflix tem funcionado muito bem. 

O PROPMARK está participando do RD Summit a convite da Resultados Digitais e a cobertura completa estará disponível na edição impressa da próxima segunda-feira (23)