O'Rourke: todos os anos é um desafio manter o prestígio de um prêmio

 

Em 2014, o New York Festivals realizará sua 57ª edição. Nos últimos anos, a organização do evento mudou desde o sistema de julgamento das peças ao troféu que entrega aos vencedores. O objetivo com as mudanças é adicionar mais valor à marca, que disputa espaço com grandes festivais, como o Cannes Lions e o D&AD.

Desde 2011, além da avaliação online feita por cerca de 350 profissionais das peças inscritas, um júri de 30 CCOs (chief creative officers) julga presencialmente, em Nova York, os trabalhos que tiveram melhor nota na rodada online. O julgamento é feito com base nos critérios ideia, relevância para a marca e produção e execução. A forma como o julgamento é feito difere de outras competições: o júri não atua por categoria. Os jurados avaliam todas as peças, de digital a outdoor, algo que confere um senso de unicidade aos vencedores, argumenta a organização. “Todos os anos é um desafio manter o prestígio de um prêmio”, diz Michael O’Rourke, presidente do New York Festivals, acrescentando: “As plataformas mudam e o nosso trabalho é nos manter atualizados. Toda competição é tão boa quanto sua estrutura e seu corpo de jurados”.

O executivo esteve na semana passada em São Paulo conversando com agências brasileiras, que têm aumentado sua participação no evento. No final de dezembro de 2013, o NYF anunciou que seu troféu tinha sido redesenhado pela premiada firma de design nova-iorquina Sagmeister & Walsh. A peça imita um arranha-céu e, em vez de trazer o nome do vencedor incrustado, tem um sistema pouco usual: um projetor na base, ao ser disparado, exibe em superfícies os créditos da campanha vencedora e a peça premiada. O troféu, de certa forma, encapsula o trabalho vencedor. “Depois de 57 anos, mudamos nosso troféu”, pontua O’Rourke. “Queríamos algo simbólico e consistente. Os troféus terão diferentes tamanhos e irão evoluir com o tempo. Ao longo de 10 anos, uma agência premiada diversas vezes terá arranha-céus distintos, formando um skyline único”, projeta.

Numa movimentação audaz, o festival também dará, a partir de 2014, feedback para as agências que não venceram. Sua base de dados exibirá para as agências interessadas em qual critério elas tiveram baixo desempenho. “Isso reforça nosso papel na indústria de oferecer um padrão de qualidade”, ressalta o executivo.

Brasil

O Brasil vem aumentando sua participação no festival e é hoje o que mais inscreve peças da América Latina. O’Rourke, que está há sete anos à frente do festival, esteve pela primeira vez no país na semana passada para “aprender sobre o mercado local” e pela “oportunidade de conhecer pessoas”.

Na edição de 2013, o Brasil teve 69 campanhas no shortlist do NYF e o case “Meu sangue é rubro-negro”, da Leo Burnett Tailor Made para a Hemoba e o Vitória da Bahia, ganhou um Grand Award. “Nos últimos três anos, vimos crescimento da presença brasileira, que tem feito trabalhos notáveis”, observa. Neste ano, Luiz Sanches, diretor-geral de criação da AlmapBBDO, é um dos 30 jurados presenciais.

O Brasil é o sexto que mais inscreve no NYF, atrás de EUA, Alemanha, Reino Unido, Austrália e Japão, mas, em outras premiações, como no Cannes Lions, é o segundo que mais envia peças. Definitivamente, é um mercado cobiçado por festivais. O New York Festivals, que pertence ao International Awards Group, LLC, não divulga número de peças inscritas, o que dificulta mensurar o tamanho da competição frente a outras.

O’Rourke diz que seu trabalho é manter a integridade e a consistência do evento, evitando trabalhos fantasmas. “Somos orgulhosos de sermos um festival verdadeiramente internacional, um show sobre criatividade e integridade”, afirma. A 57ª edição do NYF acontece em 1º de maio, em Nova York.